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Ricardo Sá Pinto Vasco Caracas Sul-Americana 04 11 2020Divulgação/Conmebol Sul-Americana

Do Ramonismo a Sá Pinto, o que piorou tanto no Vasco?

Em determinado momento desta temporada, o Vasco achou que uma fase surpreendentemente positiva poderia estar à altura de seu gigantismo histórico. Não era o caso. E em meio à queda de resultados após um bom início de Brasileirão, dirigentes decidiram demitir o técnico Ramón Menezes. Veio o português Ricardo Sá Pinto, mas as vitórias ficaram cada vez mais raras. Hoje na zona de rebaixamento, o clube viu membros de torcidas organizadas invadirem o CT para protestarem e o técnico luso foi um dos mais cobrados.

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“Eu sou o máximo responsável. Quando eu não tiver condições (de salvar o time do rebaixamento), sou o primeiro a ir embora. A gente tem condições. Calma, calma, calma. Há um conjunto de fatores que não tem sido favorável a nós. Muitos jogos que a gente não tem ganho demos muito azar, foram em detalhes. Tem a ver com coisas do jogo”, disse o português aos torcedores nesta quinta-feira (10). A mudança de ares é nítida desde o otimismo trazido pelo “Ramonismo” e a insatisfação atual. De lá para cá, no entanto, muita coisa mudou.

Menos gols marcados... e mais derrotas

O Vasco de Sá Pinto até cria, em média, mais oportunidades do que o de Ramón criava (7.3 chances de gol por partida contra 6.8, segundo a Opta Sports). O problema é que não mais as converte tanto em gols. Quantidade não é qualidade. A média de gols sofridos é idêntica entre ambos (1.25 por jogo), mas a de tentos marcados diminuiu drasticamente (de 1.4 com Ramón para 0.6 com Sá Pinto). Conclusão mais óbvia, o Vasco sofre mais para vencer e as derrotas viram um cenário bem mais comum.

Queda individual de peças-chave

Leandro Castán treino Vasco 10 12 2020Rafael Ribeiro/Vasco(Foto: Rafael Ribeiro/Vasco)

Para que o todo tenha apresentado esta mudança para pior, o individual também tem a sua parte na conta. Esta queda em relação ao início de caminhada no Brasileirão, entretanto, já havia começado quando Ramón seguia na área técnica. O principal exemplo aqui é o de Germán Cano, grande arma ofensiva do Cruz-maltino nesta temporada: o argentino ficou sem marcar nas últimas seis partidas do “Ramonismo vascaíno”, e além de ser eliminado pelo Botafogo na Copa do Brasil a equipe não vencia. Esta falta de resultados motivou a demissão do ex-jogador e a chegada de Sá Pinto.

Contudo, não foi apenas o jejum de Cano que explica a queda de rendimento: Andrey, Benítez e até mesmo o contestado Fellipe Bastos, que impressionou no início de Brasileirão, não conseguiram manter a regularidade no mais alto nível. A dificuldade que o Vasco tem com a bola nos pés é nítida e beira o assustador. Recentemente, o zagueiro Leandro Castán, intocável em um passado nada distante, também passou a protagonizar falhas.

Tensões no ambiente

Castán, inclusive, seria um dos jogadores descontentes com o trabalho de Sá Pinto no Vasco. A sua queda de rendimento individual coincide com a chegada do treinador português. Durante a derrota por 4 a 0 para o Grêmio, no qual o defensor foi substituído no intervalo ainda em um empate sem gols, sua esposa postou nas redes sociais demonstrando o incômodo com a situação e apontando para o placar, então de 3 a 0, da derrota. Fellipe Bastos é outro dos jogadores que estariam insatisfeitos.

Situação política

São Januário - Vasco da GamaDivulgação/ Vasco.com.br(Foto: Divulgação/Vasco)

Em meio aos resultados ruins dentro de campo, soma-se o caos fora das quatro linhas representado pelas eleições presidenciais do clube, mais uma vez envoltas em polêmicas, decisões judiciais... e indefinição.

Como a decisão sobre quem é o vencedor ainda não aconteceu, o futuro até mesmo em curto prazo está em risco. Um exemplo disso está na situação do meio-campista Martín Benítez, um dos melhores do time, cujo contrato de empréstimo termina em 31 de dezembro. O jogador, que antes tinha sua compra encaminhada, agora dificilmente seguirá em São Januário. Nos sete jogos em que não contou com o atleta, o Vasco ainda não venceu no Brasileirão.

Expectativa/realidade

Fellipe Bastos Vasco Sport Brasileirão 13 08 2020Divulgação/Vasco(Foto: Divulgação/Vasco)

O que piorou? Se as confusões políticas em pleitos presidenciais vascaínos são uma triste tradição que 2020 provou continuar, o que piorou foi a diferença entre expectativa e realidade. E, principalmente, a decisão tomada baseando-se nisso.

Desde o bom início vascaíno no Brasileirão, se apontava a grande probabilidade de queda no rendimento, levando em conta as opções disponíveis no grupo de jogadores. O torcedor pode ser feito para sonhar, mas o mesmo não vale para dirigentes, que decidiram sacar Ramón Menezes quando a queda de rendimento tirou o time da parte de cima da tabela para a 11ª posição. Hoje, o Gigante da Colina é o 17º.

Dentre os jogadores que tiveram grandes momentos naquele início do “Ramonismo”, apenas Germán Cano conseguiu manter um pouco o ritmo. Não é o bastante em meio a um cenário de competição como o nosso, ainda mais em meio à pandemia de Covid-19 que traz consigo desfalques eventuais. O Vasco já chegou a sofrer com isso, inclusive foi um dos mais atingidos - ou seja, entrando muitas vezes desfalcado. E pelo visto, deve sofrer até o final do campeonato na luta para não cair.

Tensões políticas e escolhas ruins, tomadas por quem parecia não conhecer o grupo de jogadores que têm, ajuda (e muito) a explicar a situação atual do Cruz-maltino.

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