John Textor Botafogo 11 01 2022Foto: Vitor Silva/Botafogo

Clube-empresa no futebol: as dúvidas e diagnósticos das SAF’s no Brasil

O futebol brasileiro está vivendo um momento de transformação. Depois que a Lei 14.193/2021 foi promulgada no ano passado, os clubes interessados a entrar neste modelo e virarem empresas começaram a se movimentar.

Dentre eles, três gigantes do nosso esporte saíram na dianteira: Botafogo, Cruzeiro e, mais recentemente, Vasco da Gama.

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Nós já tínhamos experiências como a do Red Bull Bragantino, claro, mas agora ninguém duvida: começou a era SAF no futebol brasileiro.

Mas o que é SAF?

A sigla significa Sociedade Anônima do Futebol. Na prática, uma SAF é um clube-empresa que dá garantias legais aos diferentes tipos de aportes financeiros feitos pelos investidores desta mesma SAF.

Quais clubes aderiram à SAF?

Dentre os maiores clubes do Brasil, Cruzeiro, Botafogo e Vasco são os mais conhecidos a decidirem por este caminho. No entanto, há diferenças no estágio em que cada um destes projetos se encontra.

Botafogo na dianteira

Levando em consideração os três gigantes que aderiram pela SAF, neste momento apenas o Botafogo já completou todos os processos legais que existem desde o interesse de compra da SAF até a assinatura em definitivo do contrato. No último dia 3 de março, o empresário John Textor virou, pra valer, dono de 90% do futebol alvinegro. E já começou a trabalhar para reforçar o atual elenco botafoguense.

No Cruzeiro, que encaminhou sua venda para Ronaldo Fenômeno, o momento ainda é do chamado Due Diligence – que nada mais é do que um estudo ainda mais aprofundado, feito para o investidor, sobre o investimento que poderá ser seu. Segundo apurado pela GOAL, a expectativa da assinatura final entre Ronaldo e Cruzeiro é para a segunda semana de abril.

Já no Vasco a situação ainda está bem mais no início. O clube sequer criou a sua SAF: para isso ainda precisa que a questão seja aprovada pelo seu Conselho Deliberativo e, depois, por sua Assembleia Geral. Entretanto, o Gigante da Colina já encontrou um comprador interessado. A empresa 777 Partners assinou um acordo não-vinculante e já emprestou R$ 70 milhões para o clube acertar pagamentos e deixar a casa em ordem. Depois que conseguir aprovar a criação de sua SAF, o Vasco precisa fazer o acordo vinculante, passar pela Due Diligence e aí sim assinar o acordo definitivo com o grupo empresarial.

Quais são as diferenças nos acordos?

Tanto Botafogo quanto Cruzeiro negociaram 90% de sua SAF com os respectivos empresários. Os outros 10% ficam com a associação do clube.

Em relação ao Vasco, o acordo com a 777 Partners foi por 70% da SAF cruz-maltina, com a associação Club de Regatas Vasco da Gama ficando com os demais 30%.

Qual clube é mais caro? As vendas estão a “preço de banana”?

Em meio às vendas das SAF’s, tem sido lugar comum ver comentários criticando os valores envolvidos. Presidente do Athletico-PR, clube que também possui interesse em entrar na realidade dos clubes-empresas, Mário Celso Petraglia disse que os clubes estão se “entregando a investidores por preços absurdamente baixos”.

Mas não é assim que funciona.

A verdade é que, além do dinheiro para investimento em jogadores e infraestrutura, os donos acabam comprando o valor da dívida dos clubes. Desta forma, a conclusão é que 90% das SAF’s de Botafogo e Cruzeiro custaram cerca de R$ 1 bilhão, que é o valor aproximado das dívidas destes clubes. Já o Vasco acordou a venda de 70% de sua futura SAF por R$ 700 milhões – que também é o preço de sua dívida.

Claro que, além disso, ainda existe a promessa de investimento em infraestrutura, inteligência e, claro, jogadores que possam tornar estes três gigantes novamente competitivos no mais alto nível.

Que venha a Era das SAF’s.

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