Para o bem ou para o mal, 2023 do Botafogo termina contra o Red Bull Bragantino na pré-Libertadores

Em meio à sua Via Crúcis do final de outubro até dezembro de 2023, os alvinegros não viram escorrer pelos dedos apenas o tão sonhado título brasileiro, que parecia ser mera formalidade: conseguiram, com uma série de 11 jogos sem vitórias, perder também a vaga direta para a fase de grupos da Libertadores de 2024.

Estar na disputa da pré-Libertadores, portanto, foi uma espécie de herança maldita pelo sonho transformado em pesadelo. Sendo pragmático ao máximo: o Botafogo já estaria na fase de grupos se tivesse sido campeão, mas a grande consequência da derrocada de 2023, em termos de calendário, foi ter que disputar a fase pré do torneio continental.

E esta missão teve seu capítulo final em Bragança Paulista. O Botafogo tinha a vantagem do empate após a vitória por 2 a 1 sobre o Red Bull Bragantino, em sua casa, um resultado construído basicamente graças ao brilho individual de um Júnior Santos na melhor fase de sua vida. O camisa 11 voltou a fazer gol, os alvinegros seguraram a pressão do Bragantino mesmo com um jogador a menos e o 1 a 1 serviu para levar a Estrela Solitária de volta à fase de grupos da Libertadores.

O Anjo das Pernas Confusas, ou Jacaré ou Raio, foi um dos raros jogadores que se salvaram em meio a tudo o que aconteceu no Botafogo entre outubro e dezembro da última temporada. Enquanto o time ia se esfacelando em gramados reais ou artificiais, Júnior Santos continuava sendo decisivo.

A primeira consequência de 2023 no Botafogo foi o início de um grande processo de reformulação do elenco para 2024. O Alvinegro foi um dos clubes mais ativos no mercado de transferências. Contratou em quantidade, em qualidade e também escreveu um capítulo na história ao fazer de Luiz Henrique a contratação mais cara do futebol brasileiro, em todos os tempos, se considerarmos os valores absolutos.

Muitas chegadas e também muitas saídas. Nomes conhecidos, entre titulares ou peças importantes daquele elenco, deixaram o clube. Lucas Perri, Adryelson, Víctor Cuesta, Di Plácido, Luís Henrique, Gabriel Pires, Carlos Alberto, Philipe Sampaio, Segovinha, Diego Costa e Victor Sá foram alguns dos nomes mais conhecidos de 2023 que (por razões diferentes) não seguiram no Botafogo em 2024.

A chegada de muitos rostos novos e a saída de muitos velhos conhecidos são um testemunho do tratamento de choque feito pelo clube para, de alguma forma, buscar fechar a ferida que ainda estava aberta nas primeiras semanas de 2024.

Só que o discurso do técnico Tiago Nunes trazia o 2023 de volta em todos os momentos. Os resultados obviamente não vinham ajudando, e se hoje o Botafogo mais uma vez se vê fora das semifinais do Campeonato Carioca é muito por causa da continuidade de Tiago para o início de 2024.

O crepúsculo de Tiago Nunes pelo Alvinegro foi no encontro com o Aurora, com uma expulsão boba e um empate inacreditável decretando a sua demissão na estreia botafoguense na pré-Libertadores.

Na volta, já sob o comando do interino Fábio Matias, o Botafogo reencontrou o Aurora e -- por que não? -- a aurora: os 6 a 0 marcaram a maior goleada do clube em sua história na Libertadores e fizeram torcedores se darem “Feliz ano novo!” nos corredores do Nilton Santos.

A ferida de 2023 começou a fechar definitivamente ali, mas o capítulo final foi o jogo derradeiro da pré-Libertadores. Com um a menos, e sem tomar gol no finalzinho da partida, o Botafogo vai disputar a Libertadores e enfim tem pela frente a temporada 2024: com elenco bastante reformulado e um técnico novo.