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Seleção brasileira feminina, 2022CBF/Divulgação

O que esperar da seleção brasileira feminina na SheBelieves Cup 2023

A Data Fifa de fevereiro (13 a 23) marca o pontapé inicial do calendário de seleções em 2023. Por ser ano de Copa do Mundo, disputada do dia 20 de julho ao dia 20 de agosto na Austrália e na Nova Zelândia, o peso sobre as equipes é maior e a necessidade de preparação adequada aumenta.

Exatamente isso que Brasil, Canadá, Estados Unidos e Japão procuram na SheBelieves Cup, torneio amistoso realizado do dia 16 ao dia 22 de fevereiro em solo estadunidense. Enfrentar adversários competitivos e que possuem escolas de jogo diversificadas é o ideal para provar seu elenco e colocar em prática os ajustes necessários, fato muito valorizado por Pia Sundhage, treinadora do conjunto Canarinho.

No comando desde agosto de 2019, Sundhage iniciou o tão sonhado (e sempre postergado) processo de renovação da equipe a partir de setembro de 2021, pós Olimpíada de Tóquio. Uma das ações da sueca foi rejuvenescer o elenco, dando oportunidades (e confiança) para atletas como Kerolin, Ary Borges e Tainara, além de continuar apostando em Geyse e Angelina (no momento, se recuperando de lesão).

Enfrentar os melhores é sempre um dos principais pedidos da comandante, que deseja observar os comportamentos de suas jogadoras em situações desafiadoras. “Elas precisam ser capazes de verificar se conseguem defender e atacar um time técnico como o Japão, ou um time forte e competitivo como o Canadá, ou talvez o melhor time do mundo: os Estados Unidos”, destacou na coletiva de convocação. Segundo Pia, esta é a melhor forma de aprender e se provar, com as atletas, incluindo as mais novas, caminhando para atingir o próximo nível.

BODY ONLY Convocação Brasil feminino SheBelieves Cup 2023CBF

Vinte e três atletas foram chamadas para representar o Brasil, mesmo número exigido pela Fifa na lista final para Copa do Mundo. De acordo com a técnica, a maioria das convocadas estarão na Austrália e na Nova Zelândia em julho, mas sempre há espaço para uma nova chance, o que ela destaca como “a beleza do esporte”.

Nomes como o de Nycole Raysla (atacante do Benfica), Yasmim (lateral esquerda do Corinthians) e Júlia Bianchi (meio-campista do Chicago Red Stars) voltaram a ser lembrados após certo tempo. Elas buscam impressionar e colocar uma pulga atrás da orelha da sueca, assim como Bruninha (lateral direita do Gotham FC), Lauren (zagueira do Madrid CFF) e Tarciane (zagueira do Corinthians), lembradas novamente.

Olhando para o cenário de convocação, realmente poucas vagas parecem abertas, ainda mais se considerarmos que Antonia e Angelina devem retornar de lesão a tempo. Creio que temos quatro em disputa, sendo duas na defesa, uma no meio-campo e uma no ataque. Assim como as supracitadas, Ana Vitória (meio-campista do Benfica) e Ludmila (atacante do Atlético de Madrid) também se colocam na briga das “não garantidas”.

O quadro desta Data Fifa, longa, distribuída em onze dias e com três amistosos em disputa, indica chance de ouro para estas que ainda estão na “bolha”, tentando se provar para comissão técnica. Por isso, cada minuto, seja ele em treinamentos ou em jogos, é vital para se colocar em evidencia e como figura útil para equipe.

Trazendo o foco para o campo, a Seleção Brasileira terá três confrontos distintos e desafiadores. Uma das missões da Canarinho será buscar maior consistência e equilíbrio em suas atuações. O conjunto ainda precisa melhorar a compreensão tática e de posicionamento, bem como a execução e eficiência das ações em campo.

Um dos pontos de inquietação está no meio-campo, que tem sofrido com vários desfalques por lesão. Para Pia, o setor é o “coração da equipe” e a atleta que ali está precisa escanear e ler muito bem o jogo que passa em sua frente, nas costas, em sua direita e em sua esquerda. A necessidade forçada de mudança das duplas de meias tem dificultado a dinâmica no setor, o que impacta no restante do time. A dúvida fica em quem será a companheira de Ary Borges nos próximos dias: Júlia Bianchi? Ana Vitória? Rafaelle, reprisando breve teste feito em setembro de 2022? Ou até mesmo Kerolin, repetindo a experiência realizada em novembro do ano passado?

Além disso, o Brasil precisa demonstrar evolução na postura sem a bola. Sundhage frisa constantemente a importância dos movimentos sem a bola e da compreensão das características das companheiras em campo, visando melhor avaliação no momento e na forma de executar uma jogada. Fato este que precisa ser colocado em prática de forma efetiva contra nossos oponentes, sempre lembrando que uma jogadora não define o time, mas sim todo o coletivo.

Como já citado, enfrentaremos escolas diferentes e que vão nos tirar da zona de conforto. A ver se a Seleção mostrará maturidade para responder aos desafios em campo, não só na parte mental, mas também no momento de pressão e das decisões. A execução das jogadas no setor ofensivo tem sido dor de cabeça neste ciclo, com algumas imprecisões no instante de escolha da ação e na hora de finalizar. Este é o período para apurar os fundamentos.

Outro elemento-chave está no impacto das peças vindas do banco. Desde a fase pré Copa América, a treinadora destaca a importância que todas as atletas têm para o time, que não é composto apenas pelas onze titulares. É vital que as jogadoras que saiam do banco potencializem a performance coletiva e façam a diferença, fator este que ainda tem sido custoso para o Brasil.

Defensivamente, a equipe será bastante testada. A compactação será vital para proteger a defesa. Será necessário ler bem o plano de jogo do adversário e reagir a ele, definindo os momentos de subir marcação, aumentar a pressão ou ficar mais postado esperando o momento do contra-ataque. Um dos desejos de Pia é que a equipe consiga, com maior recorrência, recuperar a bola em zonas mais altas no campo de ataque.

1:1 Marta, BrasilCBF

Por fim, é preciso destacar o retorno de Marta. Longe dos gramados desde março de 2022, a Rainha está recuperada da lesão no ligamento cruzado anterior de seu joelho. Como vimos nos últimos meses, a Seleção não é mais dependente de Marta, mas ter o reforço da melhor jogadora de todos os tempos é gigantesco. Resta à Sundhage analisar a melhor forma de potencializar nossa camisa dez e extrair o melhor para equipe, se será iniciando a partida, mas saindo ao longo do segundo tempo, ou se será vindo do banco.

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