À frente do Barcelona nas quartas-de-final da Champions League contra o Real Madrid, Alexia Putellas disse que ela esperava que o confronto histórico no Camp Nou lotado marcasse “o início de uma nova era” para o futebol feminino.
“Tenho certeza de que muitas, muitas meninas vão sonhar em ser as mulheres nesse campo daqui a 20 anos”, disse ela um dia antes de jogar diante de um público recorde de 91.553 pessoas, já superado pelo mesmo clube no mesmo local.
A questão é que Alexia já é uma fonte de inspiração para quem deseja jogar no mais alto nível, um exemplo brilhante de onde é possível chegar quando o talento natural vem acompanhado por uma mentalidade vencedora.
Basta olhar para a história de Andrea Medina, defensora do Real Betis, que ficou em oitavo lugar na lista da NXGN deste ano.
A jovem de 17 anos cresceu idolatrando Roberto Carlos e Ronaldo. Agora, no entanto, Medina diz que Alexia é uma “referência para todas as pessoas”.
“Quando eu era criança, não havia ainda nenhuma referência feminina”, disse ela à GOAL, “mas agora as meninas têm uma referência feminina”.
E ninguém mais que Alexia, a nova cara do FC Barcelona.
Quando Lionel Messi se despediu do clube catalão em agosto passado, ele deixou um enorme vazio no Camp Nou.
Alexia preencheu esse vazio, assumindo o lugar de Messi como a humilde heroína do clube. De fato, agora é ela que está presente em todos os cantos de Barcelona.
As quadras e campos estão repletos de meninos e meninas vestindo camisas com o nome “Alexia 11”. A imagem dela está em outdoors e bancas ao redor do Camp Nou.
As redes sociais do clube inclusive começaram a se referir à jovem de 27 anos como “Sua Majestade”.
E é fácil entender o porquê. Alexis é o orgulho da Catalunha, a garota da região que “deu certo”.
Ao contrário de Messi, ela nem sempre foi a melhor jogadora do mundo. Ela não era uma superestrela predestinada ao sucesso desde criança. Ela teve que lutar para chegar ao topo.
Alexia passou uma temporada no Barça quando era criança, mas foi no Espanyol, um time adversário da cidade, que ela chegou ao escalão principal.
Em seguida passou uma temporada no Levante, antes de garantir o retorno ao Barcelona em 2012.
Mesmo assim, ainda havia dúvidas. O talento dela era evidente, mas será que ela tinha o gênio e a garra para se tornar uma das melhores meio-campistas do mundo?
“Do ponto de vista técnico, ela sempre foi boa, mas nunca teve o ritmo e o condicionamento físico. E nos jogos da Champions League, geralmente ela sumia.
“No entanto, nos últimos dois anos, ela simplesmente alcançou outro patamar porque trabalhou muito o lado físico da coisa.
“Ela está mais rápida, mais forte, mais experiente e é extremamente competitiva.
“Ela se tornou uma verdadeira líder no Barça e é por isso que mereceu tanto ganhar o prêmio Ballon d'Orno ano passado”.
Na verdade, ninguém teria coragem de contestar que Alexia é agora a melhor jogadora do mundo. As estatísticas falam por si mesmas.
Na última temporada, ela marcou 37 gols do meio-campo, ao mesmo tempo em que deu 27 assistências. Enquanto isso, o Barcelona conseguiu um resultado impressionante, vencendo a Primera Iberdrola, a Copa da Rainha e a UEFA Women's Champions League.
Por incrível que pareça, tanto ela quanto o Barcelona estão perfeitamente preparados para repetir a proeza.
Uma vitória dupla doméstica parece uma certeza, com o título espanhol já garantido sem perder um único jogo. Ao mesmo tempo, os Blaugranes garantiram sua vaga na segunda final consecutiva da Champions League, superando o Wolfsburg por 5 a 3 no placar combinado dos últimos dois jogos.
Espera-se que a decisão do torneio neste mês, contra o Lyon em Turim, atraia um interesse maior do que nunca. Nesse sentido, parece realmente o início de uma nova era para as mulheres no jogo.
No entanto, uma nova era já começou em Barcelona. O glorioso reinado de Messi terminou no verão passado. Alexia é agora a rainha de Camp Nou.


