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Messi, Mbappé, Kane... Que Neymar ressurge no mata-mata dos craques?

A seleção brasileira reestreia seus titulares nas oitavas de final da Copa do Mundo inspirada pela França, que também descansou seus destaques, perdeu e voltou com a autoridade de campeã do mundo, pela Inglaterra, que no mata-mata recuperou sua qualidade mostrada na estreia, e pela Holanda, que subiu seu nível no início da fase eliminatória e venceu bem, em grande atuação de suas estrelas.

A Argentina, que vem jogando a sobrevivência desde a segunda rodada, seguiu o padrão da primeira metade desta fase, onde todas a favoritas abriram pelo menos dois gols de vantagem, e isso não significa que os duelos tenham sido todo o tempo tranquilos, não, teve sufoco australiano no fim, chance senegalesa e norte-americana de começo, por exemplo, mas depois foi retomada uma certa normalidade, com domínio dos grandes.

Memphis aos 10, Messi aos 35, Giroud aos 44 e Henderson aos 38 minutos do primeiro tempo, cada um de seu jeito, marcaram para destravar os jogos ainda antes do intervalo, e o Brasil segue na busca de um gol que aconteça com menos de uma hora de jogo, já que mesmo criando um bom número de chances contra Sérvia e Suíça levou tempo demais para quebrar a tensão com Richarlison, primeiro, e Casemiro, depois. Os reservas, contra Camarões, nem isso.

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Neymar(C)Getty Images

Neymar está de volta, sabe-se lá por quanto tempo de jogo, e com isso o time ganha seu representante mais capaz de abrir defesas, em parte pela própria capacidade técnica, de bagunçar um sistema rival com um simples tapa na frente do volante, e muito também por atrair marcadores e liberar espaços em sua volta indireta e imediatamente. Ficou evidente como Vinicius Junior e Paquetá estiveram mais apertados contra os suíços, sem a referência por perto.

Toda vez que um jogador volta de lesão no meio de uma Copa do Mundo, é evidente que sua recuperação acabou acelerada pela importância e pela duração do torneio. Neymar ainda tem dores para firmar o pé direito após o trauma no tornozelo, e com a bola rolando vai precisar entender se isso vai trazer uma possível fragilidade ou insegurança para tocar na bola e mesmo numa troca rápida de direção, além das novas pancadas que irá receber dos marcadores.

Ele é o melhor jogador da seleção desde 2010 porque joga do jeito que sabe jogar, segurando a bola e partindo para o confronto pessoal, e aqui não se trata de um clamor por uma mudança de estilo, longe disso, mas tem sido insustentável levar nove faltas por jogo como na estreia, a maioria delas sempre por baixo e com o bote do defensor mirando o que vier pela frente, ou a tal força excessiva, para usar o jargão dos comentaristas de arbitragem. É do jogo dele, faz parte e é ótimo, mas ele precisa remediar, porque é recorrente e tem tirado semanas essenciais de sua carreira.

20221118 Lionel Messi NeymarGetty Images

Se Neymar conseguir um jogo que lembre, mesmo num lampejo isolado, o que jogaram Messi, Mbappé e Harry Kane no final de semana, é difícil imaginar o Brasil fora da Copa. Eles pegaram suas melhores características e alcançaram a excelência como nos seus maiores momentos, provavelmente entregando suas mais bem acabadas atuações em Mundiais até aqui, o primeiro já na sua quinta edição, os outros pela segunda vez. O camisa 10 brasileiro não está 100%, é verdade, e nem se sabe ao certo se suportará e por quantos minutos, mas Vinicius Junior, Rodrygo e companhia à parte é Neymar quem ainda tem mais capacidade de elevar o jogo e estar à altura desses grandes nomes do Qatar até aqui. Os meninos podem superá-lo a partir de agora, claro.

Depois da pandemia e tantos grandes jogos de futebol e momentos privados do encontro social dentro e fora das arquibancadas, tem sido um suspiro de vida ver as ruas tomadas para os jogos do Brasil. Um verdadeiro Carnaval em plena segunda-feira, tão perto do último, na sexta, de ruas fechadas, música e churrasco na calçada e tantos encontros que só o Mundial é capaz de oferecer. Torcer para a seleção brasileira ainda é uma questão meio confusa, crítica, atravessada por tanta coisa, numa identidade que os brasileiros não chegam num acordo uniforme, mas entre fanáticos, simpatizantes, curiosos, secadores e foliões, entre camisas amarelas convictas e outras nem tanto, a bagunça está um barato.

Kylian Mbappé é o melhor jogador da Copa do Mundo passados 52 dos 64 jogos, sendo no maior palco, de novo, mais letal do que já o fez nas grandes decisões de Champions League em seu clube. Melhor para a gente e para o Mundial. Antoine Griezmann, com a indelicadeza de chamá-lo de coadjuvante, tem sido o apoiador ideal, outro que parece ter guardado para o Qatar um refinamento técnico, tático e mental que pouco se viu nos seus últimos anos de futebol europeu.

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