Mesut Ozil Germany 17062018Getty

Não há caminho de volta para Ozil, e as acusações de racismo não ajudam a amenizar o desastre da Copa

A Alemanha empatou com a França, em jogo sem gols válido pela primeira rodada da Liga das Nações da UEFA nesta quinta-feira (6), mas todo o foco da imprensa ficou sobre apenas um jogador.

Nem Antoine Griezmann, que venceu a Copa do Mundo, Europa League e Supercopa, nem N’Golo Kante ou Paul Pogba, e muito menos Kylian Mbappe, que está fazendo um sucesso com a camisa 10 dos Bleus. O jogador que todos questionaram antes do embate sobre foi o ex-camisa 10 da Alemanha.

Em toda oportunidade, entrevista, coletiva de imprensa, pelo menos uma pergunta foi feita sobre a ausência de Masut Ozil, que anunciou sua aposentadoria pela seleção nacional após a humilhação da Alemanha nesta Copa do Mundo na Rússia.

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Ozil sentiu-se como um bode expiatório com as falhas da Alemanha no Mundial, recebendo muitas críticas após posar para uma fotografia com o controverso presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Depois da derrota da Alemanha para a Coreia do Sul, Ozil fez uma declaração em sua rede social atacando a Federação Alemã de Futebol (DFB), e figuras políticas de seu país por racismo e desrespeito.

Joachim Low Mesut Ozil GermanyGetty Images
(Foto: Getty Images)

Após o Mundial, a DFB e o técnico Joachim Low anunciaram que passariam por uma análise esportiva do que aconteceu de errado na Rússia, e que os resultados seriam anunciados quando Low revelasse sua próxima convocação de jogadores para a seleção. No meio disto, o presidente da DFB, Reinhard Grindel, além de ex-jogadores da seleção alemã, e até mesmo os atuais jogadores como Thomas Muller e Neuer, negaram qualquer evidência de racismo dentro da equipe, contrariando o que Ozil havia protestado em sua declaração.

Porém, Ozil nunca acusou nenhum de seus colegas e nem a equipe técnica de discriminação, apenas destacou o problema para a sociedade como um todo. “Se ganharmos, eu sou alemão. Se perdermos, eu sou um imigrante”, declarou o jogador. Entretanto, guardou as críticas sobre sua Federação e ao presidente Grindel. Após um pronunciamento pouco alarmante, Grindel admitiu que talvez tenha lidado mal com a situação, mas ficou muito aquém de pedir desculpas por suas ações e as da DFB.

Até o momento, cada vez mais jogadores declararam não terem visto nenhum ato de racismo dentro do campo alemão. Toni Kroos, por exemplo, chamou a repercussão de “bobagem”, e Muller culpou a mídia, enquanto alguns jogadores estrangeiros manifestaram nunca terem passado por isso. Apenas Ilkay Gundogan reconheceu que haviam passado dos limites.

Em sua declaração, Ozil não especifica que está aposentado de forma direta. “Não jogarei mais pela Alemanha em nível internacional enquanto eu tiver esse sentimento de racismo e desrespeito”, escreveu o jogador.

Mesut Ozil, Per MertesackerGetty
(Foto: Getty Images)

Em contrapartida, Low criticou mais uma vez o ex-jogador do Real Madrid durante o pronunciamento da nova convocação da seleção, mal tocando no assunto das ‘análises esportivas’ realizada desde o Mundial, mostrando que pouca coisa mudou dentro da organização.

“Mesut Ozil deixou claro as suas alegações de racismo”, disse Low aos repórteres. “Não houve nenhum tipo de racismo. Ao longo do tempo em que estive com a DFB, não houve nenhuma forma de abordagem ou comentário racista em nossa equipe. Mesut e Ilkay sempre se identificaram com os valores da seleção nacional”.

As portas estão definitivamente fechadas para Ozil retornar à seleção.

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