Juventus Napoli CelebrateGetty

Título italiano lava a alma do Napoli após idas e vindas com Maradona e traumas históricos

Conquistar um grande título após mais de 30 anos será sempre motivo para comemorações emocionadas. No caso do Napoli, que sacramentou matematicamente a sua terceira conquista de Campeonato Italiano após 33 temporadas, é daqueles eventos que lavam a alma do torcedor. Afinal de contas, a espera não foi marcada apenas pelo jejum em si. Foram muitas decepções desde o Scudetto de 1990, ainda tendo Diego Maradona como jogador, até o triunfo histórico da equipe treinada por Luciano Spalletti. Traumas que uniram diferentes gerações até a tão esperada apoteose de 2023.

Os lamentos mais recentes foram os “quases”. Sob o comando de Maurizio Sarri, os napolitanos pontuaram como jamais haviam feito na Serie A do Calcio. Foram 82 pontos em 2015/16, 86 pontos em 2016/17 e incríveis 91 em 2017/18. Mas nestes anos quem ficou com o Scudetto foi uma Juventus invencível dentro das fronteiras italianas. A Velha Senhora, arquirrival do Napoli, teve neste período um domínio jamais antes visto na história do futebol no País da Bota. Um sentimento especial de dor, contudo, ficou reservado a 2018, quando o título dos sulistas parecia ganhar contornos de realidade após uma vitória nos acréscimos sobre a Juve, antes de uma surpreendente derrota por 3 a 0 para a Fiorentina, logo na rodada seguinte, ter mudado tudo.

Mais artigos abaixo

Mas só o fato de ter retornado à briga pelo Campeonato Italiano já foi uma grande conquista, se comparado às décadas anteriores. Depois de ter sido rebaixado à segunda divisão em 1997/98 e depois em 2000/01, o Napoli declarou falência, deixou de existir por um período, até ser comprado pelo produtor de cinema Aurelio De Laurentiis e refundado para reiniciar sua história na Série C. Os acessos vieram e o clube retornou à elite em 2007. Os três títulos de Coppa Italia que vieram desde então alimentaram o orgulho napolitano, após este período nas sombras, e eternizaram novos ídolos – como Edinson Cavani, Lavezzi, Lorenzo Insigne, Marek Hamsik e Dries Mertens. Mas havia sempre no horizonte o sonho de repetir o feito que apenas os times de Maradona, em 1987 e 1990, conseguiram.

Khvicha Kvaratskhelia NapoliGetty

Apenas um louco poderia imaginar que este sonho se transformaria em realidade em 2022/23. Quando Luciano Spalletti iniciava o planejamento da pré-temporada, torcedores protestavam veementemente contra a expectativa de uma campanha fraca. Kim Min-jae contratado para dar segurança defensiva? Quem é Khvicha Kvaratskhelia, um desconhecido no desconhecido futebol da Geórgia, que também chegou como reforço enquanto o ídolo Lorenzo Insigne deixava a sua casa para jogar no Canadá? Resumindo a história que seria escrita nos meses seguintes, basta dizer que Kvaratskhelia ganhou o apelido de Kvaradonna. A referência é feita em tom humorístico, mas passa todo o recado.

Independentemente dos impressionantes feitos de Kvaratskhelia, Victor Osimhen e companhia, a única certeza em Nápoles é que ninguém tira Diego Maradona do panteão supremo de idolatria do clube. E a própria relação entre os napolitanos e Maradona também retratou a história de drama e decepções em meio ao jejum de títulos de Campeonato Italiano. Imagine só ver o seu maior ídolo deixar o seu clube brigado com a instituição? Diego deixou o Napoli em 1991, após acusar positivo no exame antidoping para cocaína. A sua saída, como vocês puderam ler nos parágrafos acima, deram o start para a queda do Napoli.

Napoli fansGetty

Maradona deixou este plano em novembro de 2020, mas jamais deixará o imaginário de Nápoles e do Napoli. O eterno camisa 10 se fez presente na campanha dando nome ao estádio do clube. A espera acabou, enfim, e com seis rodadas de antecedência. Após décadas de sofrimentos e decepções, a explosão de felicidade tem a intensidade de uma erupção do vulcão Vesúvio.

Publicidade