Enquanto a seleção brasileira vive uma grande crise interna -- com a disputa da Copa América no Brasil em meio ao recrudescimento da pandemia e com o afastamento de Rogério Caboclo da presidência da CBF -- surgiu a notícia de que o presidente da República, Jair Bolsonaro, estaria se movimentando para substituir o técnico Tite. Mas o governo federal pode interferir na seleção nacional? O que diz a Fifa sobre isso e o que poderia acontecer com a CBF neste caso?
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Após a surpreendente notícia de que o Brasil seria a sede da Copa América, em meio ao aumento do número de casos da Covid-19 no país, alguns jogadores e o técnico Tite se mostraram desconfortáveis em disputar a competição em meio ao cenário atual.
Contudo, mesmo após diversas críticas, o presidente Jair Bolsonaro bancou mais de uma vez a disputa da competição em território nacional. O chefe do Executivo considera a realização da Copa América no Brasil uma vitória política, principalmente em meio ao contexto da CPI da Covid, que está em andamento no Senado para investigar possíveis omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia.
E é neste sentido que a posição de Tite e seus jogadores preocupa o presidente da República, que estaria interessado em substituir o técnico da seleção por Renato Gaúcho, que está sem clube desde que deixou o Grêmio.
Inclusive, segundo o GE, Rogério Caboclo havia prometido ao líder do Planalto a troca de Tite já na próxima terça-feira (08), data em que o Brasil faz sua última partida antes do início da Copa América. Contudo, o dirigente foi afastado da presidência da CBF, conforme divulgado inicialmente por GE e Uol e posteriormente confirmado pela entidade.
Mas o governo federal pode intervir na seleção? E o que pode acontecer com a CBF neste caso?
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A resposta para a primeira pergunta é simples: não. O estatuto da Fifa, nos artigos 14 e 19, dispõe sobre a independência e autonomia das federações nacionais em atuar e tomar decisões sem qualquer tipo de interferência externa, incluindo o governo federal e o presidente da República.
O descumprimento do estatuto pode levar à suspensão e até expulsão das federações, e outras seleções já foram punidas pela Fifa por esse tipo de intervenção.
Contudo, é importante destacar que uma punição à CBF só seria possível caso a interferência externa fosse de fato comprovada. O presidente da CBF tem total autonomia para demitir Tite ou trocar de treinador da maneira que bem entender, mesmo que essa medida seja tomada para agradar a terceiros.
Assim, a punição só se configura caso a interferência fosse de fato comprovada, para se enquadrar dentro do estatuto da Fifa.
