*Colaboração: Tauan Ambrosio
Diferente das expectativas, 2021 foi um ano bastante difícil para o Grêmio. De um time que postulou brigar -- e conquistar -- títulos, para um que perdeu uma dura luta contra o rebaixamento. De um dos grandes favoritos ao topo, o Tricolor Gaúcho esteve na zona da degola durante grande parte do Brasileirão e terminou a temporada com sua terceira queda para a Série B. Um verdadeiro pesadelo para o torcedor. Mas o que deu errado?
É sempre difícil entender o que acontece em um ano como este pelo qual passou o Grêmio. O time não teve grandes mudanças de uma temporada para outra antes de começar sua queda livre. O treinador Renato Gaúcho a princípio foi mantido e até reforços chegaram. No entanto, nada disso salvou o rebaixamento no final das contas.
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A questão dos reforços, aliás, foi algo que deu até para dar esperanças ao torcedor tricolor, que viu Renato Gaúcho receber o investimento que tanto pediu.
"O Grêmio não investiu e chegou em três competições. No futebol, você tem que ter jogadores diferenciados. Toda hora a gente chega, mas não vamos ganhar todas. Investiu, pode cobrar. Não investiu, tem até certo ponto para cobrar. Para chegar, tem que investir. Parece que o Grêmio investiu R$ 200 milhões. Eu estou aqui há quatro anos e, se fizerem as contas, o Grêmio ganhou quase R$ 1 bi em vendas, mais quatro títulos. Está ruim? Quer ganhar mais títulos? Vamos investir mais", disse o treinador em 2020.
E o investimento veio. Foram contratações de peso para o Tricolor, que acabou mais iludindo sua torcida do que qualquer coisa. Rafinha e Douglas Costa chegaram e os torcedores apelidaram o elenco de "Super Grêmio". No entanto, o mais longe que alcançou foi o título gaúcho, logo antes de cair na fase preliminar da Libertadores.
Lucas Uebel/GrêmioO peso das grandes contratações que não renderam nada caiu sobre Renato Gaúcho, que acabou deixando o time depois de quatro anos e meio, diversos títulos, e uma excessiva dependência em seu trabalho. Tanto é que, desde a saída de Renato, nenhum técnico se firmou.
Depois de Renato, chegou Tiago Nunes, que ficou pouco e logo deu lugar a Felipão. Com características muito diferentes de seu antecessor, o experiente técnico, que já tinha passagens pelo Tricolor, também não resistiu. E aí o novo escolhido foi, como se fosse num grito de socorro, Vágner Mancini. Na temporada 2020 ele havia conseguido salvar o Corinthians da degola e vinha fazendo um bom trabalho no América-MG, mas não foi o suficiente para recuperar o Tricolor, que já estava em queda livre quando ele chegou, em outubro.
Tantas mudanças no comando, tanto de nomes quanto de estilos, acabaram refletindo nos jogadores. Já baqueados pelos resultados e pela temporada ruim, o elenco tricolor ainda precisou lidar com mudanças excessivas ao longo da temporada, o que acabou por prejudicar o psicológico da equipe. E, como é de conhecimento dos torcedores, em esportes de rendimento, perder a confiança é uma ladeira abaixo.
Ao mesmo tempo, lesões e rendimentos individuais também prejudicaram o "Super Grêmio", que viu nomes como Pedro Geromel e Douglas Costa sofrerem muito fisicamente em momentos cruciais - qualquer um em uma temporada como esta. Jean Pyerre e Rafinha não sofreram com lesões, mas entregaram muito menos do que era esperado, assim como Borja.
Ainda assim, na última rodada o Grêmio tinha suas chances de se manter. Ainda que poucas. E fez a sua melhor exibição na Série A: vitória por 4 a 3 sobre um itme alternativo do campeão Atlético-MG. Mas já era tarde demais.
O roteiro da temporada 2021 -- que gerou revolta dos torcedores-- então, representa a crise de um clube que, mesmo que tenha sido exemplo de gestão nos últimos anos, mostra que isso não é salvação quando você segue o famoso “roteiro de um time rebaixado” nas escolhas do futebol - com mudanças constantes de treinadores, problemas de elenco e perder o apoio de parte da torcida.


