Moisés Caicedo e Enzo Fernández: a dupla de 220 milhões de libras segue devendo no Chelsea

Caicedo, em particular, parece ter sentido o peso de sua transferência para a Inglaterra, e é difícil culpá-lo. Mal jogou na pré-temporada, com Roberto De Zerbi efetivamente o deixando de lado no Brighton enquanto Chelsea e Liverpool disputavam sua contratação, o jogador de 22 anos claramente estava fora de forma e teve de se adaptar novamente.

Ele cometeu um pênalti em sua estreia contra o West Ham e falhou no gol da vitória do Nottingham Forest em Stamford Bridge dois jogos depois. Em meio a um começo abaixo do esperado dos Blues, Pochettino seguiu dependendo do atleta mesmo estando fora de forma.

Gradativamente, porém, ele parecia estar se encontrando e parecia que algo melhor viria em fevereiro e março. Ele disse à ESPN Argentina na época: "No começo foi difícil para mim. Não estava gostando porque sentia um pouco de pressão pelo que custei e porque a equipe não estava indo bem. Agora estou fazendo isso, acho que nesta segunda parte da Premier League estou fazendo isso, estou gostando. É muito importante para um jogador fazer seu trabalho e aproveitá-lo porque é para isso que ele trabalha. Posso dizer que em cada jogo me sinto mais confiante, ajudando a equipe e me sentindo feliz."

No entanto, em meio à estranha sequência do Chelsea, em que eles não conseguiram vencer Brentford, Burnley e Sheffield United, mas garantiram resultados respeitáveis contra Manchester City, Newcastle e Manchester United, dificuldades voltaram a surgir em meio a algumas performances caóticas no geral, incluindo uma entrega para Alejandro Garnacho que levou à reação inicial do United.

Ao longo da temporada, ele mostrou imprudência, também, recebendo 12 cartões em todas as competições, e ele poderia ter prejudicado sua equipe em certas situações com um árbitro menos tolerante. Ainda é cedo para falar sobre sua carreira nos Blues, mas até agora ele não tem sido o dominador de meio de campos que a torcida acreditava que seria.

Fernández, enquanto isso, tem sido um dos jogadores mais consistentes do Chelsea, conquistando a admiração da torcida dos Blues através de sua qualidade, mesmo quando os resultados estão aquém das expectativas. O argentino tem feito o melhor para ditar o ritmo dos jogos, embora não haja dúvida de que ele não atingiu o nível que muitos esperariam.

Ele começou a temporada em alto nível, apresentando uma performance excelente contra o Liverpool, com qualidades que persuadiram os londrinos a tentarem desembolsar uma quantia considerável para contratá-lo oito meses antes. Ele também parecia em boa forma física, com a condição dos jogadores sendo um dos problemas que assolaram os antecessores de Pochettino, Frank Lampard e Graham Potter, no final de 2022-23.

Porém, não há dúvida de que ele diminuiu o ritmo nos meses seguintes, em uma temporada que se tornou mais um problema para o Chelsea. Apesar de raramente ter deixado de render, seu preço significa que suas performances estão em queda constante, e sua partida sem brilho no empate com o Sheffield United foi destacada.

Contra os Blades na última vez, o hermano perdeu a bola 23 vezes contra o pior time da Premier League, terminou com menos de 80% de precisão nos passes e venceu apenas um duelo dos 10 em que se envolveu. Essas estatísticas não são representativas de um dos meio-campistas mais caros do planeta, mas qual é a causa?

O próprio jogador reconheceu suas dificuldades, dizendo em uma entrevista interna na semana passada: "Estou tentando chegar lá, à versão de mim que você viu na Copa do Mundo. Quero me sentir como aquele Enzo, que estava jogando na Copa do Mundo. Quero voltar lá.”

"Me sinto bem, melhorando a cada dia, mas ainda não me sinto 100%. Ainda estou me adaptando e ainda não me sinto totalmente eu mesmo, mas estou tentando chegar lá o mais rápido possível e trabalhando duro todos os dias para isso”, continuou.

"Os primeiros seis meses foram difíceis para mim. Achei difícil me adaptar, mas agora me sinto muito mais preparado do que no início. Estou aproveitando muito. Talvez pessoalmente eu ainda não esteja 100% e não sinta que mostrei todo o meu potencial, mas além disso, adoro estar em um clube tão grande como o Chelsea, curtindo a Premier League todo fim de semana com os torcedores tão apaixonados. Adoro estar aqui." concluiu.

Do ponto de vista de Pochettino, é a expectativa que se torna inimiga. Ele pode ter um ponto válido; poucos jogadores mundo corresponderiam um valor de mercado acima de £100 milhões (R$646 milhões), e embora Jude Bellingham esteja fazendo parecer possível em Madrid, Caicedo e Fernández têm enfrentado uma missão complicada em Londres.

Falando sobre a dupla em uma recente coletiva de imprensa, Pochettino disse: "Sim, sempre se trata de tempo para jogar juntos, se conhecer, se ajudar e depois o resto da equipe. Eles estão jogando muito... Estamos felizes com a evolução.”

"O problema é que, como sempre no Chelsea, há uma expectativa desde o primeiro dia de que precisamos nos apresentar e vencer jogos. Acho que, sob nossa opinião, nosso julgamento, eles estão melhorando e estamos felizes que isso esteja acontecendo."

