Nesta quinta-feira (29), houve a confirmação da morte de Pelé aos 82 anos. O Rei estava internado desde 29 de novembro no hospital Albert Einstein, em São Paulo. A internação aconteceu em virtude de uma infecção respiratória após ele contrair Covid-19 e para a reavaliação do tratamento de um câncer no cólon.
Pelé fez história nos gramados europeus, sempre representando a seleção brasileira e o Santos. No entanto, o Rei do Futebol nunca defendeu um clube da Europa, algo impensável para os dias atuais onde as principais estrelas do jogo duelam no Velho Continente. Olhando o passado com os olhos do presente, é impossível não perguntar: por quê?
Evidente que o maior jogador de futebol da história teve propostas para jogar no futebol europeu. Elas vieram especialmente da Espanha e da Itália. Anos mais tarde, Pelé também revelou ter sido sondado pelo Manchester United no final da década de 1960. A sua permanência no Brasil, e no Santos, tem uma resposta mais rápida e outra um pouco mais longa. Nós vamos entregar as duas aqui.
A resposta mais curta é simples: Pelé não sentia que precisava deixar o seu país para ser mais valorizado e o Santos não queria, de jeito nenhum, vender o mais importante jogador de sua história. E não faltaram ofertas pelo Rei do Futebol. Pouco após o título mundial de 1958, o Real Madrid teria tentado levar o jovem santista para adicionar ainda mais talento à equipe que dominava as provas europeias.
As notícias envolvendo o interesse do Real Madrid em Pelé retornariam na década de 1960 e, segundo revelado pelo próprio em sua autobiografia, já na reta final de sua carreira, no período entre a sua saída do Santos e chegada ao NY Cosmos. Os madridista ficaram só na vontade.
Arquivo Santos FCAlém do Real Madrid, a trinca de gigantes italianos, Juventus, Milan e Internazionale de Milão, também tentou algumas vezes a contratação de Pelé. No livro “Bola Fora”, escrito pelo jornalista Paulo Vinícius Coelho, diz-se que o Milan tentou contratar o Rei em 1963. Já em sua autobiografia, o próprio Pelé relembra de propostas feitas pelos presidentes de Inter de Milão e Juventus, em diferentes períodos de sua carreira – a Juve chegou a disputar com o Real Madrid a assinatura do craque nos anos 70, antes de Edson Arantes do Nascimento optar pelo NY Cosmos, dos Estados Unidos.
Mas a resposta do porquê Pelé nunca jogou em um clube europeu só pode ser dada se olharmos o futebol do passado sem as lentes do presente. O contexto era outro. O Brasil vivia sua época dourada no futebol de clubes. Era mais comum ser convocado para a seleção jogadores que atuavam no Brasil e a seleção era o principal, o suprassumo máximo que ajudava na construção da marca pessoal de cada atleta. Junte a esta questão esportiva, que só começaria a mudar a partir dos anos 1980, com os bons contratos que Pelé tinha no Brasil e está explicado: Pelé não jogou na Europa porque não tinha necessidade, tanto financeira ou esportiva, para jogar por um clube europeu.
