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Pelé 1970 BrasilReprodução

Melhor que Pelé? De Garrincha a Messi, a história da comparação

O título mundial conquistado pela Argentina em 2022, com enorme protagonismo de Lionel Messi, reascendeu de vez a discussão sobre quem foi o maior jogador de futebol de todos os tempos. Se as exibições no Qatar, da estreia até a final, fizeram Messi encerrar a comparação com Cristiano Ronaldo, debates com Maradona, em relação à idolatria dentro da Argentina, e relacionados a Pelé passaram a ser mais abordados.

Messi talvez seja, realmente, o melhor competidor de Pelé na comparação pelo posto de maior de todos os tempos (ou GOAT, se você optar pela sigla usada no acrônimo em inglês). No entanto, falta muita contextualização sobre épocas diferentes e sobra pressa em colocar o craque atual como o maior de todos.

Embora seja o principal competidor nas comparações com Pelé, o rosarino está longe de ter sido o único. Estamos falando de uma história que existe desde o final da década de 1950. Confira, portanto, os craques que já foram comparados a Pelé, que nos deixou no dia 29 de dezembro de 2022, mas segue eterno em nossos corações.

  • Garrincha Pelé Botafogo Santos 1962Reprodução

    Garrincha

    Pelé alçou o seu nome ao estrelato mundial a partir de 1958, quando, ao lado de Garrincha, ajudou o Brasil a conquistar a sua primeira Copa do Mundo.

    No futebol de clubes, o Santos do Rei e o Botafogo do Anjo das Pernas Tortas travaram duelos épicos, mas foi o desempenho de Garrincha na Copa do Mundo de 1962, conduzindo um Brasil sem um lesionado Pelé rumo ao bicampeonato, que motivou as comparações sobre quem era o maior.

    No entanto, a queda do futebol de Garrincha a partir daquele 1962, aliada a recuperação de Pelé em uma nova sequência de grandes títulos pela equipe da Vila Belmiro deram rapidamente a resposta favorável ao camisa 10.

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  • Alfredo Di Stefano Real Madrid 1962Getty Images

    Di Stefano

    O título do Brasil em 1958 deixou os europeus em estado de choque em meio ao futebol jogado especialmente por Didi, Garrincha e Pelé. E enquanto o santista ia acumulando grandes jogos mundo afora, o Real Madrid começava a exibir um declínio no período de auge que durou de 1955 até 1960. Os elogios ao camisa 10 do Peixe iam se acumulando globalmente até surgir a comparação com Alfredo Di Stefano, craque hispano-argentino da equipe madridista que anos antes vinha enfileirando troféus.

    “Pelé é bom? Até alguns anos, Di Stefano foi melhor”, devem ter pensado algum punhado de espanhóis.

    O Santos de Pelé até chegou a enfrentar o Real Madrid de Di Stefano, mas a comparação entre ambos foi diminuindo até praticamente cair no esquecimento após o Mundial de 1970, que consagrou definitivamente o homem de Três Corações como maior da história. O Real Madrid até tentou, mais de uma vez, contratar Pelé, mas não obteve sucesso.

  • Eusébio Pelé Benfica SantosReprodução

    Eusébio

    Quando o Benfica venceu o Real Madrid na final da Copa dos Campeões da Europa de 1962 (atual Champions League), a vitória dos portugueses representou a passagem de bastão de Di Stefano, pelo lado merengue, a Eusébio, jovem craque dos Encarnados.

    O atacante benfiquista rapidamente passou a ser comparado a Pelé, mas a resposta favorável ao brasileiro já começou a ser dada no confronto entre Benfica e Santos, pela Copa Intercontinental daquele mesmo 1962 – sacramentando o primeiro Mundial de Clubes para o futebol brasileiro. Em 1970 e após o Tri no México, assim como citado anteriormente, qualquer tipo de comparação com o Rei havia caído por terra.

