Cristiano Ronaldo é praticamente um símbolo de triunfo esportivo. É algo atestado tanto pelos inúmeros recordes e títulos conquistados quanto pela simplicidade de um áudio viralizado em que um fã diz, aos berros, que CR7 “vence, vence e vence”. Mas apesar do apelido de Robozão, no final das contas o atacante luso é, assim como Messi e todos nós, apenas um humano. Está sujeito a dias bons e ruins, erros e acertos. E em sua mais recente aparição, Cristiano errou feio.
O Manchester United entregava uma de suas melhores exibições em muito tempo e, com gols de Fred e Bruno Fernandes, estava a minutos de vencer um excelente Tottenham. A equipe treinada pelo holandês Erik ten Hag demonstrou estar, enfim, afinada com os melhores conceitos do futebol atual: dinâmica, aproximação das linhas, transições rápidas, velocidade e pressão sobre o adversário que tem a bola. Segurança. Criatividade e gols. Estava tudo lá. Menos Cristiano Ronaldo. Sem deixar o banco de reservas, e se recusando a entrar quando o United já vencia por 2 a 0, o camisa 7 deixou o campo e o estádio antes do apito final.
Atitude desrespeitosa e mimada, mas acima de tudo antidesportiva e vindo justamente de alguém que, ao longo de décadas de carreira, virou um dos grandes símbolos de entrega e esportividade. Cristiano já havia feito algo parecido em seus últimos dias de Juventus, antes de retornar ao Manchester United, e também durante a mais recente pré-temporada. Reincidente, foi criticado pelo técnico e pela opinião pública e, como consequência, foi deixado de fora dos relacionados para enfrentar o Chelsea na próxima rodada da Premier League.
GettyCiente do impacto negativo, CR7 escreveu uma mensagem fazendo mea-culpa. Reconheceu ter tomado a decisão com a cabeça quente e prometeu empenho. O seu futuro no clube inglês, contudo, é uma incógnita. Uma das certezas é de que Cristiano Ronaldo não precisava ter feito o que acabou fazendo. O alto grau de competitividade não pode atrapalhar sua própria equipe e clubes serão sempre maiores que os indivíduos.
Meses atrás, o craque português ficou revoltado quando viu cair o valor de mercado que o site Transfermarkt lhe atribui. A explicação do site, em contato com o The Athletic, foi óbvia: “o Cristiano Ronaldo está mais velho, a mesma coisa com o Messi, e eles vão ter os seus valores (da avaliação de quanto valem, segundo o Transfermarkt) reduzidos apenas por causa da idade. Mesmo que sejam tão bons quanto há três anos, eles estarão três anos mais velhos”
Já um veterano de 37 anos, CR7 afirmou o desejo de seguir jogando mesmo após completar as 40 primaveras. O seu amor pelo jogo é admirável e não é legal dizer para alguém quando esta pessoa não pode mais desempenhar seu trabalho. Hoje e durante um breve amanhã, Cristiano Ronaldo seguirá sendo decisivo marcando gols em algum lugar. Mas nunca mais naquele nível que o imortalizou, especialmente entre 2008 e 2017, para o futebol.
Depois de vencer quase todas as disputas que viu pela frente, colecionando taças de Champions League e torneios nacionais, incluindo uma histórica (e meio inesperada) Eurocopa com a seleção portuguesa, se colocando como um dos maiores goleadores do futebol em todos os tempos, Cristiano Ronaldo precisa aceitar a derrota contra aquele que a todos vence para, depois, curtir o lugar de imortal que já conseguiu para si.
O tempo driblou Beckenbauer, fez as pernas de Cruyff se cansarem e até mesmo desarmou Pelé. E, claro, já está vencendo Cristiano Ronaldo. Como a postura de um grande campeão não se mede apenas nas vitórias, CR7 precisa lidar melhor com o peso do tempo sob suas costas para não incluir outras imagens constrangedoras, como as vistas no final daquele Manchester United 2 x 0 Tottenham, em seu esplendoroso currículo.
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