Transições realmente levam um tempo, e deve haver um alívio entre clube e diretoria de que os torcedores têm apoiado Fernandez e - em menor medida - Caicedo, faça chuva ou faça sol. Apesar de sua má sorte ser motivo de piada dos torcedores adversários, que acreditam que o Chelsea desperdiçou seu dinheiro mais uma vez, talvez seja cedo demais para julgá-los, mas isso será o tempo que definirá.

O problema principal nesta temporada, no entanto, é que Caicedo e Fernandez jogaram muitos minutos e se desgastaram, com o Chelsea carente de alternativas como resultado de lesões. De maneira preocupante, Pochettino disse em várias ocasiões que os escalou mesmo estando exaustos.

Em entrevista após o empate por 2 a 2 com o Brentford, que resultou no treinador sendo bombardeado com cânticos de 'vaza, Mauricio' de seus próprios torcedores, ele declarou: "Precisávamos fornecer ao meio de campo a possibilidade de não cobrir uma distância muito grande. Acho que Enzo, Caicedo e Conor Gallagher tiveram que começar, mas estavam realmente, realmente cansados."

Após o jogo anterior contra o Leeds, ele havia dito: "Acho que estamos com um elenco um pouco mais curto. Porque temos um grande elenco, mas no momento há sempre 10-12 jogadores lesionados, e olha, Enzo e Moi Caicedo, eles estão jogando e jogando e jogando. Não temos jogadores que possamos substituir e dar-lhes descanso. Eu sei que talvez tenha sido uma surpresa com as mudanças, mas foi porque precisávamos dar descanso."

Enzo iniciou como titular em todas as partidas da Premier League, exceto em cinco, enquanto ainda se encaixa perfeitamente ao futebol inglês, depois de dar um salto do futebol português à Premier League em janeiro de 2023. A última temporada, é claro, foi um sucesso na Copa do Mundo para ele. Caicedo tem estado igualmente ocupado, enquanto se aproxima do número total de minutos que jogou na temporada passada, com seis semanas ainda por vir. Ambos são frequentemente obrigados a jogar os 90 minutos completos das partidas, com o jogador emprestado Cesare Casadei sendo a única alternativa apta no meio de campo.

Também houve outros fatores que contribuíram para a forma abaixo do esperado dos meio-campistas. Não há dúvida de que, às vezes, ambos foram arrastados pela falta de forma e confiança da equipe, com as áreas centrais dos Blues sendo dominadas em diferentes partes do jogo.

Caicedo ingressou em uma equipe que provavelmente sofreria uma ressaca após o pesadelo de 2022-23, e ele nunca teve um período de adaptação. Seus problemas de condicionamento físico significavam que ele foi usado após uma pré-temporada limitada e, talvez inevitavelmente, teve um início muito difícil. Embora Fernández tenha sido mais consistente, ele lutou para ser o homem que levaria o Chelsea à vitória nos momentos mais difíceis, depois de se juntar ao clube pouco antes de sua temporada decair em 2023.

O futebol internacional também não ajudou nenhum dos jogadores. Com Caicedo e Fernández originários do Equador e da Argentina, respectivamente, ambos regularmente voaram para o outro lado do mundo para representar seus países nas diversas pausas internacionais nesta temporada, antes de voltar ao Chelsea e ter que jogar alguns dias depois.

Na pausa mais recente, ambos começaram amistosos de meio de semana nos Estados Unidos antes de serem escalados para o time titular do Chelsea no fim de semana no empate com o Burnley. Não há dúvida de que foi prejudicial ter dois jogadores no meio de campo que estão cansados após a Data FIFA.

Mais cedo nesta temporada, Pochettino afirmou: "É loucura para os jogadores voltarem da América do Sul na quarta-feira e jogarem no sábado. Mas se eu disser 'OK, vou dar a eles um descanso', vocês vão me matar, com certeza, se eles não jogarem - e o dono também! Caicedo e Enzo chegaram depois de dois jogos na América e não estavam frescos. Mas eles são peças importantes para nós. É realmente difícil chegar assim."

É claro que o Chelsea nunca deveria estar contando tanto com a dupla sul-americana nesta temporada, com o homem contratado para completar o meio de campo efetivamente ausente durante todo o período.

Quatro dias depois de tirar Caicedo do Liverpool, os Blues venceram os Reds novamente ao conseguirem Romeo Lavia, então com 19 anos, do Southampton em um acordo de £58 milhões (R$374 milhões). Isso foi visto como uma bela cartada na época, mas as fortunas dos dois times têm sido completamente diferentes desde então, enquanto as jogadas ousadas do lado de Anfield por nomes alternativos têm dado frutos mais generosos.

As coisas teriam sido diferentes para o Chelsea se Lavia já estivesse em forma. O belga chegou com uma lesão antes de ter um outro problema durante sua recuperação que o deixou de fora até o fim do ano. Então, em sua estreia contra o Crystal Palace, ele sofreu mais uma lesão complexa na coxa que encerrou sua temporada após apenas 32 minutos de ação.

Não há dúvida de que o garoto teria sido uma parte importante dos planos do Chelsea nesta temporada, potencialmente até mesmo podendo ser titular. Uma vez em forma novamente, ele certamente se sentirá como uma nova contratação, e ele pode ser o parceiro perfeito para Caicedo e Fernández como um volante refinado com a bola nos pés, talvez mais adequado a um papel ao lado do primeiro, com o mais avançado em uma posição mais à frente deles. Com 22 (Caicedo), 23 (Fernandez) e 20 (Lavia) anos respectivamente, este sempre foi um meio-campo para o futuro, não apenas para o presente.