Sombra de Jude Bellingham ou parceiro? Brahim Diaz vai merecendo seu espaço no Real Madrid

O Manchester City, em missão de sondagem na Espanha, pensou que havia conseguido o próximo David Silva. Na época, Brahim tinha 16 anos.

O tempo de Díaz em Manchester foi nitidamente confuso. Ele impressionou no time juvenil do City, desempenhando um papel vital para um time sub-23 que terminou em segundo lugar na Premier League juvenil. Houve rumores na academia do City de que eles tinham o substituto de Silva. Ainda assim, com o verdadeiro David Silva ainda se exibindo em Manchester e Kevin de Bruyne ocupando sua posição preferida, Brahim buscou mudança. Ele se recusou a assinar uma renovação de contrato e deixou claro que queria um novo começo. O Real Madrid foi o primeiro a agir, garantindo a contratação do jovem de 19 anos por 17,5 milhões de euros (R$ 93,8 milhões) em janeiro de 2019 - um bom negócio para o City, considerando que Brahim Diaz poderia sair de graça no meio do ano.

Apesar de imensamente promissor, o jovem atleta fez apenas nove partidas pela equipe de Pep Guardiola, marcando dois gols e nunca completando os 90 minutos.

Se na equipe do City era difícil de entrar, na do Real Madrid parecia impossível. Os merengues não jogavam com um camisa 10 no momento da chegada de Díaz, ao mesmo tempo, o 1 de Vinícius Jr na esquerda e a permanência de Luka Modric no meio fizeram com que o adolescente lutasse por alguns minutos. Ele ficou no banco por quase 18 meses, fazendo 21 partidas em todas as competições, aceitando breves participações ocasionais em jogos que não importavam.

O Milan percebeu seu potencial e ofereceu ao Real 1 milhão de euros (R$ 6,25 milhões) para trazer Brahim por empréstimo. Eles queriam a opção de compra, mas o time madrilenho recusou. Havia um jogador promissor ali em algum lugar. E Brahim Díaz mostrou o quão bom ele poderia ser. Um ano em Milão tornou-se três, com o meia-atacante funcionando como peça central num sistema fluido e expansivo. Finalmente, Brahim Diaz poderia operar como um número 10.

Em sua primeira temporada no clube, ele marcou quatro gols e deu três assistências em 15 partidas na Série A italiana, levando os rossoneri ao vice-campeonato. Seu bom desempenho levou o Milan a pagar 6,5 milhões de euros (R$ 34,8 milhões) para manter Brahim, desta vez em um empréstimo de dois anos. O acordo parecia beneficiar todas as partes. Diaz venceu a Série A em seu segundo ano, enquanto o Real Madrid recebeu quase 8 milhões de euros (R$ 42 milhões) em taxas de empréstimo por um jogador que adquiriu por pouco mais de 15 milhões de euros (R$ 80 milhões).

O regresso a Madrid sempre foi o objetivo. Segundo o The Athletic, a diretoria do clube merengue manteve contato constante e seu pai nunca se mudou para a Itália. Brahim pode ter adorado o Milan, mas o Real Madrid nunca saiu da sua mente.

O Real firmou seu compromisso com ele com uma lucrativa extensão de contrato acordada em fevereiro de 2023 – enquanto Díaz ainda jogava pelo Milan. Ele voltou ao clube no início da temporada 2023/24 bem mais experiente para brigar por uma vaga na equipe. A chegada de Bellingham, claro, complicou as coisas, mas a saída de Karim Benzema deixou o elenco de Ancelotti vulnerável no ataque. No mínimo, ainda havia espaço para Díaz ser um reserva impactante.

E ele aproveitou todas as oportunidades possíveis. Brahim Diaz marcou oito gols e assistiu três em 28 partidas nesta temporada. Ele parece se encaixar perfeitamente na formação de Ancelotti, atuando como número 10 ou no lado direito da formação. Bellingham, Vinícius, Rodrygo – Brahim Díaz fez as coisas acontecerem em conjunto com todos eles. O seu preço de 15 milhões de euros parece agora uma pechincha.

Sua principal missão, porém, tem sido substituir o jogador que deveria ser insubstituível. Não há como chegar perto de Bellingham - estatisticamente ou não. Ele é muito bom, muito impactante e muito lucrativo para qualquer um intervir. Díaz não tentou ser o novo Bellingham.

Em vez disso, ele ofereceu algo diferente: uma presença imprevisível e vibrante. Ele joga entre as linhas, procura ângulos bonitos e espaços apertados. O seu gol contra o Leipzig foi um exemplo perfeito.

Díaz só precisou de menos de 10 toques, do início ao fim. Ele recebeu a bola perto da linha lateral direita, girou em torno de um zagueiro, cortou para dentro e chutou no canto superior - tudo sem olhar para o gol. Foi um momento instintivo de brilhantismo, um excelente jogador de futebol criando algo do nada - e proporcionando o momento chave de uma vitória difícil por 1 a 0.

Resta a questão de como exatamente Brahim pode se encaixar neste lado. Até agora, ele tem sido o substituto ideal de Bellingham, o reserva perfeito para entrar na equipe quando estiver fora dos gramados. Metade de suas partidas ocorreram em jogos em que o astro inglês não esteve disponível. Ele forneceu cinco de suas 11 contribuições para gols como substituto de Bellingham.

A dupla começou apenas cinco jogos juntos e combinou para um gol - Díaz deu assistência a Bellingham para o primeiro do Real Madrid em um empate decepcionante com o Real Betis. No entanto, eles têm compartilhado consistentemente o campo nas últimas fases das competições. Díaz tende a ser uma das primeiras opções de Los Blancos fora do banco e substitui Rodrygo de forma consistente. Em curtos períodos, os dois funcionaram de forma eficaz.

É apenas a consistência de Rodrygo e a excelência de Vinícius que impedem o desenvolvimento da relação Bellingham-Brahim. Isso poderia, teoricamente, ser uma parceria benéfica – uma parceria que pode ser uma ameaça real. Porém, Díaz provavelmente nunca entrará na equipe à frente de duas das maiores estrelas do time.

E o que acontece agora com Brahim Diaz? O meia-atacante já provou seu valor no Milan e mostrou que pode ser um jogador de impacto em um nível ainda mais alto. De forma atípica para o Real, uma frieza poderia ser útil aqui. Díaz assinou um acordo que o manterá no clube até 2027. Ele fez isso com o entendimento de que sempre estará na sombra de Rodrygo e Vinícius - e terá que aceitar que a potencial chegada de Kylian Mbappé.

Ainda assim, os merengues precisarão de profundidade. Mbappé, caso chegue, não poderá jogar todos os jogos. Também não faria mal nenhum colocar Bellingham no banco, ou qualquer um dos pontas do Real Madrid de vez em quando. Aos 24 anos, com muito mais futebol pela frente, aceitar o papel de jogador rotativo pode não ser a pior ideia para Brahim.

Talvez, então, esta seja uma questão a ser revisitada daqui a dois anos. Afaste o zoom e a história de Brahim é a de um jogador de futebol imensamente promissor que se desenvolve de forma linear. Ele provou seu valor na adolescência, melhorou na Série A e conquistou seus minutos em um clube de elite. O desafio agora é manter esse nível, abrindo caminho para o que será uma equipe ofensiva ainda mais impressionante na próxima temporada.

Se, em 2026, Brahim for bom demais para sentar no banco ou se contentar com minutos ocasionais, talvez seja hora de procurar outro lugar. Por enquanto, porém, não há nada de errado em ser um substituto perfeito para um jogador sem o qual a maioria dos times entraria em colapso.