A chegada das SAF’s ao futebol brasileiro representou, nos casos mais conhecidos, um sopro de ar fresco. A injeção de dinheiro e promessa de gestão profissional animou torcedores de clubes grandes, que voltaram a se permitir o sonho de algo melhor do que angustiantes batalhas contra rebaixamentos. Mas a fotografia deste início de temporada decepciona aqueles que estavam com altas expectativas.
Em 2022, John Textor chegou ao Botafogo fazendo grandes promessas. No mesmo ano, o Cruzeiro se acertou sob a administração de Ronaldo, o Fenômeno, e enfim conseguiu retornar à elite do nosso futebol. Agora em 2023 o Vasco, outro que após tentativas frustradas conseguiu voltar à Série A do Brasileirão, repaginou todo o seu futebol, com direito a algumas contratações milionárias feitas pelo grupo 777 Partners. Sob o guarda-chuva do City Football Group, o Bahia também entrou forte no mercado sob a promessa de protagonismo interno. Neste momento, contudo, nenhum destes gigantes vive boa fase.
Pior: todos já passaram por alguma crise neste início de temporada 2023. O Vasco da Gama, eliminado nos pênaltis pelo ABC, dentro de São Januário, pela segunda fase da Copa do Brasil, é o caso mais recente. O Cruz-maltino vinha animando seus torcedores, conseguiu vencer o arquirrival Flamengo pela primeira vez após três derrotas seguidas nos últimos anos, mas vê o Rubro-Negro com o favoritismo no confronto semifinal do Campeonato Carioca após ter sido derrotado por 2 a 1, de virada, no jogo de ida do estadual.
Daniel Ramalho/Vasco da Gama
BotafogoO Botafogo vem de vitória por 7 a 1 sobre o Brasiliense na Copa do Brasil, o seu resultado mais elástico na história da competição, mas ainda não passa confiança à torcida. A equipe, que terminou 2022 em viés de alta fazendo subir também as expectativas de um 2023 melhor, ficou de fora das semifinais do Carioca e precisa de reforços em posições diferentes. O técnico Luís Castro chegou a balançar no cargo, mas foi mantido. Com dificuldades financeiras causadas por diferentes interpretações envolvendo o pagamento de dívida do clube social na Lei da SAF, o Alvinegro atual é mais fraco que sua versão de um ano antes e parece suscetível a novas crises.
Cruzeiro ECJá o Cruzeiro nunca viu Ronaldo Fenômeno, dono da SAF celeste, prometendo mundos e fundos. O ex-atacante, inclusive, costuma ser bastante sincero ao afirmar que não vai fazer loucuras financeiras. Ok. Mas o desempenho inicial em 2023 não vem agradando os torcedores. Em nove partidas, o número de vitórias é o mesmo de empates e derrotas: três. Em caso de queda para o América, que saiu na frente na semifinal do Campeonato Mineiro, com vitória por 2 a 0, é possível imaginar os ânimos esquentando mais uma vez.
BahiaO Bahia “City” não apenas acumula insucessos, como a eliminação ainda na primeira fase da Copa do Nordeste, mas ainda foi goleado por 6 a 0 pelo Sport Recife no torneio regional antes de, pelo Campeonato Baiano, sofrer um revés de 4 a 0 para o Itabuna. Resultados assim já motivaram um daqueles protestos que a torcida tricolor imaginou que demoraria a voltar a ser notícia, depois que o Grupo City comprou a sua SAF.
O fator atenuante para torcedores de Bahia, Botafogo, Cruzeiro e Vasco é que a temporada ainda está em seu início e tem muita (mas muuuita!) coisa pela frente. As turbulências enfrentadas talvez tenham chegado para equilibrar as enormes expectativas destes torcedores nestes novos tempos de SAF. É daquelas lições que volta e meia reaparecem no futebol: independentemente de dinheiro ou estilo de jogo, ainda não há nada que seja garantia absoluta de títulos e vitórias.
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