+18 | Conteúdo Comercial | Aplicam-se termos e condições | Jogue com responsabilidade | Princípios editoriais
Botafogo 2023 arte featureGOAL

Ansiedade será o maior obstáculo do Botafogo na metade final de Brasileirão 2023: caminho para o título passa principalmente pela cabeça

Quando o Botafogo subiu à liderança do Campeonato Brasileiro de 2023, após vitória no clássico contra o Flamengo ainda na terceira rodada, não faltou quem tivesse tratado o Alvinegro como um dono temporário da ponta da tabela. Mas as rodadas foram passando, vitórias impressionantes seguiram e o Glorioso segue isolado na primeira colocação do certame nacional.

O elenco já deu todo tipo de provação possível. Demonstrou qualidade com a bola nos pés, seja para atacar ou defender, seguiu em alto nível mesmo após a saída do técnico Luís Castro – arquiteto deste time – para o Al Nassr de Cristiano Ronaldo e estipulou o recorde de melhor campanha em um primeiro turno de Campeonato Brasileiro de pontos corridos.

O Botafogo tem uma das melhores defesas e um dos melhores ataques do campeonato, possui um elenco equilibrado e com boas opções para alternância de peças; um treinador de capacidade reconhecida, como o português Bruno Lage, que herdou o time de Castro após a breve e espetacular passagem interina de Cláudio Caçapa.

Ou seja: conta com os principais atributos de um time capaz de grandes feitos. Ah, e também acumulou uma boa vantagem na ponta da tabela. O que nos leva a crer: o maior obstáculo para o Alvinegro realizar o sonho do Tri no Brasileirão é a ansiedade nesta metade final de campanha, afinal de contas o caminho até o final da competição só não é maior que a espera botafoguense por um grande título.

  • Botafogo x Bragantino, Brasileirão 2023Getty Images

    Longo jejum

    Esta ansiedade, vale destacar, é absolutamente natural. Ainda que seu último troféu relevante tenha sido em 2018, no Campeonato Carioca, o último título de expressão nacional conquistado pelo Botafogo foi o Brasileirão de 1995. Aquele mesmo que consagrou nomes como Túlio Maravilha, Donizete Pantera, Wagner, Sérgio Manoel, Gonçalves, Iranildo, Beto “Cachaça” e outros.

    De lá pra cá, o botafoguense testemunhou uma longa e agonizante decadência, com poucos períodos de alívio até o clube optar por virar SAF e ver esta SAF ser comprada, em 2022, pelo norte-americano John Textor. Foi quando surgiu o faixo de luz para o torcedor sonhar em ver, novamente, a Estrela Solitária na estrada dos louros que consagra os times campeões.

    A expectativa da torcida alvinegra era de uma evolução gradual, de primeiro trocar a candidatura ao rebaixamento para uma de classificação às competições continentais. O sonho de títulos ficaria um pouco mais para a frente, em meio à necessidade de estruturação do clube como um todo. Uma troca de realidade que qualquer botafoguense aceitaria tranquilamente. Mas a oportunidade de conquistar um título brasileiro se apresentou até mais cedo que o esperado, agora em 2023. Quer atiçar alguém que está com fome? Mostre a esta pessoa um prato de comida – neste caso, um grande troféu.

  • Publicidade
  • Jogadores do Botafogo comemoram gol de Tiquinho Soares contra o Corinthians no Brasileirão 2023, 11/05/2023Vitor Silva/Botafogo FR

    Capacidade já comprovada

    Ao contrário das outras vezes em que chegou a liderar o Brasileirão, a versão 2023 do Botafogo é a que se mostra mais capaz de transformar o sonho em realidade. Os alvinegros não têm apenas um onze inicial encaixadinho, com um raro jogador capaz de fazer a diferença. A qualidade do time é plural. E com o aporte financeiro da Eagle Holding, de John Textor, veio também uma proteção contra investidas do exterior que não existia em tempos passados.

