Germán Cano comemora fazendo o L em Fluminense x Vasco, Carioca 2023Marcelo Gonçalves/Fluminense FC

Momentos como o gol de Cano sobre o Vasco mantêm vivo os estaduais

O golaço marcado por Germán Cano, um chute do meio-campo com o pé esquerdo (que não é o seu preferencial), no clássico entre Fluminense e Vasco foi o ponto alto do final de semana no futebol brasileiro – apesar da realização de outros clássicos e do Flamengo na decisão do terceiro lugar do Mundial de Clubes da Fifa. Ainda que fosse apenas um duelo válido por uma insossa oitava rodada, a ebulição de emoções geradas pelo feito do argentino mostra por que, ainda que a duras penas, os campeonatos estaduais seguem respirando.

Já não é mais surpresa para ninguém que os estaduais (como neste caso o Carioca) estão situados na prateleira mais baixa de importância para as principais equipes que compõem o futebol brasileiro. Várias são as explicações para esta queda de protagonismo – o avanço, nas últimas décadas, do que é global sobre o que é local, os regulamentos chulos e confusos e por aí vai... – mas estes motivos não serão abordados aqui. O golaço de Cano na vitória por 2 a 0 do Tricolor das Laranjeiras sobre o Gigante da Colina mostra por que tais campeonatos ainda são capazes de gerar algum burburinho: estamos falando de um momento histórico inserido no contexto de grande rivalidade, provocações e empolgação para o que o futuro pode entregar.

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O mais recente Fluminense e Vasco não valia vaga em final e nem título, tampouco três pontos dentro de um campeonato de grande importância. Ou seja, dentro da vibe pré-temporada que hoje tem um estadual, seria só mais um dos muitos clássicos que já tivemos pelo Campeonato Carioca. Mas acontece que clássicos também possuem a particularidade de serem geradores potenciais de mágica. O mais recente duelo de tricolores e cruz-maltinos ganhou proporção digna de sua tradição por causa da rivalidade, tanto entre camisas quanto dentro da briga que ambos travam por causa do Maracanã, e pelo vislumbre de um 2023 melhor do que os anos anteriores.

O Vasco teve uma atuação boa, poderia ter vencido não fossem as defesas de Fábio na meta adversária, e contou com apoio maciço de seu torcedor – que esteve em maioria no Maracanã. Em que pese a grande frustração de mais um jogo sem vitória sobre o Flu (a sétima consecutiva) e, pior ainda, ver Cano, ex-jogador vascaíno, brilhando agora como algoz nos braços dos tricolores, desde a chegada da 777 Partners para investir na SAF cruz-maltina não há dúvidas de que o futuro promete mais do que o passado mais recente. E isso gera uma expectativa positiva no torcedor. Já o Fluminense recuperou a confiança ao ver que tem peças decisivas, coisa sempre importante em uma temporada com Libertadores e sonhos na Copa do Brasil.

A expectativa e a rivalidade encheram o Maracanã, o contexto é importante mas nos últimos anos isso nem sempre foi o bastante. O primeiro gol marcado por Germán Cano adicionou o tempero pelo seu passado como vascaíno antes de se estabelecer como ídolo tricolor, mas foi o segundo que deu ares históricos ao clássico da oitava rodada. Gols do meio-campo são, afinal de contas, tão raros que receberam a alcunha de “gol que Pelé não fez”. Testemunhá-los é sempre um evento para ficar na memória. Em clássico, isso fica ainda maior. É o famoso “quem viu, viu”. E viu em um jogo de campeonato estadual. O Campeonato Carioca agradece.

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