Assim como o lançamento de uma moeda, uma decisão controversa de arbitragem tem dois lados. É seguro dizer que Lionel Messi teve dificuldades em enxergar os dois lados durante a Copa América de 2019.
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Ao nível do clube com o Barcelona, Messi encontra-se ocasionalmente do “lado” da arbitragem. Desde a vitória na semifinal da Champions League sobre o Chelsea em 2009, até a extraordinário classificação diante do PSG em 2017, houve casos altamente divulgados nos quais os deuses do futebol sorriram para a estrela argentina. Sem surpresa e controvérsias às decisões de Messi, o Hermano nunca parou para questionar os juízes.
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Durante esta edição da Copa América, a Argentina caiu para o Brasil nas semifinais e Messi, mais uma vez, não conseguiu brilhar no cenário internacional. Embora alguns pontos de interrogação girem em torno de uma série de chamadas, incluindo a expulsão do atacante do Barça na disputa pelo terceiro lugar contra o Chile, não há dúvida de que a conduta de Messi após o jogo - e após a derrota na semifinal - ficou muito a desejar deixando em aberto a falta de respeito do argentino, algo questionado por Tite, técnico da seleção brasileira.
Messi que se recusou a aceitar a medalha de terceiro lugar alegou que o torneio tinha sido fraudado para os anfitriões, já que a frustração por não vencer a competição e brilhar com a Albiceleste ferveu de maneira hipócrita.
"Não há dúvida de que tudo está preparado para o Brasil", rebateu Messi. "Eu não queria fazer parte dessa corrupção, não deveríamos ter que fazer parte desse desrespeito que sofremos durante a Copa América. Poderíamos ter ido mais longe, mas não fomos autorizados a chegar na final. Corrupção, árbitros e todo o resto impediram as pessoas de desfrutarem do futebol. Eu sempre digo a verdade e sou honesto, é isso que me mantém calmo, se o que eu digo tem repercussões isso não são da minha conta".
A verdade, no entanto, é que o futebol é frequentemente um jogo e Messi já se manteve quieto quando os lances polêmicos o beneficiaram. Um infame exemplo ocorreu no duelos de volta das semifinais da Champions League 2009, entre Barcelona e Chelsea, quando os Blues tiveram várias penalidades claras não marcadas pelo árbitro daquela partida, Tom Henning Ovrebo.
Tom Henning foi notoriamente marcado como "uma desgraça" pelo ex-atacante do Chelsea, Didier Drogba, em entrevista ao vivo após a eliminação do clube inglês e, consequentemente, classificação do Barça que venceu o Manchester United na final.
O próprio Ovrebo admitiu nove anos depois que não foi uma performance da qual se orgulhava: "Não foi meu melhor dia, realmente", disse em entrevista ao Marca em 2018, após a aposentadoria.
"Houve vários erros e todos terão sua opinião sobre essas jogadas. Mas esses erros podem ser cometidos por um árbitro e, às vezes, por um jogador ou um técnico. Alguns dias você não está no nível que deveria estar”, seguiu o ex-juiz que ressaltou: "Mas não, eu não posso me orgulhar daquele desempenho".
Dois anos depois daquela noite infame em Stamford Bridge, os catalães voltariam a se beneficiar graças a outra polêmica na Champions League ao derrotar o Real Madrid por 2 a 0, na primeira rodada da semifinal de 2011. Naquela noite, o Real teve o técnico José Mourinho e o zagueiro Pepe expulsos de forma questionável.
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Não é uma mentira, o The Special One lançou um artigo contundente sobre os resultados do Barcelona nos últimos anos sugerindo que o clube tem se beneficiado das decisões de arbitragem.
"Um dia, gostaria que Josep Guardiola vencesse a competição corretamente", ironizou Mourinho, na época. "Estamos falando de um time de futebol absolutamente fantástico, então por que eles precisam disso? Porque em todas as semifinais acontecem as mesmas coisas? De onde vem o poder deles? Eu não sei se é o patrocínio ou se é porque eles são caras legais. Eu não entendo. Eles têm que chegar à final, e eles vão chegar lá e ponto final".
Mourinho que chegou a ser ridicularizado por conta das ultrajantes alegações de conspiração ao Barça em 2011 ainda foi suspenso pela Uefa por cinco jogos. Agora, oito anos após o ocorrido, Messi repetiu ofensas semelhante à Conmebol. Mas sofrerá um severo castigo?
Dada a natureza moderada de Messi, foi certamente surpreendente ver o capitão da Argentina cometer o mesmo incidente de Mourinho enquanto lançava uma nuvem de dúvidas sobre o sucesso do Brasil na Copa América.
Para o capitão do seleção brasileira, Thiago Silva, a conduta de Messi não só carecia de classe, mas também tinha sérios tons de hipocrisia: "Às vezes, na derrota, tentamos nos concentrar em outras pessoas", disse Thiago depois após o título do Brasil.
"Eu acho que ele [Messi] não disse isso por maldade, mas estamos tristes porque, no jogo que perdemos por 6 a 1 para o Barcelona, ele jogou o árbitro, o que, na minha opinião, foi ridículo. Mas nós não dissemos que o árbitro era a favor do Barcelona. Acho que você tem que mostrar respeito”. Thiago Silva estava presente no duelo repleto de polêmicas no qual o Barça derrotou o PSG por 6 a 1, na Champions de 2017, e eliminou o time francês.
O brasileiro ainda rebateu: "O Brasil não tem cinco estrelas por acaso, nenhuma delas foi roubado. Foi jogado em campo."
Nada poderá retirar as incríveis realizações de Messi com o Barcelona. No entanto, o superstar certamente irá se recuperar do colapso na Copa América, por sua vez, parecendo um pouco hipócrita diante de controvérsias de arbitragem no passado.
