Consegui assistir a alguns jogos da Uefa Champions League feminina em 2022. Pelas quartas de final, vi o Arsenal enfrentar o Wolfsburg no Estádio Emirates, em Londres; uma semana depois, fui para Barcelona ver o El Clásico contra o Real Madrid no Camp Nou. E agora ainda estou assimilando tudo o que vivi na final entre Barcelona e Lyon em Turim, na Itália.
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Conversando com as Dibradoras Angélica e Nina - nossas parceiras na cobertura -, a sensação foi de dever cumprido. Pela cidade, havia anúncios em praças, pontes, pontos de ônibus e nos próprios veículos anunciando a final. Os torcedores que chegaram à cidade na véspera da partida sentiam na hora: estavam na sede de uma final de Champions League. E o fato de ter transmissão em português e uma cobertura dedicada deixaram o sonho mais possível para o público brasileiro.
O Lyon voltou a se colocar no topo do futebol europeu. Mesmo após um período de baixa e a badalação do Barcelona, o time francês mostrou que ainda sabe como vencer uma Champions. E não é por menos. O time é capitaneado por Wendie Renard, que já jogou DEZ finais e venceu OITO, realmente tem a experiência em seu favor.
Getty ImagesE é o fator campo que tem que ficar em evidência. Em um jogo com golaços, grandes jogadoras e 90 minutos de ação, o espetáculo correspondeu às expectativas de quem viajou de Lyon e Barcelona para assistir à partida. Só da torcida do Barcelona, 37 ônibus partiram do Camp Nou para a final. Eles fizeram a festa e aplaudiram, mesmo após o time do Barcelona sofrer três gols em 33 minutos, e foram à loucura com o gol de Alexia Putellas.




Ter a volta de Ada Hegerberg após meses parada por uma lesão foi fundamental para encaixar o time das leoas no torneio. A equipe comandada por Sonia Bompastor foi para cima do Barça, acostumado a dominar as partidas e manter a posse de bola para fazer uma temporada quase perfeita. No entanto, o Lyon entrou em campo com uma marcação avançada e não deu espaço para as adversárias passarem a bola. E, numa mistura de sorte com visão de jogo, Amandine Henry abriu o placar com um gol espetacular.
O próprio Jonatan Giráldez afirmou que o time do Barcelona ficou perdido depois do gol. E esse foi o principal problema: a equipe não se recuperou a tempo, sofrendo o segundo e o terceiro gols em menos de 30 minutos. “Sabíamos que a chave para o jogo era controlar as transições delas e por alguns minutos não conseguimos fazer isso. Tentamos empatar rápido, mas perdendo por 3 a 1, estávamos muito atrás”, afirmou após a partida.
GettyJá Sonia Bompastor - que fez história ao se tornar a primeira mulher a conquistar uma Champions como jogadora e treinadora - admite que exige bastante de suas jogadoras, mas que o principal mérito é delas. “Não sou eu que tenho que estar em evidência, são as minhas jogadoras e a minha equipe.”
O mérito dessa temporada da Champions League foi, obviamente, muito além do campo. Mas para aqueles que se interessaram e escolheram assistir aos jogos encontraram boas partidas. Os três jogos que eu assisti in loco (e vários que assisti online pelo DAZN) exibiram qualidade tática e técnica, atletas em seu auge físico e lances que poderiam facilmente ser pendurados em museus.
Essa temporada da Campions League feminina realmente vai ficar para a história por vários motivos extracampo, mas não se pode nunca esquecer que, primeiramente, estamos vendo um futebol de altíssima qualidade dentro dele. O produto é atrativo. São treinadores e treinadoras extremamente competentes, um formato novo que valorizou a competição e um impacto real não só no continente, mas em todo o planeta.
Por isso, toda semana voltamos a falar sobre futebol feminino. Não porque é uma história bonitinha, mas sim porque é futebol. E nós amamos futebol.
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