Marcelo Fluminense aeroporto 09 03 2023Marcelo Gonçalves/Fluminense

Marcelo de volta ao Fluminense e um novo parâmetro: em que nível estamos?

Após 17 anos e uma coleção quase infinita de títulos com o Real Madrid, Marcelo retornou ao Fluminense e ao futebol brasileiro. Foi recebido com grande festa pela torcida tricolor e já traz consigo uma enorme expectativa. Mas o lateral-esquerdo também chega carregando muitas dúvidas: será protagonista? Em qual posição vai jogar? Ainda pode render em alto nível? O que o desempenho de alguém que não tem mais espaço na elite do jogo europeu pode dizer sobre o nível do futebol jogado no Brasil?

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Se por um lado Marcelo é um dos melhores laterais de todos os tempos, por outro está com 34 anos e sua última experiência foi uma decepcionante estadia no Olympiacos, do periférico futebol grego, onde apareceu mais pelas críticas direcionadas à falta de preparo físico. Independentemente de onde estava, Marcelo entra agora no grupo de veteranos que buscam, no crepúsculo de suas carreiras, mostrar que ainda podem ser decisivos no Brasil.

O histórico é longo neste Século XXI. Em 2009, Ronaldo Fenômeno chegou ao Corinthians também convivendo com as críticas em relação à balança, mas foi decisivo e virou ídolo. Ronaldinho Gaúcho alternou encanto e desencanto no Flamengo, mas pelo Atlético-MG reencontrou o seu melhor futebol desde os tempos de Barcelona e também fez história. Um Seedorf quase quarentão fez do Botafogo um candidato ao título brasileiro em 2013. Deco não foi protagonista do Fluminense, mas foi campeão brasileiro, enquanto Roberto Carlos não conseguiu fazer a diferença no Corinthians quando retornou da Europa.

Em anos mais recentes, Freddy Guarín e Maxi López foram importantes dentro de um Vasco cuja única missão era fugir de rebaixamentos. Keisuke Honda e Solomon Kalou foram ex-jogadores em atividade pelo Botafogo em 2020. Filipe Luís mostrou que sua categoria e inteligência podem ajudar a decidir jogos pelo Flamengo. Rafinha também foi engrenagem importante no Rubro-Negro em 2019, mas não apresenta o mesmo brilho agora pelo São Paulo. O mesmo São Paulo que se encheu de expectativas antes de se decepcionar profundamente com Daniel Alves entre 2019 e 2021.

Ou seja, se em temporadas mais distantes o currículo parecia bastar para decidir no futebol brasileiro, os últimos anos mostraram evolução: para brilhar em nosso país é preciso aliar habilidade, preparo físico e jogar em um time bem organizado. Hulk enfileirou títulos no Atlético-MG, mesmo com idade mais avançada, pelo que é como jogador, mas também pela dedicação extracampo e pelo Galo contar com uma equipe forte. Agora, Luis Suárez chegou ao Grêmio e também entra neste debate.

Em relação a Marcelo, as histórias de Filipe Luís e Dani Alves são, respectivamente, motivo de inspiração e alerta. Se o ídolo do Real Madrid se transformar, aos 34 anos, no melhor jogador do nosso país, refletiria um atraso enorme do futebol brasileiro em relação à Europa. Ele pode ter sucesso nesta nova empreitada, decidir alguns jogos e ter lances encantadores, mas o ideal para diminuirmos a distância em relação aos europeus é buscar meios de não ficarmos apenas com as "sobras", o início e o fim, dos nossos melhores atletas enquanto eles vivem seu auge no Velho Continente.

Como fazer isso? É uma tarefa quase impossível porque também envolve dinheiro e a disputa econômica entre América do Sul contra a Europa. Mas não custa nada sonhar.

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