Em meio a um cenário de incertezas dentro de campo, a situação do Cruzeiro parece piorar a cada dia mais. Isso porque o empresário Pedro Lourenço, proprietário da rede de Supermercados BH, patrocinador máster do clube e que auxilia no pagamento de dívidas pontuais, entrou em rota de colisão com o presidente Sérgio Santos Rodrigues.
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Com salários atrasados de jogadores e funcionários e sem a ajuda financeira do mecenas, o resultado pode ser o Cruzeiro punido mais uma vez pela Fifa com o impedimento de realizar contratações, o chamado transfer ban. O motivo é o não pagamento da dívida com o Defensor Sporting, do Uruguai, na contratação do meia-atacante Arrascaeta, atualmente no Flamengo. A notícia foi antecipada pela Goal nos últimos dias.
Agora, o clube mineiro terá que desembolsar cerca de R$ 7 milhões, além de R$ 112,9 mil em custas processuais, em até 30 dias sob o risco de sanção por parte da Fifa. Por isso, o diretor de futebol Rodrigo Pastana está atento ao mercado para tentar alguma contratação pontual para reforçar o elenco antes que a Raposa seja impedida de registrar novos jogadores.
Em entrevista à Rádio Itatiaia, o presidente do Sérgio Santos Rodrigues confirmou que o Cruzeiro está agilizando reforços que serão contratados antes punição da Fifa, mas pondera que não tem culpa de erros do passado que levaram o clube à delicada situação financeira na qual se encontra.
“A gente vai buscar essas melhorias no elenco e estamos olhando outros nomes no mercado. Mas, é claro, a torcida precisa entender o lugar em que a gente está. Às vezes a gente vai atrás de um jogador, que vê que o Cruzeiro está com salários atrasados e não vem, aí a culpa não é minha, é a herança maldita que a gente herdou. Temos que trabalhar com o que temos em mãos. A gente espera mais três ou quatro peças para poder agregar ao grupo”, explicou.
Rodrigues garante que o clube não tem mais nenhuma punição passível de perda de pontos, como aconteceu no ano passado: a Raposa iniciou a Série B com uma dedução de seis pontos por conta da dívida com o Al-Wahda, pela contratação do volante Denílson.
“O menos mal é aquela que impediria a gente de registrar jogador. Estamos caminhando para, nas duas próximas semanas, ter a situação resolvida no elenco para a Série B. Estamos buscando uma solução com o Defensor, ainda não chegamos a essa solução, para tentar parcelar ou alongar essa dívida pela contratação do meia Arrascaeta e não sermos tão prejudicados", disse o presidente.
Saída do mecenas
Após a eliminação no Campeonato Mineiro, o empresário Pedro Lourenço disse ao presidente do Cruzeiro que o técnico Felipe Conceição não tinha perfil para comandar o Cruzeiro com o objetivo de voltar à elite do futebol brasileiro. Na época, 20 dias antes do começo da Série B, ele entendia ser importante a contratação de um treinador experiente.
Para o empresário, dois nomes poderiam ser procurados pelo clube: Vanderlei Luxemburgo e Dorival Júnior, devido a experiência que possuem no futebol brasileiro. Pedro Lourenço ainda indicou Alexandre Mattos para o cargo de diretor de futebol, que estava vago com a saída de André Mazzuco para o Santos.
As ideias foram rechaçadas pelo presidente, que não concordou com as sugestões do empresário. A postura de Sérgio Santos Rodrigues irritou Pedro Lourenço que, então, decidiu não ajudar mais a atual administração no pagamento de salários e dívidas da Fifa. O empresário lidera a Supermercados BH, a rede de supermercados com o 7º maior faturamento anual do Brasil.
“Realmente, aconteceu esse fato na época do América (derrota e eliminação no Mineiro). Pedi a ele (Lourenço) para esperar mais um pouco, porque achava que estávamos vendo uma evolução no trabalho do técnico Felipe Conceição. Sabia que ele era contrário, mas a gente continuou conversando. Por mais que ele seja essa figura principal que ajude a gente, mas nem sempre está no dia a dia, não está acompanhando o desenvolvimento do trabalho interno, que acho que é fundamental para entender o que é melhor para o clube naquele momento”, contou Rodrigues.
O presidente ainda lembrou que, se o empresário quisesse ser presidente do Cruzeiro, bastava apenas colocar seu nome e sequer precisaria ser escolhido em eleição, por ser unanimidade em todas as alas políticas do clube.
“Quando fui eleito já convidei o Pedrinho (Pedro Lourenço) para ser o vice-presidente de futebol do Cruzeiro, e com autonomia de tomar a definição que quisesse e ele sempre falou que não e não conseguiria assumir. Sobre o Dorival, a gente chegou a procurar outra vez, mas ele falou que não iria treinar porque está aguardando uma proposta de fora”, falou.
O presidente do Cruzeiro ainda destacou que seria bom para o Cruzeiro ter um parceiro como o Pedro Lourenço dentro do futebol do clube.
“Um cara dedicado, que entende e gosta de futebol. Já havia chamado ele e o Juninho, filho dele, para participar. É um menino 10, que sabe muito e assiste futebol o dia inteiro. Ele (Pedro Lourenço) não falou hora nenhuma que está brigado comigo. Continuo 100% aberto e quero que esteja ao nosso lado no clube-empresa e no futebol”, reiterou.
Giovanni de volta
Se a realidade não permite contratações ousadas, o clube mineiro vai se virando como pode para tentar reforços. Por isso, o Cruzeiro solicitou a volta do meia Giovanni Piccolomo, que estava emprestado ao Avaí desde o término da Série B. Na atual temporada, ele fez 17 jogos pelo Avaí, com dois gols e três assistências, além de participar do título do Campeonato Catarinense com o clube de Florianópolis. O retorno do jogador passou pelo aval do técnico Mozart. Os dois trabalharam juntos em 2019 quando estavam no Coritiba.
“Espero junto a meus companheiros conseguir conquistar nosso objetivo principal neste ano que com certeza é colocar o Cruzeiro na Série A", diz o meia-atacante.
“Tive oportunidade de trabalhar com ele (Mozart), que é um treinador que vem conquistando grandes coisas nas competições que disputa. No ano passado fez um grande trabalho no CSA. Eu, particularmente, conheço ele há muito tempo, ele acompanhava a gente direto lá no Coritiba, ele estava no dia a dia. Tenho certeza que juntos faremos um grande trabalho”, reitera. O jogador atuará com a camisa 28.
Ariel Cabral reintegrado
Washington Alves//Light Press/CruzeiroFoto:Washington Alves//Light Press/Cruzeiro
O volante argentino Ariel Cabral vai reaparecer com a camisa do Cruzeiro na partida contra a Ponte Preta, nesta quarta-feira (16), em Campinas. Ele não joga pelo clube desde o dia 3 de outubro do ano passado, quando o time perdeu para o Cuiabá por 1 a 0, na Arena Pantanal. Ele acabou emprestado ao Goiás pelo resto da temporada passada.
Com o técnico Felipe Conceição, o argentino não fez nenhuma partida pelo Cruzeiro, embora já tivesse voltado a treinar em sepado na Toca da Raposa II enquanto aguardava uma proposta para sair. O Botafogo chegou a se interessar em sua contratação, mas a situação não evoluiu.


