Abel Braga Flamengo Ajax Florida Cup 10012019

De forte rejeição a declarações ruins: o que azedou a vida de Abel no Flamengo

O sonho da diretoria do Flamengo era Renato Gaúcho, treinador unanimidade entra todas as correntes. Quando ele optou por seguir no Grêmio, o Rubro-Negro até buscou outros nomes, conversou com Sampaoli, mas ficou mesmo com Abel Braga, um dos preferidos do vice de relações externas, Luiz Eduardo Baptista. O nome não agradava a todos, mas chegou com a justificativa de dar o que o time precisava: comando de vestiário.

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A rejeição logo que seu nome foi anunciado era um prenúncio de que o casamento não duraria muito. A antipatia da torcida com o treinador vem de longa data, desde os tempos em que Abel perdeu a Copa do Brasil para o Santo André, no Maracanã lotado. Ao mesmo tempo, o comandante também nunca demonstrou ser grande fã da nação flamenguista. 

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Motivado, Abel deu início ao trabalho, ganhou o vestiário, mas a irregularidade do time dentro de campo só fez a pressão aumentar, mesmo diante de conquistas que a diretoria fez questão de exaltar, como Florida Cup, Taça Rio e Campeonato Carioca. A promessa de formar duas equipes e seguir o exemplo do Palmeiras não saiu do papel, algo que ficou ainda mais visível no Campeonato Brasileiro. 

Abel Braga Flamengo Ajax Florida Cup 10012019
(Foto: Alexandre Vidal / Flamengo / Divulgação)

Alguns jogadores que poderiam brigar por vaga entre os titulares tiveram pouca ou quase nenhuma chance de jogar com a equipe principal, ou seja, o discurso de que o elenco é grande e forte não foi colocado em prática. A demora em corrigir os problemas defensivos também deixou os dirigentes irritados. E as declarações do treinador após os jogos só agravaram o ambiente. 

A primeira vez que o trabalho de Abel Braga esteve prestes a ser interrompido foi, inclusive, muito por conta da declaração do treinador sobre o Beira-Rio. Depois de perder para o Internacional, em Porto Alegre, o comandante rasgou elogios ao estádio mesmo sem ter sido questionado a respeito. Além disso, afirmou que era normal perder para o Colorado no Sul. 

Pelo momento da equipe, que ainda vivia situação delicada na Libertadores, as declarações irritaram de torcedor a dirigentes. Abel foi cobrado e seguiu no comando técnico apenas com respaldo de BAP e por conta da decisão que tinha pela frente contra o Peñarol, na Libertadores. 

A classificação para as oitavas de final e a vitória sobre o Corinthians em Itaquera, pela Copa do Brasil, deram sobrevida ao treinador, mas dias depois a derrota para o Atlético-MG, com um jogador a mais durante boa parte do segundo tempo, trouxe todas as críticas novamente. Os muros da Gávea chegaram a ser pichados em protesto contra o comandante. 

No fim de semana, diante da equipe mista do Athleico-PR, o Flamengo não conseguiu se impor e sofreu para derrotar o time de Tiago Nunes. Nas arquibancadas, o coro contra o treinador já era um indicativo de que o casamento não tinha mais condições de seguir. Na coletiva de imprensa, o treinador tentou se apegar ao elenco para responder as críticas. 

A declaração de que entraria com um time alternativo contra o Fortaleza, nesta sábado, pegou mal entre o conselho diretor, que foi contra a decisão do treinador. O vazamento da notícia e do clima ruim interno foi o estopim para a decisão de Abel Braga em deixar o clube. O treinador apenas antecipou algo que estava programado pelos próprios dirigentes na parada para a Copa América.

No início desta quarta-feira (29), Abel comunicou ao presidente Rodolfo Landim a sua decisão de sair. Em seguida, foi ao Ninho do Urubu conversar com o elenco e encerrou a sua passagem pelo time Rubro-Negro. "Acho que ele chegou, conversou com a família, viu que o nível de desgaste era muito alto e pediu para sair", disse o presidente nesta quarta-feira.

Ao todo, Abel Braga esteve à frente do Flamengo nesta passagem em 32 jogos, com 19 vitórias, 8 empates e 5 derrotas. O time rubro-negro balançou as redes em 59 oportunidades e sofreu 29 gols. 

Com a saída do treinador, Marcelo Salles, que faz parte da comissão técnica permanente do clube, deve assumir de forma interina. O nome de Jorge Jesus agrada a diretoria, mas nenhum foi definindo. "Até esse primeiro momento, a gente não tinha conversado com ninguém. A partir de hoje nós estamos conversando com muita gente. No grupo técnico existem análises que nosso centro de inteligência faz, sem dúvida estamos buscando", avisou Landim.

O Flamengo volta a campo neste sábado, diante do Fortaleza, pelo Campeonato Brasileiro, e na próxima terça (4) define seu futuro na Copa do Brasil contra o Corinthians, pelo jogo da volta das oitavas de final. 

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