De pequena culé à rainha do Camp Nou, quando se pensa em Barcelona, se pensa em Alexia Putellas. O talento da camisa 11 é incontestável, mas o sucesso do atual campeão europeu vai muito além. Passa pela construção de uma mentalidade vencedora, a identificação com a cultura do clube e, principalmente, a qualidade do elenco.
A equipe hoje é “o mais Barcelona dos Barcelonas”, um time construído em cima de uma ideia, uma identidade, uma maneira de jogar. Apesar de só ter se profissionalizado em 2015, a equipe foi construída tentando manter a identidade regional, já tão conhecida pelo mundo, trabalhando continuamente com jovens talentos e formando jogadoras com uma mentalidade de equipe.
Um dos pontos mais importantes para essa nova dinastia que vemos surgir no futebol é o fato de o Barcelona ter jogadoras que estão no clube há muitos, muitos anos, que cresceram com esse estilo arrojado de jogar futebol. Muita posse de bola, transições rápidas e um jogo de muita movimentação, onde as jogadoras são capazes de exercer diversas funções dentro de campo. Jogadoras como Alexia, Patri Guijarro e Aitana Bonmatí se entendem. São conexões que não podem ser compradas.
Nos últimos tempos, o Barcelona também começou a olhar para talentos já consolidados, como Ingrid Engen, Fridolina Rolfö e Irene Paredes. Porém, quem chega ao clube começa imediatamente a incorporar a mesma mentalidade, aplicando um estilo muito dominante de futebol, o que eleva o talento individual de cada uma de suas peças. E isto é fortemente demonstrado nas estatísticas do que tem sido, até agora, uma temporada quase perfeita da equipe catalã. O time lidera a artilharia em todas as competições – com impressionantes 159 gols em 30 partidas na liga espanhola -, além de ter o menor número de gols sofridos, além da maior média de posse bola e chutes a gol, tem diversas jogadoras entre as artilheiras e líderes de assistência.
O Barcelona é um time que domina todas as fases do jogo e esse é um dos maiores méritos de Jonatan Giráldez à frente da equipe. O risco calculado e a ofensividade tornam o time extremamente interessante e o elenco de superestrelas permite com que a equipe consiga se adaptar muito bem.
Como todo time que joga com posse de bola, o Barça se utiliza de jogadoras como Lieke Martens para dominar o meio campo, porém, frente a uma marcação mais forte, jogadoras como Fridolina Rolfö são capazes de desafogar o jogo pelas extremidades do campo para criar chances.
As jogadoras da equipe catalã são incríveis em manipular o posicionamento dos adversários e em explorar o espaço que foi criado. O entendimento coletivo do Barcelona de qual é o espaço certo para atacar os adversários é muito alto.
Alexia Putellas pode ser a melhor peça para manter a engrenagem do Barcelona girando, mas ela é essencialmente uma jogadora de equipe. Para Lluís Cortés, ex-treinador do Barça feminino, não são apenas seus próprios talentos, como o "movimento incrível" que a tornam especial. "Ela faz todas as outras jogadoras serem melhores", avalia. Alexia liga a defesa e o ataque, criando chances para suas companheiras de equipe, bem como rotineiramente aparecendo como o vencedor do jogo. A máxima na equipe é “Em caso de dúvida, passe para Alexia” - ela vai ser capaz de tomar a melhor decisão todas as vezes.
Essa visão aliada a uma equipe repleta de talento – como, a maior artilheira de todos os tempos da Espanha, Jenni Hermoso, a ala norueguesa Caroline Graham Hansen e a meio-campista Aitana Bonmatí fazem do Barcelona uma potência futebolística.


