A história de Ralf se confunde com a do próprio Corinthians nos últimos anos. Quando o volante foi contratado, em 2010, junto ao Grêmio Barueri, o Timão ainda não havia conquistado a Libertadores, tinha quatro títulos brasileiros (hoje são sete) e somente um Mundial de Clubes. Contando com o jogador na proteção da zaga, o Alvinegro conquistou as maiores glórias possíveis e escreveu o auge vitorioso de sua vida.
Peça-chave no esquema utilizado por Tite a partir de 2010, Ralf comemorou todos os títulos citados acima. No Brasileirão, foram duas taças (2011 e 2015) e só não esteve presente no triunfo nacional em 2017 por causa da passagem de dois anos que teve no futebol chinês. Trabalhou sob as ordens de Mano Menezes, Tite e Fábio Carille, treinadores que sedimentaram muito bem o estilo de jogo que ajudou o clube a tanto conquistar. E em meio ao pragmatismo e saídas rápidas para o ataque, ganhou o apelido de ‘pitbull’ pela forma como costumou perseguir os adversários em campo.
Assim como Cássio e Fagner, Ralf foi testemunha e personagem dos maiores momentos modernos do Timão. Mas hoje vive uma realidade diferente na carreira, que ao contrário do que acontece em relação ao goleiro e ao lateral, está em sua parte final. Ralf é, com 35 anos, o mais velho no elenco corintiano, e por isso não é tantas vezes titular quanto em temporadas anteriores. Independentemente disso, segue importantíssimo neste time de 2019.
Considerando toda a campanha no Brasileirão, Ralf foi titular em todos os 13 jogos que disputou e lidera estatísticas importantes: dentre os jogadores de linha, é, segundo dados da Opta Sports:
- Quem mais recuperou bolas no time: 98.
- Quem mais somou interceptações: 26.
- E só não efetuou mais desarmes do que Fagner: 44 do lateral, que soma 16 jogos, contra 32 sua.
O número de gols sempre foi muito baixo – o seu recorde foram dois tentos, anotados em 2010 e 2012. Por isso, toda vez que Ralf balança as redes o torcedor comemora de forma especial. Pela emoção intrínseca do lance, mas também pelo personagem, pelo ídolo.
Neste domingo (29), Ralf foi um leão na vitória sobre o Vasco, pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro: foi eficaz na marcação, na participação em passes e acabou marcando, em chute rasteiro de fora da área, o único gol da vitória por 1 a 0, resultado que deixa o time na quinta posição (38 pontos). Foi o seu primeiro tento marcado em 2019.
O Corinthians ainda tem um jogo atrasado, contra a Chapecoense, fora de casa. Se vencer, ficaria a oito pontos do líder Flamengo. E por isso que a busca pelo título ainda apareceu nas palavras de Ralf, após o triunfo sobre o Vasco.
“Claro que é passo a passo. Tá distante? Tá distante, a gente tem que ser realista. Mas nada está impossível ainda”, disse na zona mista da Arena Corinthians.
Ralf viu diferentes reformulações no elenco corintiano: brilhou primeiramente ao lado de Paulinho, depois foi uma das bases que ajudava Elias e Renato Augusto a serem tão decisivos.
Hoje, com Júnior Urso e Sornoza ou Ramiro, a qualidade não é mais a mesma de seus melhores dias. Nem a do elenco, de seus companheiros ou até mesmo a sua. Mas uma coisa continua igual, tanto para Ralf quanto para o Corinthians: a competitividade oferecida por ambos segue intocada. É por isso que a palavra título, por mais improvável que seja, aparece no discurso do volante.
Não dá para culpá-lo.