Luis Suárez, o joelho e o gol: uruguaio mostra no Grêmio por que é gigante

Toda a tensão que envolveu o torcedor gremista em relação a Suárez, antes da 11ª rodada do Brasileirão, estava justificada em dois fatores. A ida de Lionel Messi para o Inter Miami, dos Estados Unidos, e a possibilidade de o uruguaio reencontrar o amigo argentino era uma. Antes de assinar pelo Grêmio, vale lembrar que Luisito havia dado declarações em que afirmava o desejo de jogar na Terra do Tio Sam. A presença de Messi na MLS levantou especulações sobre a contratação de Suárez para reeditar a parceria sul-americana dos tempos de Barcelona. O Grêmio se mantinha confiante pela multa rescisória no contrato assinado até 2024.

Mas a notícia de que dores insuportáveis no joelho fariam o atacante anunciar, repentinamente, sua aposentadoria assustou. Aos 36 anos, não é novidade que Suárez está na reta final de sua carreira. Ainda assim, o camisa 9 tem demonstrado alto nível de futebol no cenário brasileiro. Evidente que o Grêmio sentiria a sua saída. O time é um quando Luis está em campo (ameaça mais o adversário e marca mais gols) e outro quando não conta com seu principal astro. Costuma ser assim quando você tem um craque.

Neste clima de ansiedades e preocupações, quando Suárez caiu no gramado segurando o joelho direito, após choque com o volante Lucas Kal, não houve quem não tenha pensado no pior. Acabaria ali, então, a carreira de um dos melhores jogadores de seu tempo?

Mas Luisito se levantou, saltou e quase fez um gol de cabeça. E ainda que sem muita explosão física ou velocidade, continuou participando da partida. Não fugiu de nenhuma dividida. Deu assistência e fez gol. Após a vitória por 3 a 1, de virada, sobre o América-MG, o atacante e sua esposa ironizaram as notícias sobre o seu joelho e a possibilidade de aposentadoria antes do imaginado.

Foi também depois do jogo que o vice de futebol do Grêmio, Paulo Caleffi, negou qualquer possibilidade de aposentadoria repentina do camisa 9. O grande mistério reside no fato de que, segundo o GE, membros da alta cúpula do clube gaúcho haviam confirmado a situação envolvendo aposentadoria e o joelho de Suárez. O jogador mudou de ideia? As dores no joelho não são insuportáveis? O quanto isso pode afetar a sua temporada e a do Grêmio? Neste caso, recorremos ao chavão que joga para o tempo o encargo de nos dar respostas.

Fato é que, com joelho ruim ou não, Luis Suárez mostra no Grêmio por que é um craque. É a grande esperança de gols do time na temporada, seja estufando as redes ou servindo seus companheiros. Mas sua contribuição vai além: mesmo quando é visível que o corpo não consegue chegar aonde antes conseguia ir, o cérebro e visão de jogo mostram o seu talento. Luisito é conhecido pela veia artilheira, títulos e pela raça com a qual sempre entrou em campo, mas também é daqueles que conhecem os atalhos das quatro linhas.

Se não sabemos o estado real do joelho de Suárez, ou quando exatamente ele vai se aposentar, é indiscutível que hoje os 36 anos lhe cobram uma conta que não cobravam anos atrás. Acontece assim com todo o mundo. A recuperação muscular tende a ser mais demorada, as dores são mais constantes... mas o admirável no uruguaio é a sua disposição para continuar lutando neste cenário.

Quando comparamos, metaforicamente, futebol e guerra, é importante sempre não alimentar nenhum tipo de violência. Ainda mais em um contexto como o que estamos vivendo no Brasil, com torcedores sentindo-se à vontade para ameaçarem atletas e quebrarem estádios.

Mas também faz guerra quem resiste e luta para, com toda a dignidade possível, seguir fazendo o que ama. Depois que Michael Jordan e NetFlix lançaram o documentário “The Last Dance”, virou chavão rotular qualquer despedida como “A Última Dança”. Mas Suárez é mais um lutador do que um dançarino. Se a temporada 2023 irá marcar sua Última Guerra, só ele mesmo pode dizer. Mas está claro que, semana após semana, Luis Suárez faz suas últimas batalhas ainda como um gigante. Com ou sem joelho, há entrega e há gol. É bonito de se ver.