Kevin De Bruyne merece estátua no Manchester City, mas não um contrato especial. Se vier dinheiro da Arábia Saudita, é bom vender

O meio-campista do City, Kevin De Bruyne enfrenta um dilema enquanto seu contrato entra nos últimos 18 meses e ele se aproxima dos 33 anos em junho. Se ele buscar um novo contrato para afastar o interesse da Arábia Saudita e potencialmente da Major League Soccer, o clube pode se ver em uma situação desconfortável.

Embora muitos, especialmente os 50 mil torcedores que o receberam de volta de lesão em janeiro, considerem óbvio que o City deve oferecer um novo contrato excelente a um de seus melhores jogadores, o clube tem uma política não escrita que limita contratos de longo prazo para jogadores na faixa dos trinta anos. Isso visa evitar o pagamento de salários elevados a jogadores em declínio por longos períodos.

Essa política não é exclusiva do City. O Bayern de Munique, por exemplo, oferece contratos de apenas 12 meses para jogadores com mais de 30 anos, uma abordagem que tem sido bem-sucedida ao longo dos anos, apesar da temporada atual.

A política do City de limitar contratos de longo prazo para jogadores mais velhos os levou a dispensar alguns jogadores antes do esperado, incluindo Ilkay Gundogan. Essa abordagem, no entanto, ajudou o clube a permanecer financeiramente à frente dos rivais e a manter a harmonia no vestiário.

Embora tenha havido exceções, como o contrato de dois anos oferecido a Riyad Mahrez, de 31 anos, em 2022, que acabou sendo uma boa jogada quando o jogador foi vendido ao Al Ahli por £30 milhões de libras um ano depois, evitando uma saída gratuita.

Uma das principais exceções foi Kyle Walker, que assinou um contrato de três anos aos 33 anos no verão europeu passado. O City optou por flexibilizar nesse caso, considerando uma oferta séria do Bayern de Munique e o receio de perder outro jogador veterano ao mesmo tempo que se desfazia de Gundogan.

Embora Walker esteja desempenhando bem e até tenha sido nomeado capitão da equipe, mantê-lo como exceção seria mais sensato do que alterar toda a política. Seria preferível manter essa abordagem para garantir a estabilidade financeira e a coesão do elenco, mesmo que isso signifique se separar de De Bruyne em 2025 ou antes.

O belga acumulou 98 gols e 161 assistências, colocando-o como o quarto maior artilheiro de todos os tempos do City. Se mantiver seu contrato até junho de 2025 e evitar lesões, pode ultrapassar Raheem Sterling para assumir o segundo lugar com 131 gols, ficando atrás apenas de Sergio Aguero, com 260.

De Bruyne também é o terceiro maior assistente na história da Premier League, com 106 passes, próximo de superar Cesc Fabregas em segundo lugar. Apesar de estar longe do recorde de Ryan Giggs, 162, De Bruyne alcançou 100 assistências em 237 jogos, 56 a menos que Fabregas.

Considerado por muitos como o melhor jogador da Premier League nos últimos anos, De Bruyne tem sido fundamental para o sucesso do Manchester City. Jamie Carragher afirmou que, se ele estivesse no Liverpool, poderia fazer a diferença para conquistar o campeonato, destacando sua dominância e influência no jogo.

"Ele tem sido a diferença para o Manchester City, quando você pensa em quantas vezes eles superaram o Liverpool em termos de títulos da liga. Se você colocá-lo com uma camisa do Liverpool, acho que eles ganhariam o campeonato, é assim que ele é dominante."

De Bruyne reconhece seu valor e, ao negociar seu último contrato com o City, contratou uma empresa de análise para respaldar suas demandas salariais. O Analytics FC demonstrou que ele foi o melhor jogador da Europa em termos de contribuição ofensiva, mostrando como o City se beneficiava enormemente de sua presença em campo.

Enquanto Cristiano Ronaldo e Lionel Messi estavam no auge, De Bruyne conseguiu provar que sua importância para o City era crucial, destacando que poderia fortalecer um rival europeu se não recebesse o que considerava justo, aumentando suas chances de vencer a Champions League.

O City acabou concordando em pagar o que De Bruyne pedia, e isso se mostrou um investimento acertado. Desde a assinatura de seu último contrato em 2021, ele marcou 29 gols e deu 46 assistências, contribuindo para dois títulos da Premier League, a Copa da Inglaterra e a tão desejada Champions League.

Apesar de se machucar na final contra o Inter, De Bruyne foi fundamental para levar o City até lá, marcando um gol crucial contra o Real Madrid nas semifinais. Sua atuação decisiva também foi evidente na final da Copa da Inglaterra, contra o Arsenal, onde marcou dois gols.

