Botafogo aposta em contra-ataques, mas é o pior time reativo do Brasileirão

No futebol não existe uma única forma de jogar. Vários modelos de jogo podem ser atraentes e empolgantes se forem bem executados: desde aquele com foco absoluto na posse de bola, como o Barcelona imortalizou anos atrás, quanto no calcado pela aposta nos contra-ataques, como é o Atlético de Madrid de Simeone ou foi a Internazionale de Mourinho, e até o gegenpressing – da pressão alucinada sobre o adversário que tem a bola - das equipes treinadas por Jurgen Klopp. Assim como na vida, as verdades absolutas são artigo raríssimo no esporte bretão.

Futebol ao vivo ou quando quiser? Clique aqui e teste o DAZN grátis por um mês!

No Brasileirão 2020, por exemplo, o Botafogo treinado por Paulo Autuori faz o seu jogo apostando nos contra-ataques. Foi assim que surpreendeu ao bater o Atlético-MG, candidato ao título do certame. Mas em 11 jogos disputados nesta Série A aquela segue como única vitória do time da Estrela Solitária neste Campeonato Brasileiro. Domingo (27), pela 12ª rodada, o clube carioca chegou ao seu oitavo empate ao ter ficado no 1 a 1 com o Atlético-GO e hoje se encontra na zona de rebaixamento.

O Botafogo, afundado em dívidas e problemas econômicos, não dispõe dos meios necessários para construir um elenco que possa disputar pelas primeiras posições. Conseguiu ter criatividade para trazer alguns bons nomes, como Honda e Kalou, e o lateral-esquerdo Victor Luiz (autor do gol sobre os goianienses), mas não é o bastante para fazer um Brasileirão mais tranquilo, longe da luta contra o rebaixamento. Especialmente porque perdeu suas duas principais válvulas de escape para atacar pelas pontas: Luiz Fernando foi emprestado ao Grêmio e Luís Henrique se tornou a venda mais cara da história botafoguense ao ser negociado com o Olympique de Marseille.

Do que adianta querer ser um time reativo quando não há velocidade nas transições – tanto da defesa para o ataque quanto do ataque para a defesa?

O Botafogo é o segundo time que mais rejeita a posse de bola neste Brasileirão: tem em média 42.3% da esfera em seus pés, mais apenas do que Goiás (38.3%). Mas é um dos que menos consegue puxar contra-ataques: segundo números da Opta Sports foram apenas quatro - e nenhum gol marcado desta forma. Times como Flamengo e Atlético-MG, que jogam propondo as ações, acumulam mais contra-ataques (9 e 12, respectivamente) do que o Glorioso.

Para jogar contra-atacando também é importante ter uma dose de intensidade maior que o comum. Mas  o Botafogo é o time que menos rouba bolas nesta Série A (134 desarmes) e não mostra vigor para impedir que seus adversários joguem – tanto que só não sofreu mais finalizações do que Corinthians e Sport, tendo visto 173 chutes dados por adversários até aqui (média de 15 finalizações sofridas por partida).

Apesar de todas as dificuldades que vive, o Botafogo não tem nem a intensidade ou a velocidade que justificariam a aposta em um jogo reativo. O problema não é a ideia de jogo em si, é que suas peças mostram não servir para isso.

É bom Autuori encontrar uma forma de tirar o máximo do pouco que tem à sua disposição, missão que obviamente não é fácil. Ainda assim, o tempo corre contra o alvinegro.

Publicidade