Parece modo carreira! Como o Wrexham, time de Ryan Reynolds e Rob McElhenney, conseguiu mais um acesso no Campeonato Inglês

O fato de o Wrexham ter conseguido garantir o acesso à terceira divisão é ainda mais impressionante se considerarmos o golpe amargo sofrido logo antes do início da atual campanha. Em seu penúltimo amistoso pré-temporada, contra o Manchester United, uma colisão com o goleiro Nathan Bishop deixou o astro Paul Mullin com um pulmão perfurado.

O golpe duro tirou Mullin dos seis primeiros jogos da temporada. E o retorno à forma foi demorado, com apenas quatro gols em suas primeiras 11 partidas. Uma grande diferença em relação às incríveis façanhas de artilharia nas duas temporadas anteriores. Felizmente, um novo herói surgiu na forma de Elliot Lee. Se um ano antes o ex-jogador do West Ham parecia uma espécie de estagiário de Mullin, na campanha atual ele ficou com todo o protagonismo.

No meio de setembro, Lee já havia feito sete gols, além de duas assistências, combinando seu sempre excelente trabalho no meio-campo com uma responsabilidade ofensiva muito constante. E ele não foi o único a se destacar enquanto Mullin não estava em seu melhor momento.

O veterano Steven Fletcher, contratado sem custos no início da temporada, foi um dos melhores atacantes da competição. Quase sempre saindo do banco de reservas, ele marcou gols cruciais em vitórias disputadas contra Notts County e Salford. Fletcher é, com certeza, um dos jogadores mais decisivos da quarta divisão. Já Ollie Palmer continuou a desempenhar um papel importante, ajudando a extrair o melhor de quem quer que tenha sido escalado ao seu lado no ataque.

Embora Paul Mullin tenha visto vários de seus antigos coadjuvantes sendo decisivos, depois que recuperou sua antiga forma o atacante seguiu a ser aqueles que todos já conheciam. É o grande artilheiro do clube no ano. O seu final de temporada é sublime.

Após uma sequência de sete jogos sem marcar gols - durante os quais ele passou um tempo muito raro no banco - o ídolo do time empilhou gols importantes e carregou sua equipe até o fim. Não é de admirar que McElhenney e Reynolds sejam grandes fãs do inglês.

Os astros de Hollywood donos do clube também estão orgulhosos pela eficácia da equipe de Parkinson em situações de bola parada. O técnico do Wrexham sempre buscou aproveitar ao máximo essas oportunidades, com os longos lançamentos de Ben Tozer causando todo tipo de problemas um ano antes.

E mesmo com Tozer perdendo parte da temporada por lesão, a eficiência dos Red Dragons nessas situações continuou. Apenas duas equipes da League Two - Stockport e Walsall - marcaram mais gols de bola parada nesta campanha.

Vários jogadores causaram problemas na área adversária nesta temporada, com Will Boyle liderando o grupo com seus quatro gols. Luke Young, Mullin, George Evans e James McClean também merecem nestes lances.

Nem tudo foram flores, é claro, e a equipe de Parkinson sofreu cinco gols contra MK Dons, Stockport e Swindon. Mas conforme a temporada avançou, houve uma melhora clara nesse aspecto. Além de se tornarem mais sólidos, os Red Dragons também se tornaram mais eficientes ao recuperarem a bola mais à frente no campo. Poucos times foram tão eficientes neste quesito.

É claro que a segurança defensiva do Wrexham não seria a mesma se não fosse o goleiro Arthur Okonkwo. Emprestado pelo Arsenal no último dia da janela de transferências, sua chegada foi necessária devido à aposentadoria surpresa do titular da última temporada, Foster, após apenas alguns jogos.

Okonkwo teve que ser paciente no início, enquanto ainda ficava no banco de reservas. Mas depois de impressionar em uma vitória na EFL Trophy sobre o Newcastle Sub-21, Okonkwo começou contra o Crewe Alexandra e não largou a camisa número um desde então. O Wrexham estará desesperado para contratá-lo, mas a missão não será nada fácil.

O que pode convencer Okonkwo a assinar é a incrível atmosfera que passou a cercar o Wrexham. A torcida não para nem um segundo nas arquibancadas. Não é surpresa que a média de público nos jogos fora de casa do Wrexham nesta temporada tenha sido a mais alta da divisão. Quando os Red Dragons chegam, o estádio fica cheio. É simples assim. Conseguir ingressos tem sido quase impossível há algum tempo.

É evidente que essa atmosfera fervorosa no norte do País de Gales e fora de casa ajudou o Wrexham em sua missão dentro de campo. E o maior exemplo disso aconteceu na terceira rodada da Copa da Inglaterra, contra o Shrewsbury Town. Foi um jogo repleto de significado, com o Wrexham retornando ao local de seu pior rebaixamento 15 anos antes. Os Red Dragons garantiram uma vitória fantástica por 1 a 0 e a participação dos torcedores foi muito exaltada.

"É um dia que eles mereciam", disse p técnico Phil Parkinson ao final do jogo. "Há 15 anos, quando perdemos nosso status de time profissional, perdemos um jogo aqui contra o Shrewsbury que foi muito prejudicial. E é ótimo para nossos torcedores irem para casa felizes hoje - não apenas os que estão aqui, mas os que estão assistindo pela TV."

Comentários como esse só ajudaram a fortalecer o vínculo entre esta equipe especial e seus torcedores.

Nenhum clube jamais conseguiu três acessos consecutivos na pirâmide do Campeonato Inglês, mas se alguma equipe for capaz de mudar essa tendência, é o Wrexham. Quem sabe? Agora é hora de trabalhar para voltar a disputar a segunda divisão, coisa que não acontece para o Wrexham desde 1982.