Cláudio Caçapa deixa Botafogo com missão cumprida e lugar especial na história do clube

Os resultados garantem óbvia tranquilidade. Mas além do 100% de aproveitamento e manutenção da liderança isolada no Campeonato Brasileiro, Cláudio Caçapa ajudou para que o clima dentro do clube não fosse negativamente abalado pela saída repentina de Luís Castro para o Al-Nassr, da Arábia Saudita. O interino “emprestado” pelo Lyon, em movimento interno entre os clubes da Eagle Holding, abraçou o grupo de jogadores e também foi abraçado. E insiste que este fator foi primordial para as vitórias conquistadas.

“O que eu falei para o Bruno (Lage) é que, quando cheguei, o grupo me abraçou. Não precisei fazer muita coisa. Uma das coisas que eu pedi ao grupo foi que fizessem com ele a mesma coisa que fizeram comigo, abraçar o Bruno e a comissão, trabalharem da mesma forma. Por enquanto não ganhamos nada, ainda está muito longe para cravar que o Botafogo vai ser campeão, mesmo que eu acredite muito. É degrau por degrau, passo a passo, muito trabalho. O Bruno é muito inteligente, nem precisei falar muito, ele sabe o que precisa colocar. Alguns pontos precisam ser melhorados, com certeza. E ele vai fazer. O mais simples vai ser o melhor para ele e para o grupo”, afirmou Caçapa após a vitória sobre o Bragantino.

A humildade de Caçapa impressionou tanto quanto sua tranquilidade, eloquência para responder às perguntas e qualidade para dar conta da difícil missão que, de repente, apareceu durante suas férias. Em sua carta de despedida deste período, o mineiro devolveu todo o carinho que o envolveu mas também voltou a lembrar de um outro nome. Citou constantemente Lúcio Flávio, técnico do time B do Botafogo, e afirmou: sem Lúcio o seu sucesso relâmpago não teria sido possível.

“Hoje estão falando de mim, mas o que seria de mim sem o Lucio Flavio? Nada. Quem conhecia o elenco era ele, o que me fez ganhar muito tempo. Quando nos falamos, é porque ele conhece mais os atletas que eu”, disse.

Resultados, qualidade, respeito e humildade. Os atributos citados já alçam Cláudio Caçapa a um posto especial na história botafoguense. Muito, é claro, também pelo momento que vive o clube em 2023, dá para dizer tranquilamente que o mineiro passou a ser o interino mais querido na vida alvinegra. Cada clube tem aquele treinador tampão que “segura o rojão” em momentos de dificuldade. No Botafogo, um exemplo de sucesso foi o de Jair Ventura em 2016. Mas tanto as aspirações do clube, quanto a forma como Jair deixou o Botafogo dois anos depois, abrem espaço para Caçapa.

A grande curiosidade é que ele nem mesmo é um profissional diretamente vinculado ao Botafogo. Cláudio é interino do Lyon, cargo que exerce desde 2016 no clube onde passou boa parte de sua carreira como jogador. Mas como os franceses também fazem parte da Eagle Holding, de John Textor, o intercâmbio foi possível.

Caçapa, agora, retorna ao Lyon para ajudar nos preparativos da temporada 2023/24. Mas se o Botafogo começa a ver um facho de luz numa estrada que pode ser laureada, Cláudio deu um grande salto no sonho de ser um treinador titular em um futuro próximo.