As pessoas querem ver futebol feminino. Cada vez mais, emissoras de TV, serviços de streaming esportivo, canais da Twitch e até pais de jogadoras de categorias de base têm transmitido partidas, debates e conteúdos sobre a modalidade. Após o fim da temporada europeia em maio, com a final da maior Uefa Champions League feminina da história, poderemos consolidar 2022 como um ano gigantesco para o futebol feminino – isso antes mesmo de considerar torneios como a Copa América e a Euro, que serão disputadas em julho.
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O sucesso da Copa do Mundo de 2019, na França, deu o tom: mais e mais pessoas se envolveram com a modalidade nos últimos três anos. Os principais clubes do mundo passaram a investir no futebol feminino, ligas passam por um processo de profissionalização, jogadoras encontram condições cada vez melhores – embora ainda haja muito espaço para crescimento. E tudo isso aconteceu sob o olhar atento do público.
Só na Champions League feminina, vimos milhões de pessoas acessando os jogos nas transmissões pelo YouTube. A facilidade de acesso ajuda, inclusive, a trazer novos fãs para a modalidade. O futebol feminino foi o tópico mais debatido no Twitter em vários momentos, e os recordes de audiência nas transmissões viraram matéria nos principais veículos do mundo. O efeito se espalhou para outras competições, amistosos e até outros esportes.




GettyNão é à toa. Transmitir a modalidade gera dinheiro para as empresas, para os clubes, para as federações e para os patrocinadores. Investir em futebol feminino é largar na frente. Enquanto o mundo se prepara para o impacto da próxima Copa e da Olimpíada de Paris, quem olha para a modalidade agora se destaca.
No Brasil, houve um crescimento de tempo do futebol feminino na TV e internet, com jogos do Campeonato Brasileiro principal e das recém-inauguradas categorias de base nos últimos anos. Direitos foram adquiridos, inclusive, para torneios estaduais e transmissão de campeonatos de outros países. Já há acordos anunciados para a Copa América em julho e a Copa do Mundo em 2023.
Por isso, ainda é chocante ver o retrocesso referente às transmissões de partidas no país. O Brasil faz o movimento contrário ao restante do planeta, com fãs encontrando dificuldades para acompanhar o esporte. É extremamente mais fácil assistir aos jogos da Champions League feminina, por exemplo, do que de campeonatos nacionais.
O ano começou sem transmissão dos jogos da Série A1, o que foi corrigido apenas na sétima rodada, com o novo acordo com a Eleven. Mas os torneios brasileiros sub-17 e sub-20 ficaram de fora. Em nota enviada às Dibradoras, a Eleven afirmou que ainda está negociando com a CBF para transmitir as categorias de base, mas o acerto ainda não foi finalizado.
Rodrigo Gazzanel/Agência CorinthiansTransmitir jogos de categorias de base é apresentar ao público o futuro da modalidade. É colocar jogadoras e torcida em contato desde cedo, criar uma relação entre elas. É valorizar o produto e estimular que ele melhore a cada ano. Assistir a um jogo de futebol pela rede social da mãe de uma jogadora pode parecer uma bela história de superação, mas na verdade é uma prova de que o futebol feminino ainda é visto por muitos como um produto secundário.
Quem quer assistir aos jogos do Brasileiro Sub-20 às redes sociais de parentes de atletas que estão em Santana de Parnaíba e fazendo transmissões ao vivo em suas redes sociais. Páginas de pessoas que cobrem o futebol feminino há anos – como a Vitrine do Futebol Feminino – também fazem esse trabalho. Parece uma bela história de superação, mas, na verdade, é uma desvalorização de um produto que teve um crescimento exponencial nos últimos anos, mesmo durante a pandemia.
É só olhar os números. Quem se envolve com o futebol feminino, com certeza, vai encontrar um campo riquíssimo e que só vai crescer nos próximos anos. Embarcar nessa viagem só traz vantagens.
