A edição de 2020 da Goal 50 foi revelada nesta terça-feira (10), com Cristiano Ronaldo terminando na quinta colocação.
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É uma posição alta, claro - mas a menor do atacante desde 2010, quando terminou em nono.
Entre outras coisas, este fato evidencia a incrível consistência de Cristiano Ronaldo na última década. Entre 2011 e 2018, o craque nunca ficou fora do pódio, além de ter vencido a premiação por quatro vezes.
Cristiano Ronaldo, inclusive, fez história em 2017, se transformando no primeiro jogador a conquistar a honraria por dois anos consecutivos - e só não foi tricampeão em 2018 devido ao ano excelente de seu companheiro de Real Madrid, Luka Modric.
O atacante da Juventus, entretanto, caiu para quarto lugar em 2019 e para quinto neste ano.
Será que é o começo do declínio de um dos maiores jogadores da história do futebol? O craque de 35 anos finalmente está começando a desacelerar?
Ele ainda está fazendo história, é claro.
Na última temporada, Cristiano Ronaldo marcou por 11 vezes consecutivas na Serie A e igualou os números de Gabriel Batistuta e Fabio Quagliarella, conquistando outro recorde. Além disso, teve a temporada mais goleada de qualquer atleta na história da Juve, com 37 gols em 46 jogos.
Até agora, já balançou as redes 70 vezes em 93 partidas pela Juventus em todas as competições. É uma média de gol que qualquer jogador no planeta teria inveja.
GettyCristiano, entretanto, está acostumado a mais. Nós estamos falando de um atacante que marcou 450 gols em só 438 jogos pelo Real Madrid, uma média inacreditável.
No total, passou de 50 gols em seis temporadas consecutivas no Santiago Bernabéu. Em seu último ano, inclusive, em 2017-18, teve média de um gol por jogo, tendo marcado 44 vezes.
15 desses tentos vieram nas 13 partidas do clube pela Liga dos Campeões, fator chave que levou o Real Madrid a levantar o troféu pelo terceiro ano consecutivo.
Desde a chegada a Itália, entretanto, Cristiano ainda não conseguiu repetir tais feitos.
A Juventus conquistou dois títulos consecutivos do Campeonato Italiano, sim, mas eles já não servem mais para um clube que já havia levantado a taça nos últimos sete anos antes da chegada do português. O objetivo sempre foi a Liga dos Campeões, troféu que ainda escapa Cristiano e a Velha Senhora. O Capocannoniere (prêmio para o artilheiro da Serie A), também, não chegou.
Após uma disputa com Ciro Immobile na última temporada, o artilheiro da Lazio terminou na frente, com 36 gols - sendo 14 destes marcados em cobranças de pênalti. Cristiano, enquanto isso, ficou na segunda colocação, com 31 gols - 12 deles de pênalti.
É claro que o apelido "Penaldo" é completamente ridículo, mas não é mentira que os números do português na Juventus foram amplificados pela sua capacidade em cobranças de pênalti.
Praticamente um terço dos gols desde sua chegada a Turim foram marcados (31,4%) numa distância menor do que a marca de pênalti até as traves. Robert Lewandowski, vencedor da Goal 50, por exemplo, marcou 37 gols a mais do que Cristiano desde o começo da temporada 2018-19, mas converteu cinco pênaltis a menos.
Isso é culpa sua, porém? Sua média de gols por jogo vem caindo por causa de sua idade? Ou porque está jogando em um time inferior?
Antes do confronto da equipe italiana com o Dínamo de Kiev, o lendário treinador romeno, Mircea Lucescu, foi perguntado sobre as constantes comparações entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi.
"São grandes jogadores, mas muito diferentes." contou o romeno ao site oficial da Uefa. "Messi é um jogador pequeno que é excepcional mesmo tendo pouco espaço, devido à sua aceleração, drible, esse tipo de coisa."
"Ronaldo é um tipo diferente de jogador: é mais mortal, mas precisa de mais espaço. Ele precisa de ajuda de seus companheiros de equipe. Messi consegue decidir partidas sozinho com mais facilidade."
