Abramovich ChelseaGetty/Goal

O que o conflito entre Rússia e Ucrânia tem a ver com o Chelsea e Abramovich?

Thomas Tuchel conseguiu fugir de algumas perguntas na entrevista coletiva visando a final da Copa da Liga Inglesa (a Carabao Cup), neste domingo (27), contra o Liverpool. O técnico alemão do Chelsea não quis falar sobre a titularidade no gol, por exemplo, mas não fugiu ao ser perguntado sobre as críticas que têm sido direcionadas especificamente ao seu clube em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia.

A razão é óbvia: o dono do Chelsea desde 2003 é o bilionário russo Roman Abramovich, que tem ligações com Vladimir Putin. A explicação é muito extensa, mas é possível resumir da seguinte maneira: após a dissolução da antiga União Soviética, Abramovich tornou-se uma das pessoas mais poderosas e influentes da Rússia e teria, inclusive, convencido Boris Yeltsin a fazer de Putin o seu sucessor como presidente russo.

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Considerando clubes de futebol mundo afora, os azuis de Londres são justamente um dos mais ligados à imagem da Rússia por causa das origens de seu dono. Em meio à escalada violenta russa, com a invasão do território ucraniano, o parlamentar Chris Bryant, do Partido Trabalhista, revelou documentos de 2019 que ligam o dono do Chelsea ao governo de Putin e pediu para que sanções sejam feitas a Roman Abramovich.

"Certamente deveríamos tentar confiscar alguns de seus ativos, incluindo sua casa de 152 milhões de libras. E garantir que outras pessoas que tiveram vistos de nível um como esse não estejam envolvidas em atividades malignas no Reino Unido", disse.

E é exatamente por isso que Tuchel disse entender o olhar crítico mais forte sobre o Chelsea, especialmente depois que a Rússia invadiu o território ucraniano nos últimos dias.

“Nós não devemos fingir que esta não é uma questão”, disse Tuchel. “A situação, em geral, para mim e minha comissão técnica, e todos aqui em Cobham (CT do clube), para os jogadores, é horrível (...) Ninguém esperava isso. É bem surreal, está impactando nossas mentes e impactando sobre a expectativa em cima da final (da Copa da Liga), e nos traz uma incerteza enorme”, seguiu Tuchel.

“Até um certo ponto eu consigo entender as opiniões e opiniões críticas, até certo ponto, direcionadas ao clube e aos de nós que representamos o clube. Eu posso entender isso e não conseguimos nos livrar facilmente disso”.

Thomas Tuchel Chelsea 2021-22Getty

“Talvez as pessoas entendam que eu, como treinador, ou os jogadores, nós não temos uma noção clara do que realmente está acontecendo. Neste momento nós não nos sentimos responsáveis por tudo isso. Nós sentimos que é algo horrível, disso não pode haver dúvidas. Uma guerra na Europa era, durante um longo período, impensável para mim”.

Neste sábado (26), o russo anunciou estar entregando o comando dos Blues. Na nota oficial, Abramovich afirma que sempre pensou no bem do clube, que comandou desde 2003. Com a sua saída, a fundação de caridade do Chelsea assume o controle da instituição.

"Durante meus quase 20 anos de posse do Chelsea FC, sempre considerei meu papel como guardião do clube, cujo trabalho é garantir que sejamos tão bem-sucedidos quanto podemos ser hoje, bem como construir para o futuro, ao mesmo tempo desempenhando um papel positivo em nossas comunidades. Sempre tomei decisões com o melhor interesse do clube no coração. Continuo comprometido com esses valores. É por isso que hoje estou dando aos curadores da Fundação de caridade do Chelsea a administração e os cuidados do Chelsea FC. Acredito que atualmente eles estão na melhor posição para cuidar dos interesses do Clube, jogadores, funcionários e torcedores".

Atual campeão europeu com o Chelsea, Tuchel também mostrou estar ciente sobre as discussões envolvendo possíveis sanções do governo inglês a Roman Abramovich.

“O impacto é claro e as discussões causam um impacto. Vamos ser mais pacientes e entender quais serão as decisões e, aí sim, talvez tenhamos que lidar com isso”.

Roman Abramovich FC ChelseaGetty Images

Ao longo dos anos, Roman Abramovich negou veementemente qualquer ligação dele com o Kremlin russo, assim como as acusações de atividades ilícitas no controle do Chelsea.

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