Saída de Evanilson nos lembra: Brasil é vitrine, campeonato de aspirantes

Via de regra, o Campeonato Brasileiro segue essa rotina. Quando um jogador jovem parece ser mesmo bom de bola, das duas, uma: ele está prestes a tomar o avião para o futebol estrangeiro ou então já está recomeçando a carreira depois de algum tempo lá fora - e a qualquer momento pode partir de novo. São raros aqueles que atravessam várias temporadas em grande forma, física e técnica, atuando na Série A do Brasil, e fazem daqui realmente seu lugar no mundo.

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Clubes com maior estrutura financeira conseguem agir bem nas duas frentes, tanto com maior poder de barganha e menos pressa nas vendas, quanto na capacidade de contratar bons jogadores, caros, sem tanto espaço na Europa. O Fluminense atual é o oposto. Não só não consegue segurar seus talentos como não tem recursos para trazer grandes nomes do mercado.

A saída do atacante Evanilson antes da nona rodada do Campeonato Brasileiro, logo a do encontro diante do maior rival, é a síntese do nosso futebol. A Série A é um campeonato de aspirantes. Sempre haverá algo melhor lá fora para interromper os planos dos times e elencos, seja esportiva ou financeiramente. Na maioria dos casos uma articulação voltada para a venda, em que as grandes camisas são apenas a exposição necessária para o negócio se confirmar.

Evanilson durou 20 e poucos jogos no time profissional do Fluminense e acaba de ser contratado pelo Porto. Titular nesta temporada, mostrou qualidade como centroavante e marcou gols importantes contra Vasco, Flamengo, Palmeiras, com qualidade para ganhar duelos com zagueiros Brasil afora. Mas aos 20 anos é mais um atleta formado em Xerém que será lembrado por um impacto rápido e uma saída para brilhar em outros campos.

No ano passado foi João Pedro: apareceu no time de cima ainda aos 17 anos, foi bem, mas já estava vendido ao Watford. Antes, Gerson e Pedro foram negociados com o futebol italiano, Kenedy viajou para a Inglaterra, Wendel foi para Portugal, Marlon saiu para a Espanha... é grande a lista dos exportados pelo Flu.

O caso de Evanilson é ainda mais simbólico porque ele pertencia oficialmente ao Tombense, do empresário Eduardo Uram, que assinou com o jogador no ano passado, mas o liberou por empréstimo para o próprio Fluminense. Se o time carioca antes era dono de 60% dos direitos do atacante, passou a ter apenas 10%, mais 20% pela chamada taxa de vitrine.

O termo é até irônico, mas é esse mesmo: vitrine. Ou seja, formou o jogador desde os 14 anos e ficará com apenas 30% do desembolsado pelos portugueses. O clube ainda informou que seguirá com 6% dos direitos sobre o percentual do Tombense, em caso de uma futura venda.

Com a saída da principal referência na frente, vem o segundo ponto do problema, a força para ter um elenco qualificado. Sem Evanilson, o técnico Odair Hellmann tem outros dois centroavantes no plantel, ambos longe de estarem correspondendo minimamente neste momento: Felippe Cardoso, que chegou a ser tratado como negociável, e Fred, que jogou pouco nesta temporada e tinha acabado de dizer publicamente que teria um retorno gradual ao time após sofrer uma lesão na coxa.

Mas a roda segue girando, e o Fluminense já tem um novo nome para seguir com sua impressionante formação de jogadores. No mesmo dia em que foi confirmada a saída de Evanilson, o clube renovou o contrato de Luiz Henrique, de 19 anos, até setembro de 2025. Ele estreou no time principal em agosto desde ano. Se for mesmo bom de bola, difícil imaginá-lo por muito tempo no Brasileirão.

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