A Federação Italiana de Futebol anunciou nesta terça-feira (26) que, a partir da temporada 2022-23, a Serie A feminina será oficialmente profissional. Após cerca de dois anos de negociações e debates sobre a estrutura, o novo modelo vai entrar em vigor no dia 1º de julho de 2022.
De acordo com o Conselho Federal, o processo é "definitivo". Carolina Morace, ex-treinadora das seleções da Itália e do Canadá e atual comandante da Lazio, dá crédito também às movimentações parecidas que acontecem ao redor do mundo. Cada vez mais países têm atribuído caráter profissional à modalidade como resposta ao aumento da visibilidade e de interesse do público.
“Esse não é um objetivo, mas sim um objetivo inicial. É positivo. São tantos exemplos na Europa. Não somos os primeiros. E 90 mil espectadores em Barcelona nos disseram que há interesse no futebol feminino, ainda que em países latinos como a Espanha e a Itália”, afirmou.
O movimento de profissionalização do futebol feminino não é único na Europa. O Brasil, por exemplo, considera o futebol feminino um esporte profissional, embora ainda haja equipes que têm atletas com vínculos não-profissionais. De acordo com o guia da edição 2022 do Brasileirão Feminino (ver imagem abaixo), produzido pelo Planeta Futebol Feminino, nove das 16 equipes têm vínculos profissionais (CLT) com as suas atletas. Duas equipes (Flamengo e Palmeiras) são semi-profissionais. Já Cruzeiro, São José, ESMAC, Avaí/Kindermann e Cresspom são amadoras.

Uma profissionalização e regulamentação do futebol feminino traz garantias de calendário, condições mínimas de estrutura, bola, vestiários, uniformes, salários e direitos trabalhistas. Estes processos ajudam a garantir que a modalidade siga crescendo, sem perder os avanços conquistados com muito suor e luta nas décadas passadas. E isso é fundamental para que, com mudanças de gestão, não haja um corte brusco de recursos que inviabilize a prática.
A Espanha, principal exemplo de crescimento atual do futebol feminino com públicos-recorde no Camp Nou pela Champions League feminina, também terá uma liga profissional a partir da próxima temporada. Em março, foram aprovados os estatutos responsáveis por gerir esta nova etapa da Liga.
Nos Estados Unidos, país conhecido por ser um dos principais mercados da modalidade e com uma seleção nacional multicampeã, inicia neste fim de semana a sua nona temporada da NWSL, liga de futebol profissional. Antes da NWSL, no entanto, o país contava com a Women's Professional Soccer, que também era profissional e durou de 2009 a 2012. Antes disso, a elite do futebol feminino no país foi gerida pela Women's United Soccer Association (WUSA), a primeira liga do mundo em que mulheres eram pagas profissionalmente para jogar, fundada em 2000.
Na América do Sul, a Argentina é exemplo da luta das jogadoras pela profissionalização, oficializada em 2019. A Câmara dos Deputados do Chile aprovou um projeto de lei em março de 2022 que exige um contrato e salário para as jogadoras. Em outros países como Uruguai, Paraguai, Peru, Equador e Colômbia, já há processos em andamento para garantir que a modalidade seja elevada ao status de profissional localmente.
É um primeiro passo de um movimento que começou há décadas, mas só agora encontra uma consolidação. E com grandes torneios a caminho, como Copa América, Euro e Copa do Mundo, a expectativa é de que a pressão aumente para que outros países também avancem neste processo. Garantir que o futebol feminino seja profissional é dar à modalidade as condições necessárias para que ela se desenvolva cada vez mais.
