Julen Lopetegui e Real Madrid não foram corretos com a Federação Espanhola durante a negociação que apontou o agora ex-técnico da Espanha para o comando dos Blancos.
A entidade soube que o seu treinador havia negociado e acertado com uma equipe cinco minutos antes de todo o mundo ser surpreendido com a notícia, segundo disse o presidente da federação, Luis Rubiales, ao comunicar a demissão de Lopetegui nesta quarta-feira (13).
Cerca de 300 segundos que acabaram com um (bom) trabalho que vinha desde 2016, quando Lopetegui deixou o Porto para comandar a seleção de seu país. Desde então, foram 20 jogos invictos: 14 vitórias, 6 empates, 61 gols marcados e 13 sofridos.
O erro de Lopetegui, em não ter sido transparente com seus empregadores, foi óbvio. Mas ainda assim, ele tinha o apoio dos jogadores para estar na área técnica nos gramados russos. Até porque, mesmo se alguns atletas não aprovassem a conduta do treinador, pouca coisa poderia ser feita a dois dias da estreia contra Portugal.
Conduta de Lopetegui e Real Madrid foram erradas (Foto: Getty Images)
A pior decisão possível, entretanto, foi tomada. Porque ainda que Lopetegui merecesse a demissão, a questão ali era o ‘timing’: como administrar uma crise a poucas horas do início de um torneio de tiro-curto, onde é ideal um clima de tranquilidade para trabalhar e se preparar.
Rubiales até acertou no seu discurso, mas não é o bastante dentro destas circunstâncias tão específicas. Quis ‘falar mais alto’ e o único prejudicado foi o time, uma seleção que busca apagar a imagem do fracasso que veio em 2014, com eliminação na primeira fase.
Quem assume o comando agora é Fernando Hierro, um dos maiores símbolos da seleção espanhola dos anos 90 e início de 2000. O ex-jogador foi auxiliar no Real Madrid em 2014-15 e não tem destaque na carreira de treinador, com uma única experiência no modesto Real Oviedo antes de voltar a desempenhar cargo administrativo na seleção espanhola.
Getty ImagesHierro, ao lado de Vicente Del Bosque em 2010 (Foto: Getty Images)
Só que para este exato momento, o que mais importa não é o talento de Hierro para montar times, e sim a experiência vencedora de um ídolo dos campos que sempre demonstrou personalidade. A pouca experiência como treinador contrasta com o sucesso que ele teve nos bastidores, participando inclusive das conquistas espanholas na Euro 2008 e no Mundial de 2010 – e conhece boa parte deste grupo e o modelo de jogo iniciado com Luis Aragonés, Vicente Del Bosque e recentemente por Lopetegui.
Acima de tudo, Hierro é um ídolo respeitado por todos.
Após os erros de Lopetegui e Rubiales, a Espanha se vê obrigada a jogar na lembrança do estilo de jogo aplicado pelo agora ex-treinador. Hierro chega para dar a mais importante amostra de liderança em toda a sua carreira: unir um grupo insatisfeito pela escolha de sacar Julen, e transformar a maior crise vivida pelo país em Copas do Mundo em sucesso. Pode ser improvável, mas se existe alguém que pode assumir essa batata quente é justamente Hierro.
