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Edinson Cavani PSG 2019-20Getty

Caso Cavani reflete lado negro do PSG: não saber tratar um ídolo

Quando Edinson Cavani deixar o PSG neste mês, ele o fará sem que o seu valor nunca tenha sido reconhecido da forma que o uruguaio merece.

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Querido pela torcida - adorado por sua intensidade, entrega e proficiência em balançar as redes - Cavani raramente recebeu tal amor do banco de reservas e da diretoria, apesar de uma artilheira passagem pela capital francesa.

Desde que chegou do Napoli no verão de 2013 por valores altíssimos (foi a maior transferência da história do PSG até aquele momento) de 64 milhões de euros, como resposta à contratação de Radamel Falcao pelo Mônaco, Cavani travou uma batalha sem sucesso para ser reconhecido como o camisa 9 do clube.

Inicialmente, foi colocado nas pontas enquanto Zlatan Ibrahimovic jogava como centroavante e, após três de anos sem reclamar, Cavani finalmente teve a oportunidade de assumir a posição. Seus números no Napoli sugeriam que isso seria uma boa escolha. O uruguaio provou isso: marcou mais de um gol por jogo quando atuou como atacante central.

Tal foi a confiança que o PSG depositou no atacante, que o único substituto do uruguaio nesta temporada de 2018-19 foi o fraco Eric-Maxim Choupo-Moting, antes da contratação de Mauro Icardi nesta janela de verão, com o argentino tendo tanto sucesso que Cavani ficou praticamente esquecido no elenco.

O jogador de 32 anos, com apenas seis meses por cumprir em seu contrato, deixará o clube de forma pouco celebrada.

Uma saída tão triste é inapropriada para um jogador que foi capitão do PSG, sacrificou três anos de carreira jogando fora de posição e ainda assim sai como artilheiro recordista, tendo marcado 198 gols com a camisa do clube parisiense.

"É difícil pra um atleta não jogar, ainda mais quando você é o ídolo da torcida e toda vez que entra em campo, faz gols", afirmou Pedro Pauleta - que se viu em situação semelhante à de Cavani na temporada 2007-08 - em entrevista concedida ao site oficial da Ligue 1.

"Espero que tudo corra bem para o clube e para ele, porque ele merece terminar bem a sua carreira no PSG".

Pauleta PSG OMGetty

Mas enquanto o PSG parece ter concedido o desejo de Cavani de partir, não reflete bem no clube que um ídolo deste tamanho peça para sair.

"Não queremos perder o jogador, mas isso pode acontecer, essa é a realidade", explicou Tuchel na véspera da semifinal da Copa da Liga Francesa diante do Reims - partida que Cavani perderá oficialmente por causa de uma lesão na virilha. Boatos, entretanto, afirmam que o jogador estaria sendo poupado por conta de negociações em andamento.

"Não é uma situação fácil para ele. Eu consigo entender. Estou muito feliz por ele continuar sendo positivo e profissional", disse. "Se alguém se machucar, temos um reserva extraordinário."

E esse é o problema de Cavani: ele só será considerado para ser titular se Icardi não estiver disponível. Na mente de Tuchel, hoje o uruguaio é nada mais que um reserva de luxo.

Não é de admirar, então, sua reação: é normal que Cavani tenha se cansado de ser tratado como "mais um", ainda mais em uma equipe onde passou os melhores anos de sua carreira, atuando de forma magistral. Ter que pedir para ser negociado apenas seis meses antes do fim de seu contrato com o PSG é o insulto final.

Uma transferência para a Espanha, onde o Atlético de Madrid já fez uma proposta de cerca de 10 milhões de euros pelo futebol do centroavante, parece ser o destino mais lógico para o jogador.

O PSG está querendo mais dinheiro, claro, mas o desejo de Cavani de se transferir aos Colchoneros é compreensível. O uruguaio certamente seria titular no Atleti, e teria um fã muito importante: obviamente, considerando a personalidade do treinador, Diego Simeone vê a entrega do centroavante dentro de campo como algo inspirador para os outros atletas do time.

Mas Cavani tem outros fãs pela Europa: no Chelsea, Frank Lampard também falou muito bem do ex-atacante do Palermo: "Eu joguei contra ele e sempre gostei da sua mentalidade, da sua atitude e, claro, da quantidade de gols que ele marca. São números impressionantes"

Os Blues conversam com o PSG, mas, até agora, não fizeram uma proposta oficial por Cavani. Mas isso pode mudar, no entanto, com Tammy Abraham, centroavante titular do Chelsea, saindo machucado diante do Arsenal, nesta terça-feira, e com Olivier Giroud de saída.

Mas será que a situação de Cavani no clube londrino seria significativamente mais feliz do que aquela que o atacante vive no PSG? O uruguaio nunca jogou na Premier League e provavelmente teria mais dificuldade para se adaptar à Inglaterra do que à Espanha, devido à barreira linguística.

Edinson Cavani PSG 2019-20Getty Images

É uma posição infeliz para o jogador, sim, mas toda essa situação reflete mal, também, no PSG, disposto a deixar um dos seus maiores ídolos da era moderna sair do clube pela porta dos fundos.

Para um clube desesperado para ser considerado como um dos maiores da Europa, isso não é a maneira certa de agir em relação a um jogador que não tem sido nada além de um grande profissional nos últimos anos, dentro e fora de campo.

Todas as partes parecem estar dispostas a saírem frustradas na situação atual, principalmente o PSG, cujo status como superpotência europeia parece estar em risco nos próximos meses.

Neymar e Kylian Mbappé ambos são constantemente especulados na Espanha, enquanto Choupo-Moting está sem contrato e o clube ainda não tem nenhuma garantia da permanência de Icardi ao fim de seu contrato de empréstimo.

Leonardo, diretor de futebol do clube, ficou conhecido pelo seu bom senso no mercado de transferências, mas perder Cavani em circunstâncias tão desagradáveis ameaça ser o início de um desmantelamento no potente ataque que o PSG teve nos últimos anos.

Alguns até podem argumentar que é exatamente isso que um clube que trata os seus ídolos de forma tão desrespeitosa merece.

Não estariam errados.

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