Dani Alves Sao Paulo 2019São Paulo FC

São Paulo em crise vai exigir um Dani Alves que nunca vimos: o cara a ser cobrado

Dani Alves ganhou 30 títulos desde 2009, enquanto o São Paulo ganhou apenas um. A piada que circulou nas redes após o anúncio da contratação mais bombástica da janela de transferências no país é, ao mesmo tempo, um retrato deste casamento, sob diversos aspectos. O capitão da seleção pode, sim, ser a tábua de salvação de um clube carente de ídolos e conquistas. Mas esse contexto de crise, ao mesmo tempo, vai exigir coisas que o agora camisa 10 nunca teve de entregar em toda a carreira. 

O número nas costas é um indicativo. Num time que tem Hernanes, Alexandre Pato, Pablo e Tchê Tchê, todos contratados a peso de ouro só nesta temporada, é de Daniel Alves a responsabilidade de carregar o 10 nas costas. Mesmo com 36 anos, é para o lateral dos tempos de ouro de Guardiola e Messi no Barcelona que o São Paulo vai olhar em uma temporada que só pode ser salva pelo Campeonato Brasileiro. 

Dani Alves será, pela primeira vez, a principal cara de uma equipe. E não uma qualquer, uma carente de títulos, que vem moendo candidatos a ídolos temporada após temporada quando os resultados não vêm. Difícil pensar em um são-paulino que tenha passado totalmente incólume pelos dez anos de seca. De ídolos sólidos como Rogério Ceni a amores efêmeros como Maicon, todos foram duramente cobrados a cada eliminação inesperada. 

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Em sua inquestionável carreira europeia, passando por Sevilla, Barcelona, Juventus e PSG, Daniel se acostumou a ser parceiro de gigantes. É merecidamente reconhecido como um dos maiores parceiros de Lionel Messi e amigo próximo de Neymar, para ficar em dois de seus colegas mais famosos. Só que, embora tenha tido muitos momentos de protagonismo, em nenhum momento ele teve nos seus ombros o futuro do time em questão.

Dani Alves Leo Messi Neymar Barcelona Champions LeagueGetty Images

A questão é muito mais narrativa que estatística. Dani Alves é, sim, um dos jogadores mais importantes dos clubes que passou. Mas a posição, o brilho das outras estrelas e até o estilo “Good Crazy” o livraram de certas cobranças ao longo da carreira. Para ficar na seleção, não foi ele o maior alvo de imprensa e torcida quando o Brasil caiu para a Holanda em 2010. Em 2014, quando ele viu o 7 a 1 do banco porque havia perdido a vaga para Maicon no meio da Copa, seu choro não virou meme no país inteiro. 

Essa discussão esteve muito presente no caminho do Brasil para a conquista da Copa América. Sem Neymar, estrela maior indiscutível, cobrava-se do time que alguém assumisse o protagonismo. De todos os titulares campeões contra o Peru, quem é o craque indiscutível e, logo, maior vidraça do seu time? 

No São Paulo, o contexto, a camisa, o valor pago e o tratamento que vem sendo dado à contratação colocam Dani Alves em outro patamar. Antes de estrear ele já é tido por muitos como a maior estrela do Campeonato Brasileiro, espera-se um Morumbi com mais de 40 mil pessoas para a sua apresentação e já não há quem exclua o Tricolor da lista de favoritos do torneio.

Dono da maior galeria de títulos da história, Dani Alves tem plena capacidade, mesmo aos 36 anos, de assumir esse posto. A própria Copa América, citada há pouco, é prova disso. Mesmo sem ser o maior nome do seu time de então, indiscutivelmente atrás de Neymar, Cavani e Mbappé, pelo menos, ele deu um passo à frente com a camisa do Brasil e terminou como craque do torneio. 

Pode ter sido o gostinho de uma experiência inédita que está por vir. Dani Alves domina a lateral como poucos na história, sabe jogar criando pelo meio e tem o espírito vencedor que pode mudar um grupo como o do São Paulo. 

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