O risco de Kylian Mbappé trazer consigo a "confusão PSG" para o Real Madrid de Vinícius Júnior

Quando, em 2022, renovou pela última vez seu contrato com o Paris Saint-Germain, muito se falou da existência de uma cláusula que faria de Mbappé (àquela altura já campeão do mundo pela França) uma espécie de “dono do time”, uma vez que decisões importantes do clube teriam que passar, também, pelo seu crivo.

A saída de Leonardo, ex-jogador brasileiro e então dirigente do clube parisiense, teria sido por influência de Mbappé. O jogador francês também teria exigido a contratação de um camisa 9, preferencialmente Robert Lewandowski, mas o que chamou atenção nas notícias de bastidores teria sido o pedido para o PSG negociar Neymar – o que acabou não acontecendo naquele momento.

A relação entre Neymar e Kylian Mbappé começou bem. Inicialmente, a dinâmica era de irmão mais velho e irmão mais novo. O francês, inclusive, chegou a afirmar que a presença do brasileiro tinha sido fundamental para ele escolher o PSG, após deixar o Monaco, naquele mesmo 2017.

Mas as coisas começaram a ficar diferentes cerca de um ano e meio depois. Não havia dúvidas que Neymar era o principal nome do PSG naquele início, mas a balança de poder passou a mudar quando Mbappé conquistou o título da Copa do Mundo de 2018 com a França. O brasileiro, por outro lado, seguia a sofrer com lesões que lhe tiravam de campo além de outras polêmicas pessoais. A partir daquele momento, as notícias de uma disputa de egos começou a surgir.

Foi apenas em 2021, contudo, que a briga ficou oficial. O jogo válido pela segunda rodada do Campeonato Francês, dentro do Parque dos Príncipes, terminou com vitória por 5 a 2. Mas se qualquer triunfo parisiense no âmbito doméstico é óbvio, a briga em campo entre os dois astros do time surpreendeu: com o placar ainda zerado, Kylian perdeu um pênalti, e quando outra penalidade máxima surgiu no caminho, Neymar pegou a bola e não deixou o francês ir para a cobrança. Gol do PSG.

Mbappé estufou as redes naquela partida, em que a presença de Lionel Messi com a camisa 30 foi um mero detalhe. Neymar, autor de dois gols, foi o grande destaque e deixou o campo aplaudido pelos torcedores. Só havia uma pessoa insatisfeita naquele momento, dentro do Parque dos Príncipes: as câmeras de TV conseguiram capturar Mbappé chamando o brasileiro de “vagabundo” enquanto deixava o gramado.

Ainda que, posteriormente, declarações tenham sido feitas na tentativa de se colocar panos quentes na situação, a animosidade já estava fervendo. Os relatos que surgiram após a vitória sobre o Montpellier diziam que Sergio Ramos precisou intervir para que as duas estrelas não chegassem às vias de fato, ainda nos vestiários.

Pouco depois, Neymar usou as redes sociais para curtir uma postagem que fazia críticas a Mbappé, dizendo que o francês era batedor de pênaltis por imposição contratual e que isso fazia dele “dono do time”. Foi quando Mbappé teria pedido à diretoria para negociar o brasileiro, o que aconteceu cerca de um ano depois, em 2023, quando Neymar foi para o Al Hilal.

Retrato destes tempos modernos, a ruptura ficou sacramentada com o “unfollow” mútuo, o deixar de seguir, nas redes sociais. Neymar continua a curtir alguns posts que fazem críticas a Mbappé. O mesmo Neymar que chama Vini Júnior e Rodrygo de “meus meninos”.

Com todo este histórico dos tempos de PSG, como Mbappé vai se comportar no Real Madrid de um Vini Júnior protagonista? A presença do técnico Carlo Ancelotti, mestre também em administrar estas questões em clubes que reúnem tantas estrelas, é uma das esperanças para o Real Madrid tirar o melhor da situação, mas é sempre bom ficar de olho.

Muito além de ter que entregar com gols, assistências e títulos, o caminho para o sucesso de Mbappé neste Real Madrid começa por deixar para trás tudo o que aconteceu no vestiário do PSG, utilizar como aprendizado, para não se repetir dentro do Santiago Bernabéu.