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GFX Botafogo derrocada 2023GOAL

Botafogo de 2023 fez a torcida sonhar, mas talvez tenha tirado para sempre a possibilidade de voltar a acreditar

O futebol é movido por sonhos. E depois de décadas, em 2023 o Botafogo fez o seu torcedor voltar a sonhar. A equipe, inicialmente treinada por Luis Castro, começou o Brasileirão de maneira sensacional: voou para a liderança e foi criando grande vantagem no topo. Castro saiu, mas a vantagem até cresceu na interinidade de Claudio Caçapa e no início do trabalho de Bruno Lage. Chegou a 13 pontos. Mas o roteiro de sonhos virou o mais cruel dos pesadelos.

A vantagem de 13 pontos não apenas derreteu. Foi perdida com requintes de crueldade – até mesmo para os parâmetros botafoguenses. Depois de ter feito o melhor primeiro turno da história do Brasileirão, o Botafogo tem uma das piores campanhas da segunda metade da competição.

No espaço de um mês, o time que precisava de quatro vitórias para encaminhar o título não venceu nenhuma vez. E o pior foi o roteiro das partidas, escrito com o intuito de torturar qualquer botafoguense. A perda do título não gera apenas uma frustração a um torcedor sofrido, mas o machuca de forma mais dolorosa até do que rebaixamentos. Uma cicatriz que promete estar presente durante um bom tempo.

  • Botafogo PalmeirasGetty Images

    Está vencendo por 3 a 0? Por 3 a 1? Não importa...

    As históricas viradas por 4 a 3 sofridas contra Palmeiras e Grêmio, outros postulantes ao título enfrentados pelo Botafogo, vão tirar do alvinegro qualquer tipo de tranquilidade que um placar futuro vier a lhe ocorrer. O suspiro do alívio só virá em um eventual 3 a 0 aos 43 de um segundo tempo futuro? É mais ou menos por aí. Não haverá mais vantagem tranquila que não venha acompanhada do pensamento sobre os traumas de 2023.

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  • BotafogoGetty Images

    O jogo só acaba quando termina

    Outra chaga a ser carregada como uma assombração é o de levar gols de empate ou de derrota no último lance. O Palmeiras fez o gol do 4 a 3 a segundos do sopro final do apito, e semanas depois o Red Bull Bragantino impediu a vitória botafoguense ao fazer 2 a 2 também nos acréscimos do segundo tempo. Mesmo roteiro do 1 a 1 contra o Santos.

    A situação mais surreal foi no empate contra o Coritiba. Enfrentando um time já rebaixado, um desinteressado e cabisbaixo Botafogo conseguiu fazer um gol no que parecia ser o último lance: pênalti convertido por Tiquinho Soares aos 97 minutos. Um 1 a 0 que encerraria a sequência de quatro derrotas e quatro empates nos jogos anteriores, para manter os alvinegros firmes na perseguição ao líder Palmeiras? Que nada. O Coritiba empatou logo na jogada seguinte, esta sim a última da partida, aproveitando desatenção comum no sistema defensivo botafoguense.

  • Botafogo x Bragantino, Brasileirão 2023Getty Images

    Como comemorar uma liderança futura?

    Depois de fazer a torcida vibrar e sonhar, o time de 2023 do Botafogo parece ter arrancado o direito que seu torcedor tem de acreditar. Pensemos nos próximos Campeonatos Brasileiros: o time alvinegro mostra bom futebol, consegue boas vitórias e sobe para o topo da tabela. Como o botafoguense vai poder sonhar com título, ficar feliz ali pelo momento, se 2023 já vai pairar seu pensamento como uma sombra? Qualquer cobertura feita na imprensa tradicional também virá acompanhada de uma eterna desconfiança.

    Pensemos em uma final de campeonato, ou uma disputa de mata-mata: o Botafogo abre 3 a 0 ou 3 a 1... como não evocar os traumas contra Palmeiras e Grêmio? O Botafogo consegue um golzinho precioso no final? Como não imaginar que a bizarrice vista no Couto Pereira, contra o Coritiba, não pode acontecer de novo, se o raio acerta o Botafogo tantas e tantas vezes, repetidamente?

  • Jogadores do Botafogo após derrota para o Corinthians, pelo Brasileirão 2023Getty Images

    Chamem um exorcista

    A solução para este mar de sensações pessimistas parece, também, residir em uma das características mais comuns do botafoguense: a teimosia. Torcedor de futebol é apaixonado, e por mais machucado que esteja, uma hora ou outra vai querer, nem que por obrigação dele próprio, acreditar. Cabe agora ao Botafogo, como SAF/clube, aprender com os erros para exorcizar todos os fantasmas nos próximos anos. Não será tarefa fácil.

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