Antoine Griezmann Barcelona 2019Getty Images

Griezmann desdenhou do Barcelona como poucos. E precisa apagar isso

O Barcelona contratou o grande destaque da última final de Copa do Mundo, tirando, ao mesmo tempo, o melhor jogador de um rival direto e demonstrando mais uma vez a sua força no mercado de transferências. Mas Antoine Griezmann não chegou ao Camp Nou carregado nos braços dos torcedores catalães, muitos dos quais mantém certas ressalvas em relação ao francês que foi de ídolo a traidor no Atlético de Madrid.

A desconfiança não é motivada pelas dúvidas sobre como Griezmann, que em seus melhores momentos atuou em funções semelhantes tanto às de Messi quanto de Suárez, pode funcionar taticamente. A principal razão para tamanha falta de euforia foi a recusa anterior do francês, na metade de 2018, quando ao invés de simplesmente ter dito “não” aos catalães, manteve um incômodo mistério para apenas revelar a sua decisão [de não topar a investida] através de um documentário – intitulado “La Decision” e que teve ampla repercussão na emissora espanhola Movistar +.

Talvez nenhum outro jogador tenha negado o Barça de forma tão barulhenta. Nem mesmo o maior ídolo da história do Real Madrid, Alfredo Di Stéfano, fez isso – na verdade chegou até mesmo a acertar com os catalães antes de os Blancos entrarem no caminho, e não teve problemas para vestir a camisa barcelonista em amistoso de homenagem ao amigo Kubala na década de 1960.

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Esta postura, inclusive, motivou as notícias de que o próprio vestiário do Barça não teria aprovado a chegada de Griezmann. Alguns jogadores desmentiram a história, mas isso não quer dizer que ela seja mentira. O próprio Luis Suárez já distribuiu, no passado, algumas patadas em relação ao francês, que inclusive durante sua apresentação reconheceu que podem existir rusgas com as duas maiores estrelas da companhia.

“Problemas? É possível. Mas acho que com as assistências que lhes posso dar resolvemos isso”, disse Griezmann.

Ter jogado no Atleti não influencia tanto

Antoine Griezmann, apesar de ser francês, é revelado pela Real Sociedad e chegou ao Atlético de Madrid na temporada 2014-15, logo após os Colchoneros terem conquistado de forma histórica o título espanhol, além do vice-campeonato na Champions League. Atuando quase sempre como um segundo atacante no 4-4-2 desenhado por Simeone, deu mais qualidade criativa e de definição para os alvirrubros. Esteve a detalhes de ser herói de título em outra final de Champions League, mas desperdiçou um pênalti que seria decisivo na final contra o Real Madrid.

Entenda a "guerra" provocada por Griezmann entre Barça e Atleti

A Europa League de 2017-18 marcou o seu maior feito pelo Atleti, onde tinha grande identificação com torcida e clube. Isso mudou pela forma como se deu a sua ida para o Barça, com o acerto acontecendo ainda durante a temporada, quando havia muita coisa em jogo [inclusive a briga pela liga espanhola contra o próprio Barcelona]. Pelo lado catalão, contudo, identificação prévia com um rival não é problema: em 2015, Arda Turan deixou o próprio Atlético para vestir a camisa blaugrana, meses após ter defendido tão ferozmente o time da capital a ponto de até atirar sua chuteira na direção do bandeirinha, em protesto à arbitragem em duelo decisivo pela Copa do Rei.

A resposta

Apenas jogar bola e dar as assistências prometidas para Messi e Suárez pode não ser o bastante. Se o documentário “A Decisão (em tradução livre)” causou boa parte da falta de euforia por sua chegada, a melhor resposta de Griezmann passa por demonstrar sua qualidade, conquistar o título europeu que não vai para o Camp Nou desde 2015... e criar verdadeiros laços com o seu novo clube.

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