No entanto, a lesão no tendão que De Bruyne sofreu em Istambul pode ter marcado o início de seus problemas a longo prazo. Ele revelou na época que vinha lutando com pequenas rupturas há dois meses e durante a final, o mesmo tendão da coxa acabou rompendo.

Foi um fim de temporada cruel para De Bruyne, que já havia sido forçado a sair durante a final de 2021 devido a um ferimento na cabeça. No entanto, em 2023, o City conseguiu vencer a final, substituindo De Bruyne por Phil Foden com pouco impacto no jogo geral e garantindo a vitória sobre a Inter graças a um gol de Rodri.

De Bruyne perdeu parte da pré-temporada do City, mas retornou como titular no jogo de estreia contra o Burnley. Infelizmente, o mesmo tendão cedeu novamente aos 23 minutos, levando-o a passar por cirurgia e a perder cinco meses de ação. Ele admitiu mais tarde que as lesões anteriores nos isquiotibiais haviam deixado tanto tecido cicatricial que qualquer movimento poderia resultar em nova lesão.

O City sentiu naturalmente a ausência de De Bruyne, mas novamente Foden assumiu a posição e consolidou seu lugar na equipe. O City venceu os seis primeiros jogos da temporada sem De Bruyne e, quando ele retornou em janeiro, ainda estava na disputa pelo título da Premier League com Arsenal e Liverpool. Na Champions, venceram todos os seis jogos do grupo.

Embora tenham sofrido três derrotas na Premier League e sido eliminados da Copa da Liga Inglesa pelo Newcastle, argumenta-se que essas derrotas destacaram a importância de Rodri, suspenso em todos esses jogos, mais do que a de De Bruyne. Desde seu retorno em janeiro, o belga tem sido excelente, contribuindo com dois gols e seis assistências em apenas quatro jogos como titular.

Contra o Newcastle, sua presença fez a diferença entre uma possível derrota e uma vitória crucial na corrida pelo título. Ele também teve participação em todos os gols na vitória por 3 a 1 sobre o Copenhagen. No entanto, é seguro afirmar que sua influência no sucesso do City já não é tão significativa quanto era quando negociou seu último contrato em 2021.

Também surgiram novas preocupações sobre a condição física de De Bruyne, o que naturalmente tornará o City mais cauteloso em estender seu contrato. Guardiola destacou a necessidade de cuidado desde o retorno do jogador, e sua explicação franca sobre sua ausência no último jogo levantou alarmes.

“Ele tem problemas na região dos tendões da coxa e eu não queria correr nenhum risco com ele”, disse o treinador, antes de acrescentar rapidamente: “Ele está bem, está bem, era mais uma questão de prevenção. Os médicos disseram para não correr riscos."

Embora possa não ser motivo de grande preocupação, é alarmante que o City precise ser tão cauteloso com sua condição apenas alguns meses após uma cirurgia para tratar o problema.

A diretoria do clube parece tranquila em relação ao futuro de De Bruyne, apesar dos rumores de interesse da Arábia Saudita. Uma fonte afirmou à GOAL que "ninguém está preocupado" e que não há negociações de contrato iminentes, já que clube e jogador mantêm uma relação sólida desde 2016, quando De Bruyne se juntou ao City.

O interesse da Arábia Saudita desperta certo interesse, especialmente porque Michael Emenalo, o diretor de futebol da Liga, esteve envolvido na transferência de De Bruyne para o Chelsea em 2012. No entanto, relatos indicam que De Bruyne e sua família prefeririam uma mudança para a MLS em vez do Sauditas.

Segundo o The Athletic, De Bruyne inicialmente planejava negociar um novo contrato com o City e permanecer no clube até cerca de 2026, quando completaria 35 anos, antes de saber do interesse da Arábia Saudita.

Se um acordo de curto prazo, mutuamente benéfico, pudesse ser alcançado, o City estaria disposto a manter De Bruyne pelo tempo que fosse possível. Sua capacidade de decidir jogos com maestria é inegável, e sua experiência e mentalidade podem inspirar o restante da equipe.

No entanto, considerando que seus talentos podem estar diminuindo gradualmente com a idade e as dúvidas sobre sua forma física persistem, não há razão para o City comprometer suas finanças para mantê-lo indefinidamente.

Se uma oferta significativa de algum time do Campeonato Saudita surgir, permitindo ao City reinvestir no time e planejar para o futuro, talvez seja sensato considerá-la.