A realidade financeira do futebol brasileiro ainda delimita um papel muito claro para o país em um âmbito global: o de exportador de jogadores jovens. Até o poderoso Flamengo, campeão brasileiro e da Libertadores, não foge deste rótulo.
A venda do talentoso meia Reinier para o Real Madrid exemplifica isso. Com apenas 17 anos, o jovem não completou nem um ano de profissional pelo Rubro-Negro e já está indo embroa. Veja bem: nem mesmo o Flamengo, com uma multidão de torcedores e R$ 900 milhões de receita, consegue segurar suas promessas.
E Jorge Jesus também compartilha dessa opinião. Em entrevista à CMTV, canal português, o treinador do Flamengo deu sua opinião sobre a venda de Reinier.
"O Flamengo, pela marca mundial que tem, ainda não sabe... não é bem expor a sua marca, não sabe valorizar a sua marca. Um jogador como o Reinier não pode ser vendido por 30 milhões de euros", falou Jesus.
Reinier é um jogador que, com 17 anos, tende a ganhar cada vez mais espaço na seleção brasileira. Com seu potencial (se conseguir manter sua trajetória), deve chegar até o grupo comandado por Tite em um curto de espaço de tempo. Manter um jogador como esse no elenco poderia atrair mais olhares para o Flamengo e valorizar a marca do clube no exterior.
Alexandre Vidal/Flamengo/DivulgaçãoPorém, para isso, não basta só querer. Um trabalho precisa ser feito para convencer promessas como Reinier que permanecer jogando no Brasil é uma opção, sim. E é aí que treinadores como Jorge Jesus (que já estiveram no melhor dos dois mundos) podem atuar, criando estruturas para conseguir aprimorar jogadores em solo brasileiro.
Num mundo globalizado como hoje, é irreal tentar imaginar que os melhores jogadores brasileiros só jogarão no Brasil. Nem mesmo a Premier League, principal competição nacional do planeta, consegue manter todos os seus jovens (é só ver Jadon Sancho no Borussia Dortmund).
No entanto, com um pouco mais de cuidado e trabalho, tanto da CBF, quanto dos grandes clubes do Brasil, podemos pensar numa liga mais forte e recheada com mais jogadores de qualidade.
Em uma realidade alternativa, talvez Lucas Paquetá ainda poderia estar brilhando no Mengão, os dois pontas do São Paulo fossem David Neres e Lucas Moura, Fabinho comandasse o meio de campo do Fluminense e Neymar brilhasse no Santos. Quem sabe? Afinal, como um dia cantou a Mocidade, sonhar não custa nada.
