'Coutinho se abala muito rápido', analisa Élber, ídolo do Bayern

Giovane Élber é um dos maiores nomes na história do Bayern de Munique. E isso não é pouco. O brasileiro, contratado em 1997 após ótima passagem pelo Stuttgart, foi peça importante em títulos marcantes – como quatro Bundesligas e uma Champions League. Os 139 gols que marcou pelos Bávaros lhe dão a honra de ser o brasileiro com mais tentos anotados por um gigante europeu – na frente de nomes como Ronaldo Fenômeno, por exemplo.

Longe da Alemanha, onde trabalha como embaixador do Bayern, Élber está praticando o isolamento social aqui no Brasil, em sua fazenda, mas conseguiu tirar um tempo para atender a Goal Brasil e conceder uma longa entrevista na qual fala sobre diversos assuntos. E na primeira parte desta conversa, o ex-atacante fala sobre o retorno da Bundesliga, neste sábado (16), após a paralização por causa da pandemia do novo coronavírus e dá a sua opinião sobre a situação de Philippe Coutinho no clube.

O meia-atacante brasileiro chegou, emprestado pelo Barcelona, para a atual temporada e alternou bons momentos com jogos apagados. Não conseguiu se firmar absolutamente entre os titulares, fazendo com que, antes mesmo da pandemia da Covid-19, o Bayern praticamente descartasse pagar os 120 milhões de euros para contar em definitivo com Philippe – que também passou a ser tratado como moeda de troca pelo Barcelona, onde não conseguiu render o esperado em sua única temporada completa no Camp Nou.

Veja, abaixo, a opinião de Élber sobre o retorno aos jogos e o que ele tem a dizer sobre a passagem de Coutinho no Bayern de Munique até aqui.

O que acha do retorno da Bundesliga?

Giovane Elber FC Bayern 2003(Foto: Getty Images)

“Está dando saudades, cada fim de semana que passa e não tem jogo é esquisito. É uma sensação estranha. Mas eu acho que a Alemanha fez muito bem, assim como os outros países, em paralisar o futebol no momento que estamos passando”.

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“Acho que eles foram bem cautelosos e continuam sendo. E tem que ser mesmo, sem torcedores. Claro que não vai ser a mesma coisa que um Borussia Dortmund contra Bayern de Munique, com 80 mil pessoas na Muralha Amarela. Agora você não vê ninguém. Vai ser uma sensação estranha, mas pelo menos a vida começa, devagar, a voltar ao normal de novo”.

Muitos também discutem seriamente o retorno do futebol no Brasil, em um momento diferente do combate à Covid-19, como você vê isso?

“Aqui no Brasil eu vejo que não tem como começar com o futebol agora. Acho que está muito cedo ainda, porque isso pode ser pior para os jogadores e para as pessoas que vão aos estádios”.

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“Ir para estádio, aglomerado de pessoas, é loucura. Por isso que a Alemanha saiu rápido disso, porque desde o começo eles começaram a fechar todas as portas, começou a parar com aglomerações e hoje eles estão voltando à vida normal. Se a gente não tomar cuidado, vamos ficar muito tempo ainda nessa de abre, fecha, abre, fecha... Então fecha de uma vez e esperamos passar tudo isso”.

Como você vê a situação do Coutinho?

GFX Coutinho Bayern

“Então, o Philippe chegou no Bayern de Munique e todo mundo estava com a esperança de que, talvez, poderia chegar o Philippe Coutinho que jogou no Liverpool, que fez grandes atuações, mas ele veio depois de uma temporada no Barcelona que não foi muito boa. E eu acho que talvez isso tenha ficado na cabeça dele”.

“A sensação que eu tenho é que ele é uma pessoa que se abala muito rápido com coisas que escuta, quando a coisa não vai bem. Ele não é aquela pessoa que bate no peito e fala: ‘eu sou o Philippe Coutinho e vou resolver isso aqui’. Isso é de pessoa para pessoa”.

GFX Elber Coutinho

“Falta um pouco desta sensação de sentir que ele ‘tá com raiva’, que vai... é uma pena, porque é um grande jogador. Muito bom jogador. Se o Bayern vai ou não ficar com ele, eu não tenho informação. Claro que tem alguns jogos aí para fazer e pode mudar muita coisa. Se o Philippe começa a destruir um jogo, já muda o pensamento. No futebol as coisas são muito rápidas”.

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“Eu até tentei conversar com ele, em Munique, mas aí aconteceu esta pandemia, ninguém podia mais se encontrar e acabou que não conversamos. Eu queria dar uns conselhos para ele, falar do Bayern de Munique, apesar de ter o Thiago (Alcântara), que ajuda ele, mas eu queria falar o que a gente vê do lado de fora”.

“Tem bola que você precisa tocar fácil, fazer ali o feijãozinho com arroz. Aí as coisas começam a se desenvolver durante o jogo, e aí você pode dar um chapéu, dar um lençol, passar a bola por debaixo das pernas, fazer uma jogada de efeito... aí você pode mudar um pouco o seu estilo de jogo. Mas no começo você tem que focar mais no time, procurar errar pouco para ganhar a confiança. E isso é o que eu sinto que, às vezes, falta para ele. Falta confiança para ele”.

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