Messi não pode fazer tudo sozinho, é claro; algo que fica evidente se analisarmos a última temporada do Barcelona - e o argentino também está cada vez mais dependente de penalidades para marcar neste ano.
A genialidade do argentino, porém, ainda o levou para o pódio na última edição do Goal 50, tendo carregado uma equipe desbalanceada e um clube em crise para as quartas de final da Liga dos Campeões.
A Juventus de Cristiano, enquanto isso, caiu nas oitavas de final pela segunda temporada consecutiva. Os Bianconeri nunca pareceram os favoritos para conquistar a Champions, o que significa que o português nunca foi o favorito para levar a Goal 50.
Não é como se o craque estivesse decepcionando, de maneira nenhuma. O atacante realmente não foi tão bem na fase de grupos da última temporada da Champions, mas não pode ser o culpado pela Juve ter caído nas oitavas de final nas últimas duas temporadas.
Na verdade, é bom relembrar que Cristiano marcou absolutamente todos os gols da equipe italiana na fase de mata-mata desde que chegou em Turim em 2018.
A esperança era de que as mudanças radicais realizadas pela diretoria da Juve fariam o time menos dependente de Cristiano e colocariam a equipe numa posição melhor para conquistar sua primeira Champions desde 1996, com a lenda Andrea Pirlo chegando para substituir Maurizio Sarri como treinador. Os primeiros sinais, entretanto, não são positivos.
Neste começo de temporada, a Juve vem sofrendo com má sorte: são muitas lesões e atletas testando positivo para Covid-19. Cristiano Ronaldo, Giorgio Chiellini, Alex Sandro e Matthijs de Ligt, por exemplo, todos ficaram de fora do que foi uma derrota perigosa para um time medíocre do Barcelona pela Liga dos Campeões.
Mas é difícil não ser crítico do esquema tático que Pirlo vem utilizando em Turim. O novo treinador afirma ter montado um estilo fluido em sua equipe, com liberdade de movimentação para os jogadores. Neste momento, porém, qualquer adversário de qualidade parece apenas confundir a Velha Senhora.
Alvaro Morata, de volta, está marcando gols novamente, mas ainda não está claro o que Pirlo pretende fazer com o melhor jogador da Juventus na última temporada, Paulo Dybala, ou então com novas caras como Dejan Kulusevski e Fede Chiesa, ao passo que o meio de campo ainda parece um problema tão grande quanto foi com Sarri.
Existem até motivos para otimismo, mas ao mesmo tempo, muitos e muitos questionamentos. De certa maneira, Cristiano se encontra em uma situação parecida com a de Messi, seu grande rival, no Barcelona: mostrando sinais de declínio e comandando um time em transição, com um elenco remodelado.
Pirlo, assim como Ronald Koeman no Camp Nou, precisará de tempo e paciência. Cristiano, entretanto, não oferece nenhum dos dois. No terceiro ano de seu contrato de cinco temporadas na Juve, não garantiu que ficará em Turim até o término do vínculo.
Assim, não foi nenhuma surpresa que o craque estava tão desesperado para retornar - após ter testado positivo para coronavírus - que acabou se irritando e criticando publicamente os protocolos de teste. O português sabe que Pirlo e a Juve tem poucas chances de vencerem a Serie A - e principalmente a Liga dos Campeões - sem ele.
Cristiano não demorou até fazer sua presença valer. Em seu primeiro jogo de volta, diante do Spezia, marcou duas vezes após sair do banco de reservas numa boa vitória para os Bianconeri.
"Ronaldo está de volta," declarou o jogador após a vitória. "e isso é o mais importante." Para a Juventus, não é mentira. Em um período preocupante, Cristiano Ronaldo é garantia de gols.
A questão agora é se o jogador conseguirá ou não manter uma boa média de gols durante a temporada.
Isso é o que será necessário para a Juventus ter uma chance de vencer a Liga dos Campeões. E para Cristiano recuperar sua coroa de melhor do mundo na Goal 50.

