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17 sem esquecer as origens: Mandzukic, o zagueiro obrigado a se tornar o matador histórico que simboliza o orgulho croata

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Independentemente do desfecho neste domingo (15), 11 de julho é um dia que estará marcado na eternidade da Croácia e no coração e na memória de cada croata.

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Foi a data da libertação. 20 anos depois de chegar às semifinais na França, o país, independente há apenas 23 anos, já está na primeira final de Copa do Mundo da sua história.

Em uma região marcada pelo nacionalismo, com cada povo muito identificado e com a sensação de pertencimento a cada nação, história, língua e cultura, Zlatko Dalic e seus comandados fizeram toda a área dos Bálcãs, aliás, milhões de pessoas por todo o mundo, se encantarem e torcerem pela Croácia.

O choro de alegria, a emoção indescritível, viver um momento épico que mais parece um sonho absurdo e impossível. O lance que fez um povo sentir um orgulho enorme de ser croata foi definido por Mario Mandzukic.

Mandzukic | Croacia | 2018YURI CORTEZ/AFP/Getty Images
Kroatien-Mandzukic-Jubel 11072018Getty Images

Aos três minutos do segundo tempo da prorrogação, a terceira seguida da Croácia, o enorme desgaste físico não fez diferença alguma. O matador aproveitou mais uma boa jogada de Ivan Perisic para tornar o sonho de seu país realidade.

O gol mais importante da história da Croácia e da carreira de Mandzukic fez toda uma nação acreditar viver uma ilusão. Em conversa com a reportagem, Ante Buskulic, jornalista da Goal Croácia, confessou: seu país não crê no que está vivendo.

Mas, acredite, o sonho poderia não ter virado realidade se cerca de 20 anos atrás, um treinador não tivesse feito Mandzukic mudar de ideia. Acontece que o então jovem Mario era terceiro zagueiro quando criança e se recusava a jogar como atacante. "Técnico, esta não é minha posição", teria dito o garoto, tentando convencer seu comandante a não colocá-lo no ataque.

Mandzukic-Vida-Kroatien 11072018Getty Images(Fotos: YURI CORTEZ/AFP/Getty Images)

Ainda bem que ele foi convencido a mudar de posição. O destino queria Mandzukic como um dos melhores atacantes do mundo e herói e símbolo da Croácia.

Símbolo não apenas pelo gol, mas pela vontade e pelo enorme orgulho demonstrado pelo matador a cada vez que veste a camisa croata. 

Carregando dentro de si um pouco do jovem zagueiro Mario, Mandzukic não se limita a esperar a bola para balançar as redes, ele luta até o fim em todas as jogadas, ajuda uma enormidade na marcação, se movimenta e abre espaços no ataque, cria chances, dá assistências para os companheiros e faz de tudo no setor ofensivo, jogando pelos lados do campo e também como referência.

 

Recordar é viver, #Croácia! 😊🇭🇷 Um gol pra ficar na história ⚽🏆 da #CopadoMundo... #Russia2018

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O camisa 17 representa seu país e tem orgulho em fazer isso. Ele, afinal, nunca esqueceu suas origens.

Por conta da Guerra de Independência da Croácia, que durou quatro anos e matou cerca de 20 mil pessoas, a família de Mandzukic deixou o país, saindo de Slavonski Brod quando ele tinha apenas quatro anos de idade. Refugiado na Alemanha, o jovem atacante teve o modesto Ditzingen como seu primeiro clube, dois anos depois.

No entanto, com a independência croata e o fim da guerra, em 1995, ele voltou ao país com a família e começou a jogar no Marsonia no ano seguinte. O atacante se profissionalizou em 2004 e já foi bem logo em sua primeira temporada como profissional, marcando 17 gols na segunda divisão. Por esse motivo, o goleador até hoje usa o número 17.

Sim, Mandzukic não esquece suas origens nem mesmo no número de sua camisa.

croatia england - mario mandzukic celebration - world cup - 11072018Getty ImagesMandzukic mostra bandeira da Croácia com o nome de sua cidade 

E, desde então, ele não parou mais. Se destacando no Marsonia, ganhou uma chance no NK Zagreb e em seguida se transferiu para o gigante da Croácia, o Dinamo Zagreb. Depois brilhou no Wolfsburg, fez história no Bayern de Munique e passou pelo Atlético de Madrid, antes de se tornar peça importantíssima na Juventus.

No entanto, se ia ganhando um título atrás do outro em seus clubes, Mandzukic sofria com a sua seleção e por não dar orgulho ao seu povo.

Mesmo na geração de ouro, ao lado de craques como Modric e Rakitic, o atacante não conseguia ajudar a Croácia a brilhar. Constantemente comparada ao time que chegou nas semifinais em 1998, a equipe decepcionou seguidas vezes.

Caiu na fase de grupos da Euro 2012 e da Copa do Mundo de 2014, e depois nas oitavas de final da Euro 2016. O camisa 17 até tinha bons números, mas não conseguia acrescentar uma grande campanha ao seu histórico nacional.

croatia england - vida rakitic mandzukic celebration - world cup - 11072018Getty Images(Fotos: Getty Images)

Isso, porém, finalmente mudou na Rússia. A geração de ouro enfim correspondeu, representou seu povo, sendo o retrato da luta e do orgulho croata, tendo Mandzukic como um de seus principais espelhos.

Atrás apenas de Davor Suker (45), o segundo maior artilheiro da Croácia (32 gols), autor do gol mais importante da história do país e símbolo de seu povo, agora quer transformar a realidade irreal em algo ainda mais absurdo.

Contra a França, ele quer vingar o único artilheiro croata na sua frente, eliminado pelos Bleus na semifinal em 1998, e fazer a Croácia ainda mais orgulhosa com um sonho inesquecível. Um sonho que não seria possível se aquele pequeno zagueiro não tivesse se tornado um grande atacante.

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