Conor Coady WolvesGetty Images

"Ser gay vai fazer parte do cotidiano do futebol", diz capitão do Wolverhampton

Ser gay é uma dificuldade enfrentada por parte da população mundial, para convivência entre as pessoas que, muitas vezes, fazem com que as orientações sexuais dos mesmos seja "alterada" pela pressão imposta.

No futebol masculino, isso fica ainda mais perceptível, incluindo quando um atleta utiliza a camisa 24, por exemplo. O jogador Conor Coady, capitão dos Wolves, da Inglaterra, é assumidamente um protetor das causas LBGTs e apoia os atletas que queiram revelar sua sexualidade no esporte, sem que haja o preconceito por trás.

Conor Coady Wolves 2018-19Getty Images

Ainda neste ano, Coady recebeu o prêmio Football Ally of the Year (Aliado do Futebol do Ano, na tradução literal), da Premiação Britânica LGBT, tendo recebido a maioria da votação pública, escolhido por grandes nomes como Jurgen Klopp, Jordan Henderson e Gary Lineker. O atleta ainda reforça, que, ainda que exista o preconceito fora dos vestiários, dentro dele não seria problema nenhum, relatou à GOAL.

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Em vídeo-chamada, Coady comenta sobre o fato de estar disposto a conversar com quem tiver necessidade: "Eu só posso falar em nome de ser um jogador de futebol e em nome do Wolves. Sou um fã em primeiro lugar, mas é difícil para mim falar sobre isso (reação da mídia e dos fãs).

"Como jogador de futebol, posso dizer que se alguém quiser sair, quiser falar comigo, conversar sobre as coisas, então qualquer um em nosso vestiário estaria aberto. Nunca encontrei um jogador de futebol onde isso realmente os afetaria (negativamente), se um jogador quisesse fazer isso."

"A propósito, acho que o primeiro jogador a fazer isso teria uma reação, então, para mim, apenas como a vida cotidiana. Isso é algo pelo qual todos estão esperando".

Um grande incentivo aos jogadores não assumidamente LGBTs foi Josh Cavallo, do Adelaide United, que se revelou gay e recebeu apoio de grandes clubes e atletas. Ele é o único homossexual assumido no futebol de alto nível atualmente.

O número de jogadores que se revelaram gays, por exemplo, no Reino Unido, sempre foi pequeno. Justin Fashanu, atleta que passou por Norwich, Nottingham Forest e seleção inglesa, foi o único britânico a se assumir homossexual enquanto jogador. Quando revelou tal questão, teve uma grande queda na sua vida pessoal e profissional, se suicidando na Inglaterra em 1998, acusado de estupro quando morava nos Estados Unidos.

Em carta de suicídio, Fashanu nega o estupro e diz que fugiu para a Inglaterra pois o julgamento norte-americano não seria justo, principalmente por causa de sua orientação sexual: "Eu percebi que já havia sido considerado culpado. Não quero mais ser uma vergonha para minha família e meus amigos. Ser gay e uma personalidade é muito difícil, mas não posso reclamar disso. Queria dizer que não agredi sexualmente o jovem. Ele teve sexo consensual comigo e, no dia seguinte, me pediu dinheiro. Quando eu recusei, ele falou 'espere e você vai ver só'. Se esse é o caso, eu ouço vocês dizerem, por que eu fugi? Bom, a Justiça nem sempre é justa. Senti que não teria um julgamento justo por conta da minha homossexualidade."

Thomas Hitzlsperger 10082015Getty

Thomas Hitzlsperger, no entanto, se assumiu gay depois de aposentado, quando já estava fora dos grandes holofotes do futebol. No ano passado, no dia 8 de janeiro, Thomas comemorava seis anos desde que se revelou publicamente, e disse: "você não precisa ser como ninguém para ser alguém".

Coady ainda reforça: "Sou um grande defensor de que nosso esporte é o melhor esporte do mundo e, sinceramente, acredito que ele deve ser um esporte para todos. Devemos dar o melhor de nós para que todos se sintam incluídos, se sintam como um só".

"Igualdade é uma palavra maciça, e quando se trata de questões LGBTQ, eu sou bom em fazer as pessoas se sentirem envolvidas. Se alguém quer se divertir assistindo ou jogando futebol, mas não se sente parte disso, isso seria horrível. A palavra igualdade é massiva para mim, e se eu posso ajudar qualquer pessoa de qualquer forma possível, isso é uma parte realmente grande".

Ainda com a GOAL, Coady se mostra muito apto a dar apoio sempre que possível, como citado anteriormente, e que a mídia pode ajudar na luta contra o preconceito: "A mídia social desempenha um papel massivo hoje em dia, ela lhe dá uma plataforma para falar e tentar ajudar as pessoas (...) Os futebolistas notaram agora que podem usar sua plataforma para tentar ajudar o máximo possível, e isso é exatamente o que todos nós estamos tentando fazer. Pergunte a qualquer jogador de futebol do mundo, e acho que eles diriam que ajudariam se pudessem".

Coady também comenta sobre os casos em que o atleta sofre do preconceito por atuar mal, e que apoiar o jogador apenas em bons momentos mas ser homófobico nos dias ruins está errado: "Cada um de nós passa por uma queda de forma em algum momento de nossas carreiras, mais de uma vez, então isso (realizar comentários homofóbicos na má fase de um atleta) é algo com o qual eu não concordo de forma alguma (...) Cada um de nós passa por má forma e não tem nada a ver com sexualidade, dizer o contrário é uma tolice".

O capitão gosta de reforçar a naturalidade em que existem mulheres do meio LGBT no futebol feminino, e que no masculino a questão deveria ser igual: "Há muito o que podemos aprender do jogo delas, de como são normais estas situações, e é aí que precisamos chegar no jogo do masculino". Para ele, um meio de estar sempre apoiando à causa seria a de usar a braçadeira de capitão com o arco-íris a cada jogo, e não apenas uma vez na temporada.

"Podemos sempre fazer mais para ajudar as pessoas LGBTQ".

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