Daniel Alves São Paulo Grêmio Brasileirão 31 08 2019Getty Images

Por que Dani Alves, no Brasileirão com o São Paulo, seria um desperdício na lateral

Após o empate por 1 a 1 contra o CSA, duelo em que atingiu número recorde de finalizações (33) e não conseguiu ter uma boa atuação ofensiva, um dos principais temas de discussão sobre o São Paulo foi o posicionamento de Daniel Alves. Em sua quinta partida pelo Tricolor, foi a primeira vez que o baiano atuou na lateral-direita, posição que o consagrou como jogador mais vitorioso na história do futebol, mas não foram poucos os que defenderam ver o camisa 10 atuando mais avançado, no meio-campo, como vinha fazendo. Dias depois, o próprio Daniel fez coro ao pedido.

“Quando eu jogo de lateral eu sou um jogador de combinação. Eu consigo ajudar meus companheiros se eu tiver apoio. Na lateral, jogando aqui no Brasil, com o estilo de jogo, dificuldades que tem para jogar no Brasil, com condições de campo, eu preciso intervir bastante. Jogando no meio de campo eu consigo falar com meus companheiros, posicionar e usar a parte tática e técnica. Eu de lateral participo menos do jogo. No São Paulo eu já deixei claro que eu preciso jogar para ajudar meus companheiros”, disse em entrevista concedida ao SporTV.

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A única observação feita aqui em relação à fala de Daniel Alves é sobre o que ele considera como sua participação. Contra o CSA, atuando mais tempo na lateral e dando início às jogadas desde o campo de defesa, embora depois tenha avançado, o camisa 10 teve o seu recorde de passes dados (86, segundo a Opta Sports) desde sua chegada ao Morumbi. Ou seja: participou quantitativamente como nunca, mas não conseguiu decidir. Talvez o mais certo fosse falar que, no futebol brasileiro, atuar como meia seja a forma de ser mais decisivo para a sua equipe.

“Ah, mas foi na lateral onde ele fez história e, inclusive, foi eleito craque da Copa América 2019, aos 36 anos”. É verdade. Mas o contexto era diferente ao do futebol de clubes jogado no Brasil de maneira geral. Daniel Alves honra o que podemos chamar de escola brasileira de laterais:  é alguém de habilidade também para construir o jogo e dar um toque cerebral às jogadas. É um perfil semelhante ao de Marcelo, lateral-esquerdo do Real Madrid, e de Júnior, que inclusive na reta final de sua carreira migrou para o meio-campo e decidiu título brasileiro para o Flamengo atuando por ali.

Na seleção brasileira, apesar de seguir armando jogadas mais centralizado, o time conta com uma qualidade técnica que ainda não faz tão necessária a ida de Daniel para o meio. Foi assim durante parte considerável de sua carreira, embora na última temporada pelo PSG ele tenha atuado até mais vezes como meio-campista.

“Na Seleção não, porque a gente já tem uma construção de equipe que eu sou um armador a mais na equipe, e por isso a gente joga com extremos bem abertos, fazendo diagonais. Eu já jogo como lateral, meia. No momento correto, dar um auxilio a defesa, meio campo e ao ataque, como te falei, eu estou construindo uma posição diferente na lateral direita. E eu acredito que, sempre falei, que normalmente a posição do lateral moderno ajuda a todos. Para construir se necessita muito de uma defesa sair bem pro meio jogar bem, pro ataque jogar bem”, destacou na mesma entrevista.

Daniel Alves Juanfran São Paulo Ceará Brasileirão 18 08 2019Getty ImagesDani Alves e Juanfran (Foto: Getty Images)

Daniel Alves é craque. Um dos maiores na história do futebol neste Século XXI. E como tal, decidiria e seria peça desequilibrante do São Paulo seja na lateral-direita ou como meia, desde que o time esteja taticamente ajustado e organizado. Mas hoje não há dúvidas de que é, em todo o elenco Tricolor, o elo forte, aquele que mais possui capacidade para decidir partidas. Logo, estar em uma posição na qual possa receber a bola da defesa para servir, na melhor das condições, aos atacantes, é o melhor para um São Paulo que, ainda por cima, contratou Juanfran para ser o defensor pelo flanco destro.

O livro “Os Números do Jogo” indica o lateral-direito como posição mais descartável dentre as onze: os bons zagueiros são deslocados para o centro, os habilidosos avançam para o meio-campo e os canhotos “são tão raros que têm que ser mimados”. Claro que não é verdade absoluta. O retorno do alemão Philipp Lahm, do meio para a lateral durante a Copa do Mundo de 2014 é um dos exemplos. Mas no caso de Dani Alves e o futebol jogado no Brasil, onde o seu talento sobra, a sentença tem lá o seu sentido. Mas o que dá razão mesmo é a fala do próprio jogador: craques como Dani Alves precisam ser ouvidos nestes assuntos. Para o bem da equipe onde joga.

“Eu adoro jogar de lateral, foi a posição que me deu tudo. Aqui não é o caso, porque precisa de conceitos melhores de posicionamento e de jogo, que eu jogando no meio consigo organizar, consigo acelerar o jogo quando precisa acelerar, desacelerar quando precisar”, insistiu o jogador mais vitorioso da história.

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