  • Maradona Pelé 09042015Reprodução

    Maradona

    Pelé seguia reinando em absoluta tranquilidade no Olimpo do futebol, com inúmeros recordes e três títulos de Copa do Mundo, quando Diego Maradona surgiu como fenômeno da bola. O argentino, inclusive, declarava grande admiração pelo brasileiro. Depois de conduzir a Albiceleste ao título mundial de 1986, Maradona viu o seu status aumentar. Tratado como deus em seu país natal, jogava em uma era em que os seus lances podiam ser mais documentados e acompanhados através de imagens de TV.

    Os anos seguintes à conquista de 1986 foram aumentando um debate forçado muito mais pela idolatria de argentinos, e preguiça de europeus, em relação a Maradona e Pelé. A comparação entre ambos chegou até mesmo a motivar algumas rusgas entre a dupla, que, no entanto, se reaproximou em amizade nos últimos anos de vida de Diego.

  • Ronaldinho Barcelona Real MadridGetty Images

    Ronaldinho Gaúcho

    O século XXI chegou junto da massificação das transmissões de futebol em todo o mundo, seja pela TV até o YouTube e por aí em diante. Os grandes craques do presente tinham todos os seus grandes lances não apenas registrados em imagens, mas prontos para serem vistos a qualquer momento.

    Quando Ronaldinho vivia seu auge no Barcelona, encantando o mundo do futebol e fazendo até a torcida do Real Madrid lhe aplaudir de pé, o Gaúcho chegou a ser comparado a Pelé antes da Copa do Mundo de 2006. Naquele momento estas comparações eram raras – tanto que nem mesmo Ronaldo, o Fenômeno, foi muito comparado ao Rei. Mas a derrocada de R10 naquele Mundial e a grande queda de seu rendimento em alto nível deixaram qualquer comparação com Pelé como apenas uma curiosidade solta no tempo. Na verdade, as melhores comparações neste caso são entre o Bruxo e Garrincha.

  • Cristiano Ronaldo PeleGetty Images

    Cristiano Ronaldo

    Se Pelé somou grandes recordes de gols e enfileirou títulos por seu clube, Cristiano Ronaldo fez o mesmo. Em meio à disputa do português com Lionel Messi para ver qual dos dois era melhor, a sigla GOAT viralizou e a consequência midiática disso foi comparar CR7 a Pelé. A relação entre ambos sempre foi amistosa, mas antes de Cristiano, sempre elogioso ao camisa 10, se credenciar efetivamente para uma disputa com o Rei teria que vencer a comparação com Messi. E isso não aconteceu.

  • 20221221 Lionel MessiGetty Images

    Lionel Messi

    Enfim, um concorrente com o qual a disputa é bem mais acirrada. Lionel Messi quebrou inúmeros recordes e colecionou as maiores taças que o futebol de clubes poderia lhe oferecer. O exagero na comparação com Pelé deu-se por quando o Pulga passou a ser considerado, sempre sob o prisma da imprensa eurocentrista ou pelo fanatismo argentino, o maior de todos os tempos. A conversa começou em meados da década de 2010, quando Lionel claramente ainda estava muito longe do Rei.

    O título mundial pela Argentina, ainda mais pela maneira como foi, elevou Messi a um nível forte dentro desta comparação. Pela primeira vez em muitas décadas podemos dizer que existe, de fato, uma disputa. Mas Pelé ainda possui números consideravelmente melhores em Copas do Mundo. Isso sem falar dos três títulos conquistados.

    Falta ao debate um aprofundamento e contextualização pelas épocas diferentes, especialmente dentro de mídias europeias que ignoram e até ironizam, com absoluta falta de respeito, os feitos de Pelé dentro do futebol de clubes do Brasil. Hoje é mais fácil dizer, sem dúvidas, que Messi é o melhor jogador do século XXI.

    Futuramente, ainda é possível imaginar o nome de Kylian Mbappé adentrando nesta lista se o atacante francês, fã confesso do maior jogador de todos os tempos, mantiver a regularidade de sua carreira até aqui.