    Dentro deste cenário, o Botafogo quebrou diversos tabus na primeira metade de sua campanha nesta Série A. Com cinco vitórias nas cinco primeiras rodadas, igualou o São Paulo de 2011 com a melhor largada na competição. Venceu, no primeiro turno, Flamengo, Fluminense e Palmeiras (trinca apontada como favorita ao título antes da competição começar), além de ter superado um Grêmio que também apareceu para brigar pela taça. Mostrou que tem equipe para bater qualquer outra na competição.

  • Luis Henrique comemora gol pelo Botafogo no Brasileirão de 2023Vitor Silva/Botafogo

    Aspecto psicológico

    A grande distância que foi construída no topo da tabela, em relação aos seus perseguidores, transformou o Botafogo de postulante a favorito ao título. Mas percalços foram sendo postos no caminho: a saída de Luís Castro, a rápida passagem de Cláudio Caçapa como interino e, mais recentemente, a chegada de Bruno Lage e como o time responderia durante o período sem contar com Tiquinho Soares, lesionado.

    O Botafogo conseguiu, até aqui, responder positivamente a todas as dúvidas que lhe empurraram. Mas os questionamentos teimam em aparecer: o maior deles aconteceu após derrota por 2 a 1 para o Flamengo, em jogo parelho já neste segundo turno. Na entrevista coletiva após o clássico, Bruno Lage elevou o grau de tensão a níveis impensáveis ao colocar o seu cargo à disposição. No entanto, segundo o próprio Lage, tudo não passou de uma tentativa (exagerada, claro) de tentar tirar a pressão de seus jogadores.

    “A conclusão a que chego é que funcionou, porque a pressão veio para cima de mim. Funcionou de tal maneira que se falou mais na situação, ainda bem, do que no VAR do jogo. Estou de alma e coração no Botafogo. Tem que haver uma ansiedade normal, quer da parte deles (jogadores), quer da parte do torcedor, a algo que ainda falta muito, mas que pode ser conquistado e que foge há 28 anos (título brasileiro)”, disse em entrevista para o GE.

    “O que fiz de forma muito clara é ‘este vou ser eu sempre, a tomar as melhores decisões para o Botafogo’. Quero pressão máxima. Mas o que eu sinto é que não pode haver uma ansiedade extra só porque você está fazendo uma coisa nova. Porque a coisa nova também funciona. Duas vezes saíram pontas nossas do banco e conseguimos viradas”, completou.

    A lupa sobre o trabalho do atual técnico vai sempre o comparar ao impressionante arranque que o time teve, nas 11 primeiras rodadas de 2023, sob o comando de Luís Castro e, depois, nas três vitórias com Caçapa. Se existe uma grande pressão, ela está nos ombros de Lage e ele sabe disso: ganhando o título, será bestial (como se elogia em Portugal alguma grande capacidade); se não for campeão brasileiro será tratado como besta (palavra de conotação bastante conhecida em todos os países de língua portuguesa).

  • ENJOYED THIS STORY?

    Add GOAL.com as a preferred source on Google to see more of our reporting

  • bruno lageGetty Images

    O aproveitamento com Bruno Lage

    Em oito jogos no Brasileirão, foram três vitórias, três empates e duas derrotas. O aproveitamento de 50% não é tão espetacular quanto os 86,6% prévios a sua chegada, mas nada garantiria que seguiria daquele jeito se Castro tivesse permanecido (muito menos Caçapa, cujo período relâmpago no clube sequer tinha uma comissão técnica completa).

    O Botafogo de Bruno Lage tem as suas diferenças (empata mais, sofre um pouco mais defensivamente, embora também ataque mais) em relação às suas versões anteriores, mas continua sendo um time extremamente competitivo e que entra nos jogos em busca das vitórias. O Alvinegro segue como favorito ao tricampeonato que tanto sonha e este mês de setembro será vital nestas aspirações. Se conseguir controlar a ansiedade, dentro de campo ou nas arquibancadas, para transformá-la apenas em aspecto positivo (afinal de contas, ela é natural e vem de uma boa posição), o sonho terá grandes chances de virar realidade.

0