Mohamed Salah & Liverpool: é hora do adeus e de lucrar com a saída do ídolo dos Reds

O egípcio há muito tempo é o talismã de Klopp e seu legado no Liverpool já está escrito. Como o maior artilheiro do clube na história da Premier League, sua grandeza não pode ser questionada. Ele está lá em cima com Thierry Henry na lista dos melhores atacantes a já terem jogado na Inglaterra.

Mesmo em uma temporada afetada pela Copa Africana de Nações e pela lesão que sofreu durante a disputa do torneio, Salah ainda conseguiu marcar 24 gols e anotar 12 assistências - apenas seis jogadores estiveram envolvidos em mais gols nas principais ligas da Europa.

Em termos de números, uma temporada abaixo do padrão para Salah representa uma campanha incrível para jogadores como Cole Palmer e Ollie Watkins. Nesse sentido, o ponta é vítima de sua própria excelência sustentada ao longo dos últimos sete anos.

Também existem várias razões para acreditar que um período de descanso e recuperação adequados com o fim da temporada permitirá que Salah volte ao seu melhor para 2024/25, após ser claramente prejudicado pelo problema no tendão de Aquiles que sofreu em janeiro - mesmo depois de seu retorno à ação.

Afinal, Salah tem sido praticamente imparável desde sua chegada ao Anfield vindo da Roma. Obviamente, sempre há um pouco de sorte envolvida em evitar lesões graves, mas o regime de condicionamento físico de Salah claramente teve um papel fundamental em sua capacidade de jogar 50 jogos por temporada. Não é difícil prever que ele continue se apresentando em alto nível por mais alguns anos.

No entanto, a notícia de que o Liverpool está considerando manter Salah por mais uma temporada faz pouco sentido financeiro ou esportivo.

O Liverpool fez bem em recusar uma oferta de £150 milhões (R$961,6 milhões) do Al Ittihad por Salah em setembro do ano passado, pois ele ainda estava atuando em alto nível e havia a chance do time voltar a disputar o título da Premier League - mesmo após várias chegadas e saídas no elenco.

E assim se provou, com a grande forma de Salah durante a primeira metade da temporada sendo uma das principais razões pelas quais os Reds foram capazes de se colocar em posição de brigar pela ponta do campeonato antes de ele ir para a Copa Africana de Nações.

Mas muita coisa mudou desde então. Agora, há dúvidas legítimas sobre a forma e a condição física de Salah, bem como sobre a qualidade do provável sucessor de Klopp, Arne Slot. Portanto, se o Al Ittihad oferecer algo semelhante em termos de dinheiro ao fim da atual temporada, deveria ser aceito imediatamente.

Salah completa 32 anos em 15 de junho e tem pouco mais de um ano de contrato. Tem sido relatado que uma nova negociação será discutida com o clube em devido tempo, mas esta é provavelmente a última oportunidade do Liverpool de vender Salah por uma quantia considerável. Isso precisa ser feito, pois um substituto à altura não sairá barato.

Também vale ressaltar que o Liverpool continua sendo um trabalho em andamento. Como as últimas semanas da temporada sublinharam, o elenco ainda precisa ser reforçado em vários setores. Ibrahima Konaté não pode ser contado, Jarell Quansah ainda é muito cru para ser a primeira escolha, o problema do primeiro volante ainda não foi resolvido, enquanto as dúvidas persistentes sobre a adequação de Darwin Núñez para liderar o ataque ressurgiram nas últimas semanas.

Então, assim como a bagatela que o Liverpool conseguiu convencer o Barcelona a pagar por Philippe Coutinho, o dinheiro embolsado com uma eventual venda de Salah poderia ser destinado a um sucessor do egípcio - ou a contratações para preencher lacunas em outras áreas.

Tem sido afirmado que Arne Slot gostaria que Salah permanecesse. Novamente, isso é compreensível. O jogador da seleção egípcia continua sendo a fonte mais confiável de gols do Liverpool.

Diogo Jota é o finalizador mais letal do clube, mas não consegue se manter em forma, Núñez tem muitos altos e baixos, a melhor posição de Cody Gakpo permanece um mistério, enquanto o instável Luis Díaz parece esperar uma transferência ao Barcelona. Ainda se apostaria que Salah marcaria mais gols do que qualquer um de seus colegas na próxima temporada, mas ainda é um risco que poderia dar muito errado.

Não há como o Liverpool permitir que a próxima janela de transferências termine sem que Salah tenha renovado. O risco das negociações não fluírem e perderem, talvez, seu ativo mais valioso em fim de contrato no ano seguinte seria muito grande.

No entanto, mesmo que ele assine um novo contrato, imagina-se que ele permaneça com um salário semelhante às £350 mil (R$2,2 milhões) por semana que ele recebe atualmente - o que seria um salário insano para alguém na casa dos trinta anos que está atuando e se apresentando mal em um clube que não é patrocinado por um estado ou financiado por indivíduos com mais dinheiro do que senso.

Também há a possibilidade de que Salah possa facilmente se tornar uma má influência em Anfield. Julgando pelo que vimos no London Stadium no sábado, ele não reagiria bem a começar no banco com alguma frequência durante os últimos anos de sua carreira.

Foi compreensível a sua frustração? Absolutamente, nenhum outro jogador fez mais pelo Liverpool durante os anos de Klopp. Ele salvou os Reds por várias vezes e tem todo o direito de sentir que Klopp deveria ter mantido a confiança nele, mesmo durante este período improdutivo.

Pode-se facilmente entender por que ele teria ficado chateado por ter ido para o banco em um jogo de "vencer ou vencer", especialmente quando jogadores como Harvey Elliott e Gakpo começaram na frente dele. Nesse contexto, sua demonstração de insubordinação a beira do campo foi, em certa medida, compreensível. Mas sua petulância pós-jogo foi totalmente inaceitável - e exige um pedido de desculpas.

Salah não é um idiota. Ele sabia muito bem que a simples menção da palavra 'fogo' seria polêmica. Em vez de esfriar as coisas, ele alimentou o incêndio - e agora cabe a ele apagá-lo antes do fim da temporada, para que tanto ele quanto Klopp possam desfrutar de uma despedida afetuosa em vez de uma separação amarga.