O futebol feminino vem quebrando recordes ao redor do mundo de uma forma consistente pelo menos desde 2019, com a Copa do Mundo da França. São novos números de audiência, de público nos estádios, de jogadoras, de valores de transferências - isso com uma pandemia no meio do caminho.
Ainda assim, em alguns lugares a gente vê o avanço acontecendo de forma mais rápida do que em outros. O trabalho do Barcelona de engajar a torcida foi incrível, mas não só: a partida atraiu milhões de pessoas, que fizeram questão de ligar a TV, computador ou celular para acompanhar a partida. Os outros jogos da Champions League feminina também tiveram seus destaques, como o PSG, que conseguiu o recorde de público de um jogo das mulheres no Parc des Princes.
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Nunca vou deixar de apontar que, no Brasil, o futebol feminino tem se estruturado e ganhado mais apoio há menos tempo que em vários outros países. Apesar de vermos mais e mais pessoas nas arquibancadas e assistindo aos jogos pela TV ou internet, ainda há muito a ser feito.
No fim de 2021, a torcida do Corinthians encheu as arquibancadas da Arena em Itaquera para a final do Campeonato Paulista. Foram mais de 30 mil pessoas torcendo pela principal equipe da modalidade no Brasil. No entanto, estes casos - assim como na Europa - são pontuais, e não refletem a realidade do dia a dia. Por exemplo, a maior parte dos jogos ainda é disputada em estádios secundários, com acesso mais difícil e menor estrutura.
Antes que alguém reclame, é óbvio que não dá para comparar os números do futebol feminino no Brasil e na Espanha, em um clássico entre Barcelona e Real Madrid, pela Champions League, em um dos maiores estádios do mundo. Esse não é o ponto.
O meu ponto é: como esperar essa evolução se ainda há pouco trabalho de convite, de quase de recrutamento de torcedores, por parte dos clubes e da CBF? As lacunas, na maior parte das vezes, são preenchidas por torcedores e jornalistas da mídia independente, que fazem questão de divulgar a modalidade. Mas é difícil ver uma convocatória para que a torcida que acompanha o futebol masculino se envolva, também, com o feminino.
Pelo contrário. É comum, ao questionar um clube sobre o seu investimento na modalidade, receber críticas dos próprios torcedores. “O clube não tem dinheiro”, “não tem verba para isso”, “precisa primeiro se preocupar com o masculino, que é quem dá dinheiro para depoooois investir nas mulheres”. Se o debate já começa com essa barreira, como superá-la?
Enquanto os clubes e as entidades (como federações, CBF e Conmebol) não assumirem este papel de tentar atrair o público, ainda teremos muita dificuldade em avançar com o futebol feminino. Seja promovendo transmissões de qualidade, seja dando estrutura e acesso aos estádios ou apenas fazendo um trabalho direcionado nas redes sociais. Atrair e reter os fãs de futebol é um trabalho constante, que precisa ser desenvolvido com cuidado. Só assim teremos mais e mais recordes sendo quebrados, investimentos crescendo e o desenvolvimento da modalidade como um todo.
Ahhh, e em tempo: nos próximos dias, teremos seleção brasileira principal em campo. Os jogos contra a Espanha e Hungria serão transmitidos pelo SporTV. Brasil x Espanha será realizado no dia 7 de abril, às 15h, enquanto Brasil x Hungria acontece às 15h30. Todos os horários são de Brasília. É ano de Copa América, ano que vem tem Copa do Mundo, e é o momento certo para acompanhar!
