O Lyon chega à sua décima final de UWCL em 12 anos, tendo se firmado como um dos maiores times da história do futebol mundial e um modelo para o desenvolvimento do futebol feminino em termos econômicos e culturais. E a determinação de seu presidente, Jean-Michel Aulas, desde que a equipe feminina foi formada em 2004 é a principal razão da dominância lionesa no futebol. Sob o comando do empresário, o Lyon conquistou sete Uefa Champions League femininas.
Aulas assumiu o comando do Lyon há 35 anos. No entanto, foi apenas no começo dos anos 2000 que ele supervisionou a aquisição do FC Lyon, equipe feminina tetracampeã da França, mas que passava por dificuldades. A partir desse momento, ele se tornou um agente de mudança profunda na modalidade. “Basicamente um divisor de águas. Não estou falando do divisor de águas para o Lyon, mas do futebol feminino em geral”, de acordo com Ada Hergeberg.
Aulas investe no futebol feminino em um nível ainda pouco visto, assumindo a responsabilidade de diminuir as desigualdades entre homens e mulheres. Oferecendo dentro do clube condições iguais de tratamento entre todos os jogadores, independentemente de seu gênero, seja em investimento total, equipamentos, infraestrutura ou logística.
Mas esse cuidado todo veio com uma visão extremamente estratégica. Aulas é, antes de tudo, um empresário reconhecido por sua inteligência e visão. Ele sabe que para alcançar o sucesso no mundo dos negócios você precisa de uma relação que beneficie a todos. Para ter resultados, você precisa investir em seus jogadores. O empresário entende que, no jogo feminino, o retorno vai além do estritamente financeiro. Para ele, a imagem e o aumento de visibilidade e valores são retornos igualmente interessantes.




A visão de longo prazo e a construção de uma cultura que vê o time feminino como parte essencial do sucesso do Lyon é uma das forças da equipe. Mas nem sempre essa foi uma tarefa fácil. A mudança de mentalidade levou tempo para acontecer e foi só com os bons resultados da equipe em campo, após três ou quatro anos da aquisição, que a diretoria do clube passou a acreditar nos investimentos.
O Lyon foi pioneiro em diversos aspectos do jogo feminino. Foi o primeiro clube europeu a contratar uma jogadora estadunidense, passou a oferecer salários na faixa dos €300.000 e tem um centro de treinamento exclusivo para a equipe feminina ao lado do masculino. Ambas as equipes recebem o mesmo tratamento, seja físico ou mental, com acesso às mesmas salas de tratamento, incluindo crioterapia, radioterapia, força e condicionamento. Por isso, os jogadores muitas vezes se cruzam no restaurante compartilhado na hora do almoço.
A mesma metodologia se reflete nas categorias de base. O Lyon criou a primeira academia feminina na França em 2016, com Sonia Bompastor, ex-jogadora e atual técnica da equipe principal feminina. Sonia foi a primeira diretora da divisão de base das leoas. A contratação de ex-jogadoras para a função é regra para manter a cultura intacta.
E para continuar sempre à frente, uma vez que outras equipes passaram a seguir o modelo de sucesso do Lyon, o clube segue em constante evolução. Em 2020, o OL Groupe tornou-se proprietário majoritário do OL Reign, um clube da NWSL com sede em Seattle, para expandir seu alcance nos Estados Unidos e ter uma estratégia global de recrutamento. Além disso, também está de olho na compra de um clube asiático para capitalizar com uma abordagem internacional, como fazem o City Group e a Red Bull no futebol masculino.
Jean-Michel Aulas atribui sua visão diferenciada aos pais professores, que sempre o ensinaram sobre igualdade e respeito. Quando colocado frente a frente com as condições precárias do futebol feminino, não hesitou em assumir a responsabilidade e tomar as rédeas dessa mudança. A lógica é simples. "O que dá aos meninos um alto nível dá às meninas um alto nível", disse ele ao The Guardian há alguns anos. No clube, as equipes masculina e feminina devem ser tratadas exatamente da mesma forma. Ambos usam o brasão do Lyon em suas camisas; ambos representam Lyon.
