Casemiro Real MadridGetty Images

Por que Casemiro acerta ao trocar o Real Madrid pelo Manchester United

Parte da jornada é o fim. A frase ficou célebre ao ser dita por Tony Stark, personagem interpretado por Robert Downey Jr., no filme “Vingadores: Ultimato”. Você não precisa gostar de filmes de heróis e a referência de cultura pop acaba por aqui, mas poucas frases sintetizam tanto a notícia de que Casemiro deixa o Real Madrid, após quase dez temporadas, quanto esta. O meio-campista, um verdadeiro herói madridista, agora será jogador do Manchester United.

Se uma frase sintetiza a novidade, podemos dizer que várias outras palavras acompanham a notícia desta transferência em diferentes interrogações: por quanto?, perguntam os que desejam saber as cifras envolvidas (como os torcedores do São Paulo). Até quando?, podem questionar outros. Os mais atônitos, contudo, só podem fazer o óbvio e pensar... por quê?

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O fator econômico com certeza foi um aspecto, mas não com o protagonismo que se imagina. A explicação pode ser encontrada na vontade de “novos desafios” por parte de Casemiro. E após ter conquistado absolutamente toda e qualquer taça que esteve à sua disposição como jogador do Real Madrid, sendo peça fundamental em tais conquistas, o meio-campista brasileiro vai encontrar muita coisa nova na Inglaterra. Mas acima de tudo terá um enorme desafio em sua frente.

É preciso coragem para deixar um clube que, não satisfeito em ser o atual campeão da Champions League, é o maior vencedor do torneio europeu e com vaga praticamente cativa no campeonato, para vestir a camisa de um Manchester United que, desde 2013, passou a ser sinônimo de desorganização e decepção. Para não falar no rótulo de ter se tornado, praticamente, um cemitério de craques.

Em uma era do futebol moderno em que rebaixamento é algo basicamente impossível a clubes como o United (que chegou a disputar a segundona inglesa na década de 70), não é exagero dizer que, nos últimos anos, tudo o que podia dar errado em Old Trafford deu errado em Old Trafford. O Manchester vermelho, que até poucos anos era uma das principais potências europeias, nem sequer é mais um participante regular da Champions League – o que, em termos de futebol moderno na Europa pode até ser comparado com alguma espécie de rebaixamento.

O questionamento pela escolha de Casemiro, ainda então um titular importante no Real Madrid, passa por todos estes pontos abordados no parágrafo anterior. Mas olhando a situação com um pouco mais de otimismo, dá para considerar tranquilamente como um acerto. Aos 30 anos e já no hall de lendas no Santiago Bernabéu, Casemiro não teria, no Madrid, algo novo a ser feito e dificilmente ficaria maior do que já é.

Já no Manchester United...

Se Casemiro conseguir melhorar o time inglês, será considerado um sucesso. Um dos seus pontos fortes, a excelência tanto nas transições defensiva quanto na ofensiva, é justamente um dos piores aspectos que o United vem apresentando nos últimos anos. Ou seja: Casemiro pode ser a peça perfeita para começar a ajeitar um dos maiores problemas de sua nova equipe. Dando certo em um clube carente de bons momentos, como este Manchester United, Casemiro tem tudo para virar ídolo.

De 2013 até 2022, muito jogador bom passou pelo United e fracassou. O peso destes insucessos hoje em dia passou a ser muito mais culpa da instituição do que dos atletas. Se eventualmente isso acontecer com Casemiro, ele será apenas mais um de uma longa lista -- e ainda terá a opção óbvia de mudar de clube.

Mas se ele conseguir jogar, em Old Trafford, o futebol que apresentou ao longo dos últimos anos, tanto por Real Madrid quanto na seleção brasileira, será perfeito para consertar um grande problema de sua nova equipe e estaria em ótimas condições para se tornar ídolo de mais um clube gigantesco. Parte da jornada é o fim, mas para cada final existe um recomeço.

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